Dakar: Maria Gameiro desistiu de ser navegadora porque enjoava e vai doar dinheiro para a luta contra o cancro
Maria Luís Gameiro num teste privado em modo ensaio geral já na Arábia Saudita
Foto: IMAGO

Dakar: Maria Gameiro desistiu de ser navegadora porque enjoava e vai doar dinheiro para a luta contra o cancro

AUTOMOBILISMO01.01.202517:57

A participação da gestora marca o regresso das mulheres portuguesas à mítica competição, 15 anos depois da última presença de Elisabete Jacinto. Ainda tentou ser navegadora, mas enjoava e, por isso, decidiu que o melhor era mesmo agarrar-se ao volante! A aventura vai custar-lhe 300 mil euros e teve de colocar parte deste valor do bolso

Por cada quilómetro que Maria Luís Gameiro percorrer no Dakar um euro será doado para a luta contra o cancro. «Por isso, o meu objetivo é chegar ao final. E quem quiser pode doar, também, através do site www.mlgameiro.pt. Outro dos meus objetivos é ter um desempenho bom o suficiente para poder regressar no próximo ano na categoria T1+ [a categoria principal, denominada Ultimate, reservada aos automóveis]. Se conseguir, irei doar um euro por cada quilómetro percorrido, seja em especial ou em ligação», disse à agência Lusa a gestora de 46 anos, estreante no Dakar.

Além da causa, a paixão pelo todo o terreno levou-a até à Arábia Saudita, onde, sexta-feira, arranca a 47.ª edição do rali mais famoso do Mundo. Maria Luís é uma entre os 23 portugueses e os 870 participantes deste ano, mas está decidida e satisfeita com a responsabilidade de suceder a Elisabete Jacinto. «É um grande desafio e uma grande responsabilidade», considerou a gestora que nasceu em Castelo Branco há 46 anos. O facto de ser mulher «despertou algum interesse nos patrocinadores», mas não o suficiente para reunir os 300 mil euros para a aventura do Dakar, que tiveram de ser reforçados com verbas próprias, daí que a opção seja um veículo ligeiro (SSV), um X-Raid Fenic, com motor Yamaha, também em estreia na prova.

A seu lado terá o experiente navegador José Marques, que também já navegou para Elisabete Jacinto e que vai ajudar a concretizar este sonho que começou no campeonato espanhol. «Havia muitas pilotos que me diziam para participar no Dakar. Em Portugal, não temos apoios para este tipo de corridas, mas puseram-me o bichinho. Uma equipa internacional fez-me um convite já em janeiro de 2024, mas apenas para um carro com duas rodas motrizes. Sempre corri com quatro rodas motrizes e para uma primeira vez seria complicado. Só que fiquei com o bichinho. A equipa começou a mexer-se junto de alguns patrocinadores e nós prescindimos de algumas corridas para conseguir amealhar para este projeto», contou.

Descobriu a competição em 2009, por intermédio do marido, José Gameiro, piloto de todo-o-terreno. Ainda experimentou ser navegadora mas enjoou tanto como passageira que rapidamente desistiu da tarefa. Passou para o volante na Baja de Portalegre 2009, porém a crise financeira levou-a a dedicar-se apenas às empresas (8) em que é gestora. Há três anos regressou e venceu a Taça das Senhoras em Portugal e Espanha, em 2023 e 2024, ano em que terminou em 3.º lugar no campeonato espanhol. «Não disputei a última prova, preferi ir ao Rali de Marrocos para ter um primeiro contacto com as dunas, já a pensar no Dakar», revelou. Agora, resta ver como vai dar conta do deserto árabe já a partir de sexta-feira.