Basquetebol Neemias: «Tudo isto parece surreal»
«Já joguei aqui muitas vezes. E este terceiro campo onde está a minha cara era o que menos usava porque em cada ressalto ou lançamento a bola vai sempre parar lá abaixo e não gostava de ter de a lá ir buscar», conta Neemias Queta sorrindo e olhando para o último dos courts do Art Dunk Moinho do Penedo onde surge, de costa a costa, em tamanho gigante.
Situados há décadas num dos mais belos cumes da serra de Monsanto, com uma vista deslumbrante sobre parte de Lisboa e bancada central para a Ponte 25 de Abril e a margem Sul, os três campos de basquetebol, praticamente escondidos de quem passa na estrada, foram reabilitados com aros e tabelas de fibra, e uma intervenção artística no chão que percorre de um lado ao outro.
À esquerda Ticha Penicheiro, a primeira portuguesa a jogar na WNBA (1998-2012), do lado direito Neemias (2021/22-2022/23), o primeiro a atuar na NBA, separados pela frase: Art Dunk, Lisboa.
Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF
Ambos embaixadores das ligas nacionais Betclic feminina e masculina, patrocinador que em associação com a federação de basquetebol desafiou o Projeto Ruído a intervir artisticamente no piso através da dupla de criatividade dos Fredericos Draw & Contra. Parte do dinheiro para a requalificação do espaço veio das 24 bolas de basquete usadas e entregues por cada um dos clubes das duas ligas na última temporada e que haviam sido transformadas em arte posteriormente vendidas.
Para alguém que é sempre bastante modesto, como é que se sente à medida que campos deste tipo vão surgindo pelo Pais com a sua cara? Sente-se valorizado por estas homenagens? «Sim, é sempre muito bom receber este reconhecimento no país onde cresci, ter este tipo de apoio e receber estas iniciativas. Esta ainda por cima acontece em Lisboa, onde realmente nasci», diz Neemias, de 24 anos, que está prestes a voltar ao Estados Unidos e aos Sacramento Kings para completar a recuperação à lesão no pé direito contraída na Liga de Verão em Las Vegas e, na próxima semana, começar a preparar a terceira pré-temporada com os californianos.
Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF
Se me recordo, quando inauguraram o court no Vale da Amoreira, onde viveu, e que também tem a sua cara, contou que era algo que jamais havia imaginado. Tem ideia de quantos campos existem já com a sua imagem? «Já vi três… Tudo isto é cada vez mais indiscritível. Parece surreal», vai contando o poste de 2,13m.
«Sim, ainda estranho estes momentos e penso ser normal ter este tipo de reação. Não peço a ninguém para ter a minha cara aqui, mas cada vez que acontece existe um sentimento de honra», afirma.
Já sobre a fratura de stress no pé direito e a luxação da cápsula do metatarso sofrida contra os Clippers, Queta revela que «estou quase a regressar aos treinos». «Sinto-me cada vez mais saudável e é uma questão de tempo até voltar a treinar a 100 por cento». Mas só realiza treino físico ou já treina com bola? «Sempre fiz treinos no campo, só que eram limitados. Agora estamos a aumentar a carga cada vez mais e é ir evoluindo», refere.
Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF
Como se sabe o seu contrato por uma época com os Kings não é garantido e a luta pela vaga que existe para poste parece estar cada vez mais intensa face às últimas notícias [o clube contratou o poste Skal Labissière, estará interessado no veterano JaVale McGee caso este seja dispensado pelos Mavs e há ainda Nerlens Noel a lutar pela permanência].
Qual é a sua disposição: só a pensa na NBA? Não quer outra coisa a não ser a NBA, mesmo existindo também rumores de clubes europeus interessados? «Assinei com Sacramento. Só penso recuperar totalmente, em jogar aí e começar a treinar. A partir daí é fazer o meu trabalho continuar a evoluir. Depois logo se vê», concluiu Neemias.