Nadal: «Há muito tempo que não tenho grandes expectativas sobre o final de carreira»
«Não acredito em finais de filme», diz o tenista que vai terminar carreira na Taça Davis em novembro
A poucos dias de acabar carreira, na Copa Davis com a Espanha, Rafael Nadal fez um balanço, falou das lesões e da rivalidade com Novak Djokovic e Roger Federer.
Mas antes o vídeo em que anunciou a retirada. Em entrevista ao jornal As, conta que o filmou uma semana antes de ser publicado. «Era algo que tinha de fazer», explica em Riade, depois de perder para Djokovic no torneio Six Kings Slam.
«Djokovic é o jogador que mais enfrentei, mas, para mim, meu maior rival foi Federer, porque quando cheguei ao circuito era ele quem estava lá. Nos anos em que estive no melhor da minha carreira, em todos os sentidos, foram Roger e Novak [os adversários]. Mas nos primeiros anos, que são os que te marcam de forma especial, o Roger esteve sempre presente. Acho que a minha rivalidade com os dois tem sido mais intensa do que a que tinham entre eles», disse em entrevista ao jornal As.
«Com o Roger tenho rivalidade, porque houve um contraste muito pronunciado de estilos e formas de ver e abordar o desporto. Com o Novak, um desafio incrível. É um jogador que tem conseguido manter um nível muito elevado e melhorar a cada ano. Os números dizem que ele é o melhor, por isso o seu nível no ténis também tem sido o melhor. Além disso, é quem tem conseguido ficar mais longe das lesões. Quando não há limitações ou lesões importantes que perduram no tempo, isso gera uma ausência de medo. Isso permitiu que o Novak mantivesse seu nível físico e mental por mais tempo. Graças a isso ele é o melhor e realmente mereceu ser assim», afirmou ainda.
Assolado por lesões, sobretudo nos últimos dois anos, Nadal está ainda assim orgulhoso da carreira que construiu.
«É óbvio que perdi mais do que todos os meus grandes rivais, em termos de chances de ganhar Grand Slam, mas a realidade é que aconteceu. Tive uma carreira que nunca imaginei e estou mais que feliz. Queremos ser os melhores, mas nunca foi uma obsessão. Sempre tive o sonho como um desafio pessoal, de querer ser o melhor por motivação e superação própria. Acredito ter uma ambição grande, mas ao mesmo tempo saudável. Não ficaria mais satisfeito se tivesse 25 [Grand Slam], mais um que os 24 de Djokovic. Digo isto de coração. Acho que o importante é no final saberes que deste tudo e ti e fizeste de um dos teus hobbies de infância uma parte muito importante da tua vida. Sinto-me muito sortudo, apesar das lesões. O fato de ter tido tantos problemas, fez-me sempre valorizar todas as coisas positivas que me aconteceram», referiu.
O fim está, então, próximo: a Taça Davis será realizada entre 19 e 24 de novembro, em Málaga.
«Há muito tempo que não tenho grandes expectativas sobre o final da minha carreira, porque nos apercebemos como tudo é difícil e não acredito em finais de filmes. Quase ninguém tem um grande final, porque no desporto é muito difícil tê-lo, a não ser que se trate de pessoas que chegam a um ponto em que estão saudáveis e podem ganhar, mas já não apreciam realmente o que estão a fazer. Nesse caso, é possível reformar-se por cima. Quando se tem paixão pelo que se faz, é muito difícil reformar-se quando se está a 100% e a ganhar. Só espero estar suficientemente saudável e pronto para desfrutar o momento e tentar ajudar a equipa. Em 2004, na Taça Davis, tive a minha primeira grande alegria como tenista profissional. E terminar novamente numa final da Taça é, para mim, uma boa forma de o fazer. E espero que possa terminar de forma positiva, independentemente de eu jogar ou não», disse ainda.