Fórmula 1 «Lá para o fim do ano eliminamos o fosso para a concorrência...»

O piloto britânico Lewis Hamilton, heptacampeão mundial de Fórmula 1, de 38 anos, admitiu esta quinta-feira, na Austrália, que «poderá levar muito tempo, e pelo menos até ao final desta época para eliminarmos o fosso de desvantagem» da equipa Mercedes para a Red Bull.

«Não tenham dúvidas que só para eliminar a diferença [competitiva] entre os carros [das duas equipas], vai levar-nos o resto do ano e da época, eventualmente. Mas poderá levar muito tempo», disse Lewis Hamilton, na Oceânia para disputar, a partir de sexta-feira, dia 31 do corrente mês, e até domingo, 2 de abril, o Grande Prémio da Austrália, em Albert Park (Melbourne).

O seu companheiro de equipa na Mercedes, George Russell, não poderia estar mais de acordo com o sete vezes campeão mundial.

«Não vou dizer-vos que estou terrivelmente otimista. Reconhecemos que os Red Bull são mais rápidos em pista, de momento», afirmou Russell, com as duas ‘dobradinhas’ da marca nos dois Grandes Prémios de 2023 já disputados a sublinharem as suas palavras e a fazerem desta equipa novamente a favorita para o GP da Austrália.

«Se olharem para os Red Bull, provavelmente vão continuar a evoluir. Alguns carros destacam-se pela performance, e há um ponto que ainda não atingimos [nos Mercedes, carro redesenhado para a época]. Eles sim, e porventura podem continuar no topo. Têm uma grande equipa e sei que vão continuar a melhorar ao longo da época», sublinhou Hamilton aos jornalistas, citado pela BBC.

«A nossa parte [enquanto pilotos] é assegurarmo-nos de que quando também conseguirmos fazer a diferença e chegar a esse grau de evolução, para que a diferença [pontual] não seja já irremediável. Por isso vos digo que até final da época, com sorte, temos de recuperar terreno e acabar com essa distância que, neste momento temos para os Red Bull», disse Lewis.

Hamilton admitiu sentir-se «desconfortável com a posição do cockpit durante a condução» e revelou a razão.

«Não sei se as pessoas sabem disto, mas nós sentamo-nos pertíssimo das rodas dianteiras, muito mais perto do que os outros pilotos [das outras equipas e carros]. O nosso cockpit é muito apertado e fechado à frente. Quando conduzo, parece que vais sentado em cima das rodas! Esta é uma das piores sensações quando guias um bólide», disse Hamilton, visivelmente descontente.

«Se guiarem o vosso carro do trabalho para casa e puserem as rodas sob as vossas pernas, olhem que não será agradável quando se aproximarem de uma rotunda, aviso-vos. E o que isso causa é que realmente muda a manobrabilidade do carro e qual é a tua perceção do movimento. E tornar-se mais difícil de prever o comportamento da viatura do que quando estás sentado mais atrás, e mais centrado. É algo com que me tenho debatido na época», afirmou.

Depois de ter criticado os engenheiros da ‘scuderia’ após o primeiro Grande Prémio, por alegadamente não lhe terem «dado ouvidos» quanto ao novo design do Mercedes, Lewis Hamilton não desarma nas sugestões para melhorar a competitividade da marca.

«Na altura, escutei o que a equipa me disse, e convenceram-me que era a direção que deveríamos tomar. Se eu soubesse o que iria sentir ao volante, não o teria feito, nem tinha acontecido. E porventura teria sido uma mudança que seria 100 por cento benéfica de futuro», considerou o piloto britânico.

As primeiras mudanças significativas no novo design dos Mercedes já deverão ser visíveis para a quarta prova da temporada, no final de abril, no Azerbaijão.

«Uma parte de mim ainda tem esperanças em que encontraremos o rumo certo para o carro, e que rapidamente estejamos ao ritmo dos melhores. No passado, já demonstrámos que conseguimos aprender e evoluir rapidamente. Esperemos que seja o caso, assim que possamos aproveitar todo o potencial do carro. Agradeço [à equipa Mercedes] a disponibilidade para mudarem, e não ficarem estagnados, mas receio que possa levar muito tempo até andarmos ao ritmo dos melhores», concluiu Lewis Hamilton.