Basquetebol Tomás Barroso: «Gostava de me poder despedir dos adeptos»
«Tenho aqui a última camisola de campeão [2022/23]. Foi a coisa mais difícil que tive de lavar. Lavá-la era o fim. Fechar o ciclo. É a última peça que representava aquilo que fui durante os últimos anos: um jogador de basquetebol que representava o maior clube português», conta Tomás Barroso ao programa da BTV Zona Mística, na primeira entrevista após ter dito adeus aos courts, mas, conforme foi anunciado na véspera pelo presidente Rui Costa, integrará os quadros das águias.
Rodeado pelos troféus que conquistou enquanto atuou na Luz, o base, de 32 anos, destaca também a medalha do primeiro título de campeão nacional, ganha em 2011/12 na Dragão Arena contra o FC Porto e diz que cada uma daquelas taças tem uma história.
«É o fim. É o fim da carreira, de um ciclo bonito de 24 anos, desde os oito que pratico a modalidade. É sempre duro, mas, para mim, é um dia feliz. Finalmente posso olhar para trás, ver o que é que ajudei a conquistar e sentir-me orgulhoso de todo o trajeto», declara o até agora capitão dos bicampeões nacionais.
Entre 2008/09 e 2022/23 enquanto atuou pelo Benfica – salvo em 2010/11 que foi emprestado ao Ginásio Figueirense – arrebatou 7 títulos de campeão da Liga, 5 Taças de Portugal, 5 Taças da Liga e 6 Supertaças.
Fotografia André Alves/ASF
Uma entrevista em que Barroso mantém sempre a tranquilidade que o caracteriza e nunca perdeu, mesmo quando as graves lesões que o mantiveram tanto tempo afastado do court (disputou 421 jogos oficiais) lhe poderiam ter quebrado o ânimo. «Vejo muito trabalho, um sonho realizado e muitas conquistas. Muitos momentos bons, maus também, mas aquilo que permanece na cabeça desses momentos maus foi como os consegui superar», salienta ainda em tom de balanço.
Revela que este era um momento que vinha a «ponderar há cerca de dois anos». «Na época passada fiz essa abordagem ao Benfica, mas o clube pediu-me que continuasse mais um ano para consolidar o que foi feito. Realizei mais uma época e não podia estar mais feliz pela decisão que tomei», afirma quem em 2022/23 defendeu com sucesso o título de campeão e ganhou a Taça de Portugal.
«Desaparecer de cena? Não, irei continuar a ser pelo menos adepto, a ir aos pavilhões e ao estádio. Agora tenho até bem mais tempo», brinca rindo-se. «Mas sei que vou ter oportunidade de ajudar o Benfica. É isso que quero». «A vida é feita de ciclos e este terminou da melhor maneira».
Fotografia André Alves/ASF
Tomás disputou a última partida de águia ao peito no Pavilhão João Rocha, quando o Benfica venceu o Sporting no Jogo 4 da final do 'play-off' da Liga. Na altura houve festa, que mais tarde continuou na Luz, mas o grupo recusou-se a receber o troféu na casa do adversário, acabando, cerca de um mês depois, por ser o capitão a ir buscá-lo à federação de basquetebol.
«Gostava de me poder despedir dos adeptos. E no meio do campo agradecer o carinho e apoio que sempre me deram e, de uma maneira mais oficial, também agradecer aos meus colegas».
Quanto a como apreciava ser recordado, o internacional português, que começou no Basquete de Albufeira, tem as ideias bem definidas. «Gostava de ser recordado como um Homem bom que tudo fez, ou pelo menos tentou fazer, para servir o Benfica da melhor maneira possível, pôde e conseguiu. Desde que vim para esta casa sempre tentei, ao máximo, estar alinhado com os objetivos do clube. Espero que tenha corrido bem.»