Red Bull estabelece o ritmo no primeiro dia de testes
Início da pré-temporada mostrou as equipas a testarem e a procurar resolver os problemas dos novos carros; Max Verstappen foi o mais rápido e o que mais voltas fez; Rivais mostraram abordagens diferentes; Williams foi a única com problemas de fiabilidade no monolugar
Passados quase dois meses, a Fórmula 1 está de volta com os habituais testes de pré-temporada, também no circuito internacional de Bahrein, em Sakhir. Tal como aconteceu na primeira sessão de 2023, Max Verstappen (Red Bull) registou o tempo mais rápido do dia (1.31,344 m), seguido de Lando Norris, da McLaren (+1,140 s), e Carlos Sainz da Ferrari (1,240 s).
Mas pouco se pode dizer sobre quem está melhor ou quem deu boas indicações se olharmos apenas para a tabela de tempos. Importa também especificar o número de voltas feitas.
Com apenas três dias para pôr à prova os novos monolugares – e com os pilotos a repartirem o tempo disponível, reduzindo ainda mais a experiência que podem arrecadar com o protótipo -, as equipas focam-se em perceber se o carro se comporta tal como as simulações virtuais o previram, mas de forma igualmente importante, esforçam-se para compreender se há algum problema de fiabilidade com o mesmo. E mesmo que o neerlandês tenha sido o mais rápido, é impossível dizer se a quantidade de combustível era baixa o suficiente para explicar a diferença de mais de um segundo para o segundo.
Fotografia dos novos pontões laterais da Red Bull:
Ainda assim, os sinais que o construtor sediado em Milton Keynes deu são definitivamente positivos, especialmente porque o tempo estabelecido pelo campeão foi feito já durante a noite, aproximando-se das condições que se vão verificar no Grande Prémio de Bahrein, que se realiza entre 29 de fevereiro e 2 de março.
A volta mais rápida de Max Verstappen por setores:
A Red Bull foi a última a apresentar o monolugar para 2024, o RB20, mas foi a que mais expetativa criou na vinda para os testes. Depois de uma das temporadas mais dominantes na história da Fórmula 1, os rivais adotaram alguns conceitos desta equipa, especificamente no comportamento aerodinâmico do carro. No entanto, apesar do inigualável sucesso, Christian Horner e companhia surpreenderam ao mostrar um protótipo completamente diferente neste aspeto e que se assemelha à filosofia que a Mercedes adotou em 2023, com pontões laterais (sidepods) quase inexistentes – precisamente um conceito que o construtor germânico abandonou para se aproximar do da Red Bull.
«Ficou claro para nós que todos os outros copiariam nosso carro do ano passado e se tivéssemos continuado nessa linha ficaríamos vulneráveis», explicou Adrian Newey, engenheiro-chefe do construtor.
Desta forma, o dia de hoje foi muito importante para perceber se o fluxo de ar do RB20 corresponde ao que o túnel de vento simulou, mas acima de tudo, averiguar se o carro tinha o mesmo problema do W14, um excesso de arrastamento que tornava o carro mais lento.
Com sensores aerodinâmicos instalados e tinta «flow-vis» que procura mostrar o fluxo de ar na máquina, o tricampeão mundial não só foi o mais rápido, como também foi o que mais voltas deu no circuito internacional de Bahrein, com 142 – Sergio Pérez só assume funções na quinta-feira. Mais impressionante ainda foi o facto de o piloto ter-se mostrado confortável com o carro.
E os rivais?
Na esperança de alcançar a Red Bull na luta pelos Mundiais de Piloto e Construtor, Ferrari, McLaren, Mercedes e até Aston Martin apostaram na evolução dos respetivos carros.
A Scuderia, que teve como um dos principais problemas da época transata a «imprevisibilidade» do carro, procurou experimentar com a configuração do mesmo levando a que Leclerc tivesse alguns momentos de descontrolo. Ainda assim, o espanhol foi o terceiro mais veloz e circulou a pista 69 vezes, ao passo que o monegasco fez outras 64.
Na Mercedes, George Russell foi o único piloto a guiar o W15 neste primeiro dia de testes de pré-temporada, mas o britânico e a equipa focaram-se em recolher o máximo de informação e isso explica-se pelo facto de o construtor germânico ter apresentado problemas de correlação de dados entre o que o simulador apontava e o que na verdade acontecia. Desta forma, o inglês foi 12.º, a 2,7 segundos de Verstappen, mas foi o segundo que mais voltas fez, com 121.
Relativamente à McLaren, Norris foi segundo, teve apenas uma travagem mais brusca na curva mais apertada do circuito, mas para além da segunda posição, juntou 72 voltas às 57 de Oscar Piastri, que apontou o 9.º melhor tempo.
Na Aston Martin, a expetativa é de voltar a exibir a mesma competitividade que demonstrou no início de 2023. Fernando Alonso fez a estreia do AMR24, mas Lance Stroll entrou para o lugar do espanhol na sessão da tarde, significando um regresso do canadiano à pré-temporada, já que falhou os testes de 2023 devido a lesão em ambos os pulsos. Ambos os pilotos terminaram dentro do ‘top-10’ – 8-º e 6.º, respetivamente – e juntos somaram 130 voltas.
Dia difícil para a Williams
Em sentido inverso, aponta-se a Williams, que não apresentou tempos fantásticos e destacou-se pela negativa logo pela manhã. Com Alexander Albon a estrear o FW46 na pista, o tailandês viu a sua experiência terminar mais cedo devido a um problema de fiabilidade que o forçou a fazer apenas 40 voltas, o número mais baixo da sessão diurna. Mas os problemas não acabaram aí. Durante a da tarde, Logan Sargeant ingressou no monocoque mas conseguiu fazer apenas 21 voltas, suspeitando-se de um problema com o eixo de transmissão.
«Começámos com enormes sensores aerodinâmicos no carro, pelo que não é possível fazer testes de desempenho com eles colocados. Depois tivemos o problema na pista, que não foi detetado nos testes virtuais, mas ainda bem que foi detetado agora e não na próxima semana. Atrasou a nossa sessão, como se pode ver», referiu James Vowles, chefe de equipa.
Já Albon frisou que progressos estão a ser feitos.
«Está muito vento e calor, por isso não são as melhores condições para conduzir. Tive alguns problemas mais tarde, mas já foram resolvidos. Problema com a bomba de combustível, o carro entra em modo de segurança muito rapidamente. Ainda estamos nos primeiros dias, mas já resolvemos alguns dos problemas que tínhamos no carro, algumas curvas são mais agradáveis, mas como consequência estamos a tentar combater alguns problemas de equilíbrio. Já estamos a fazer progressos.»
É de notar as boas indicações que Daniel Ricciardo mostrou no VCARB 01, ficando a um lugar do pódio, percorrendo a pista 51 vezes. Note-se ainda que Lewis Hamilton e Sergio Pérez foram os únicos que ainda não fizeram qualquer tempo, mas fazem a estreia já nesta quinta-feira.