Mundial: Última dança dos Lobos e de Lagisquet

Mundial: Última dança dos Lobos e de Lagisquet

RÂGUEBI07.10.202322:12

Selecionador ‘despede-se’ de Portugal frente às Fiji. Jogadores garantem foco no jogo e que as homenagens serão só no fim

Portugal despede-se, este domingo (20.00h), do Mundial França-2023 com um duelo frente às Fiji num encontro  igualmente marcado pelo adeus do selecionador Patrice Lagisquet, no cargo desde julho de 2019, assim como de alguns dos jogadores veteranos que terminam a caminhada de lobo ao peito. 

Ao oitavo jogo e segundo campeonato do mundo, Portugal, 16.º do ranking, procura a primeira vitória de sempre, depois das quatro derrotas no França-2007 e dois desaires (País de Gales e Austrália) e um empate (Geórgia) no França-2023. 

Últimos classificados no Grupo C, os Lobos (2 pts) procuram somar, pelo menos, um ponto de bónus defensivo para igualar a Geórgia (3 pts), derrotada por 43-19 pelo País de Gales (1.º), para retirar do bolso a calculadora e olhar para os critérios de desempate.

Às Fiji (3.º, 10 pts), na 8.ª posição da hierarquia, basta um ponto extra para igualar a Austrália e saltar para os quartos de final. Se tal suceder, será a quarta vez (1987, 1999 e 2007) nos oito Mundiais realizados e num pleno não completo por força da ausência na edição de África do Sul-1995. 

«Será um grande desafio para a nossa equipa. Daremos o nosso melhor para fazer [deste jogo] uma boa memória», declarou João Mirra, adjunto de Patrice Lagisquet. «Acreditamos nas nossas capacidades. Não ficamos totalmente satisfeitos como a ‘quase vitória’ diante a Geórgia, mas temos de ser mais consistentes durante os 80 minutos. Queremos ter o controlo e criar oportunidades para vencer», destacou também Mirra na conferência de imprensa após o Captain’s Run, em Toulouse. 

Mas a última dança dos lobos no Mundial coincide com a despedida do selecionador nacional e por isso o tema voltou a dominar a antevisão do 40.º encontro do França-2023. 

«Não penso que o aspeto emocional seja tão importante, porque o que acontecer no campo é mais. Reunimos todas as condições para ter uma boa performance e temos de focar-nos naquilo que podemos realizar como equipa», notou. «Prestaremos um tributo ao Patrice e aos jogadores no final, mas, por agora, só o jogo conta», atestou o adjunto.

José Madeira e Diogo Hasse Ferreira foram os jogadores chamados para falar, pela última vez, na antevisão de uma partida. E, tal como com Mirra, Lagisquet continuou, naturalmente, a ser tema de conversa. «Faremos esforços para surpreendê-lo, mas também uma vez mais a todos os portugueses. Teremos de dar tudo», sublinhou José Madeira. 

«Sobre o Patrice, queremos dar-lhe uma boa surpresa, mas também a nós, e isso seria cometermos menos erros do que na última vez. Será uma agradável surpresa para todos e daremos o nosso melhor até ao fim», prometeu Diogo Hasse Ferreira.

Curiosidades

Estreia de Levani Bota, o Homem Demolidor

Levani Botia fez a estreia ao serviço das Fiji, a 9 de novembro de 2013, em Lisboa, no Estádio Universitário, marcando um ensaio ao minuto 80. Hoje, com 34 anos, 27 vezes internacional e com quase uma década no râguebi francês no top 14 (La Rochelle), Botia (1,78 m/98 kg) irá entra no XV fijiano para defrontar Portugal.

Palavras para os três lobos que não jogaram

António Machado Santos, Simão Bento e Manuel Picão nunca entraram na lista dos 23 eleitos no Mundial e despendem-se sem uma convocatória ou segundo em campo. «Eles não precisam de palmadas nas costas. São homens e jogadores com uma capacidade e uma qualidade brutais, mas quero dar-lhes uma palavra de agradecimento, porque estiveram connosco até ao Captain’s Run a pensar no coletivo e deixando as dores individuais de lado. Isso é bastante importante», louvou João Mirra.

Dois jogos em Lisboa, duas vitórias fijianas

As Fiji viajaram duas vezes a Portugal para defrontar os Lobos e regressaram para o Pacífico Sul com duas vitórias. No Estádio Universitário de Lisboa, conseguiram o primeiro triunfo em novembro de 2005 (26-17), numa equipa, então, campeã europeia, liderada por Tomaz Morais. O segundo, aconteceu em novembro de 2013 (36-13), com o neozelandês Errol Brain como selecionador. Os fijianos marcaram 10 ensaios. 

Fiji procura 3.ª vitória seguida em Mundiais

Depois de terem derrotado Austrália e Geórgia, as Fiji procuram pela primeira vez a terceira vitória consecutiva num Mundial. Nas edições de 1999, 2003 e 2007 perderam sempre na terceira partida. 

Toulouse, o estádio dos pontos 

Em sete jogos nas duas participações no campeonato do mundo, Portugal somou, até à data, três pontos, todos conquistados no Stadium de Toulouse, palco da partida de domingo (20h00) contra as Fiji para encerrar a fase de grupos do França-2023.

Em 2007, igualmente em França, a Seleção, então liderada por Tomás Morais e em estreia nos mundiais, somou o ponto de bónus defensivo na derrota com a Roménia por 14-10.

O França-2023 trouxe o empate a 18-18 contra a Geórgia e respetivos dois pontos no segundo jogo do Grupo C.