Neemias: «Ganhámos, mas não estamos satisfeitos. Temos equipa para vencer de novo»
Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

Neemias: «Ganhámos, mas não estamos satisfeitos. Temos equipa para vencer de novo»

BASQUETEBOL01.08.202416:30

Cerca de mês e meio após ter ajudado os Celtics a voltarem a ser o clube com mais campeonatos ganhos na NBA e depois de já ter estado na Summer League de Las Vegas, o poste português está por alguns dias em Portugal e falou um pouco do que foi viver esta última época em Boston e do ambiciona na próxima, agora que tem um contrato renovado

«Sim, isto ainda é a minha casa», garante Neemias Queta quando, num evento organizado por uma das marcas de que é embaixador para a Liga Betclic masculina, lhe perguntam se quando regressa a Portugal ainda sente que vem para casa.

Na plateia várias figuras públicas, assim como antigos e atuais jogadores da Liga e seleção portuguesa, como Diogo Ventura (Sporting), Carlos Andrade, ídolo de adolescência de Neemias e que também estudou nos Estados Unidos, Miguel Minhava, Diogo Carreira e João Santos, assim como o presidente da federação de basquetebol Manuel Fernandes.

Afinal, os seis últimos anos dos 25 que celebrou no passado mês têm sido vividos nos Estados Unidos. Metade a estudar na Universidade de Utah State e a outra a jogar na NBA, onde, em junho, tornou-se no primeiro português campeão da melhor liga do mundo ao ajudar os míticos Boston Celtics a conquistarem o 18.º título ao baterem os Dallas Mavericks nos Finals (4-1) para voltaram a ser o clube com mais campeonatos conquistados.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

E à questão se sente que agora as pessoas o olham de uma maneira diferente por ser campeão da NBA, Neemias, que mantém sempre a humildade como um dos aspetos mais marcantes da sua personalidade, não esconde que algo mudou.

«Pode-se dizer que sim. Tenho sentido muito apoio desde que cheguei. Ganhar um campeonato em Boston é uma sensação indescritível e acho que as pessoas me têm vindo a acompanhar e dado o seu apoio. Não tenho nada a reclamar e só tenho de estar agradecido», responde.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

No documentário Dream Big, realizado nos dias que antecederam o draft da NBA de 2021 até ao momento e dia seguinte a ter sido escolhido pelos Sacramento Kings na 39.º posição, Queta confirmava que jogar na Liga era o seu sonho assim como ser campeão porque sonhar não custa, só que a máquina dos sonhos andou mais depressa do que esperava.

«Sinceramente não pensei que fosse acontecer em tão pouco tempo, mas estou muito feliz pelo feito. Ter sido campeão tão cedo na minha carreira é algo de louvar e acho que, a partir de agora, é pensar no próximo e tentar acumular o máximo de campeonatos», diz colocando no horizonte mais êxitos e depois de, em julho, ter assinado um contrato com os Celtics para as próximas três temporadas, com a última de opção da equipa, no valor de 7,180 milhões de dólares, mais de 6,6 milhões de euros.

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Acordo que sucede depois de ter vivido a sua melhor época na Liga: médias de 11,9 pontos, 4,4 ressaltos, 0,7 assistências, 0,8 desarmes em 28 partidas; e pela primeira vez ter disputado não só o play-off como os Finals. Isto sem contar também ter chegado à final da G League, com a camisola dos Maine Celtics.

«Jogar no play-off sempre foi algo que esperava que pudesse acontecer, mas se não acontecesse conseguia viver bem com isso, sabendo que trabalhei o ano inteiro com dedicação e que foi um ano muito positivo de qualquer maneira. Ter jogado acabou por ser a cereja no topo do bolo e ter conseguido o contrato [standard] na altura e depois ganhar o campeonato foi excelente» contou o poste dos Celtics, de 2.13m, que também está agradado com os companheiros de equipa, alguns deles, como é o caso de Jaylon Brown, MVP dos Finals, e Jayson Tatum que são All-Stars. Este último também membro da seleção olímpica dos Estados Unidos onde também figuram Jrue Holliday e Derrick White.  

«Partilhar o balneário com eles tem sido excelente. A nossa equipa é muito unida dentro e fora do campo. Temos boas relações dentro do grupo, quer seja com o staff, quer seja com os jogadores», vai contando. «São todos brilhantes no seu papel e acho que é isso que nos torna tão bons», adianta antes de falar um pouco do treinador Joe Mazzulla, que aos 36 anos se tornou num dos técnicos mais jovens de sempre a levar uma equipa ao título.

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«Diria que foi fácil adaptar-me ao estilo dele. A maneira como consegue ligar uma equipa, conectar todos com o mesmo foco, no mesmo objetivo, é algo que não acontece muitas vezes e acho que com um treinador assim facilita muito o nosso trabalho. O Joe já tem muita andança, mas penso que com o passar do tempo ainda tem muito para melhorar, e está no bom caminho, sem dúvida», completa.

«Para mim foi um ano muito bom porque ele foi-me sempre dando dicas do que é que queria que fizesse dentro do campo. Deu-me constantemente a segurança de que eu tinha um papel na equipa muito importante e fundamental para o sucesso dos Celtics. Acho que deu-me muita liberdade para poder jogar da maneira que joguei», salientou também Neemias que crê que o facto de jogar na NBA e ter sido campeão ajudará ao crescimento da modalidade e da liga portuguesa, quer a masculina como a feminina.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

«Na próxima temporada diria que podem esperar um pouco mais do mesmo. Saber que tenho um ano como jogador dos Celtics nas costas, já tenho mais experiência com os rapazes, já conheço um bocado mais das suas rotinas e maneira como jogam. Penso que o entrosamento vai continuar a evoluir e com o passar dos meses vamos continuar a evoluir e esperemos que seja um ano ainda mais positivo», diz.

E acha que vai dar para os Celtics conseguirem mais um anelzinho de campeão? «É esse o objetivo. Ganhámos este ano, estamos contentes com isso, mas não estamos satisfeitos com o que já fizemos. Todo o plantel vai a voltar e por isso temos equipa para vencer de novo. Se possível com mais minutos e jogos», rematou Neemias Queta.