Mário Gomes: «Três semanas é melhor do que três dias»

Basquetebol Mário Gomes: «Três semanas é melhor do que três dias»

BASQUETEBOL18.07.202323:59

«Do que é que necessitamos? Estamos a precisar de tanta coisa, mas, primeiro de tudo, treinar. Nos últimos tempos não temos tido possibilidade de fazê-lo. Temo-nos apenas juntado para preparar os jogos em três/quatro dias, mais nada», declarou o selecionador Mário Gomes a A BOLA sobre o que pretende com a preparação que a Seleção masculina irá efetuar até à pré-qualificação para o Torneio Olímpico (13-16 agosto) em Gliwice, Polónia, onde tem como adversários a Bósnia e Herzegovina, Hungria e Polónia.  

«Não vai ser um período suficiente para se fazer uma preparação normal, para isso precisávamos do dobro do tempo, mas sempre é melhor treinar três semanas do que três dias», desabafa o técnico que desde segunda-feira trabalha com os 14 convocados em Rio Maior.

Estágio que se prolonga até sábado e após o qual Portugal realizará duas competições: Torneio Internacional Coração de Viana (27-29 julho) e King’s Cup (4-7 agosto), na Jordânia.

Para este momento Mário Gomes acabou por ter de chamar o extremo/poste do FC Porto João Guerreiro devido à lesão que Neemias Queta (fratura de stress no pé direito e luxação na cápsula do metatarso) sofreu na passada semana no segundo jogo pelos Kings na Liga de Verão de Las Vegas.

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

Infortúnio que impossibilitou que o poste português, vinha a realizar bons desempenhos nas ligas de verão, completasse o torneio numa altura em que ainda não tem futuro assegurado em Sacramento pois mantém-se como agente livre restritivo – os Kings têm direito de opção e podem igualar qualquer oferta.

Esta terça-feira, os californianos contrataram o também poste Nerlens Noel, de 29 anos, com nove épocas de experiência na NBA, por uma temporada e 3,1 milhões de dólares (2,76 milhões de euros) o que reduz ainda mais o espaço para que Queta faça parte das contas em Sacramento. Desde o início do defeso o clube já havia renovado com o ext./poste Domantas Sabonis, o poste ucraniano Alex Len, mantiveram ext./poste Trey Lyles e vieram à Europa buscar o MVP da Euroliga, o extr./poste búlgaro Aleksander Vezenkov.

Sem saber ainda se Neemias acabará por aparecer devido à sua indefinição contratual nos Estados Unidos, mas também por causa de uma lesão cuja recuperação pode ser longa, Gomes só pode planear com quem está. «Basicamente o que queremos é que, para além de algum trabalho que se tem de fazer com os jogadores em início de época, até no interesse deles e dos clubes, pretendemos treinar algumas coisas na defesa e procurar alargar, não muito, o arsenal tático da equipa», vai explicando.

«Os jogos de preparação serão fundamentalmente para acelerar a entrada em forma dos jogadores para que depois, na pré-qualificação, estarem tão bem quanto possível ao fim de três semanas», completa.

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

No último jogo da fase de pré-qualificação para o Eurobasket-2025, contra a Bulgária, Portugal teve uma preocupante quebra de eficáciia defensiva e de concentração no ataque que deixaram a equipa em complicada desvantagem. Pensa que foi apenas uma falha daquele encontro ou é algo que o deixou preocupado? «Primeiro não estávamos a jogar contra um adversário qualquer. A Bulgária encontrava-se na máxima força, contava novamente com o base americano naturalizado e teve a possibilidade de utilizar o Aleksander Vezenkov. Mas tenho ideia que foi a primeira vez que a Seleção teve vantagem nos dois confrontos e ganhou (em Coimbra) à Bulgária», faz questão de recordar.

«Do ponto de vista coletivo e tático a equipa estava tão bem quanto possível depois de ter tido três ou quatro dias após uma série de meses sem se juntar. Essa tem sido a realidade, portanto, não é de esperar que em termos ofensivos as coisas estejam bem com esse tempo de preparação».

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

«Por outro lado, poderíamos aproveitar os hábitos defensivos dos jogadores, só que eles têm hábitos muito diferentes, consoante os clubes onde atuam. Por exemplo, na defesa dos bloqueios da bola, hoje em dia é fundamental, umas equipas fazem de uma maneira e outras de outra. Não existe um hábito generalizado, por isso temos de nos agarrar ao que depende de nós: coesão, espírito de luta, raça…»

«Como dizia o Jaime Pacheco, quando não dá para tocar violino temos de ir de bombo. Foi o que aconteceu. Fiquei satisfeito com a resposta da equipa e espero que continue a ter atitude competitiva e união. Nisso temos de estar sempre no top porque é o que nos garante conseguir competir», finalizou.

Recorde-se que, apesar de ter perdido na Bulgária por 90-82, a redução da desvantagem que chegou a ser de mais de 17 pontos a cerca de 4m do fim permitiu que Portugal levasse a melhor no confronto direto com a Bulgária graças ao triunfo em Coimbra por 88-78 e viesse a vencer o Grupo F da segunda ronda da pré-qualificação. Êxito que não só garantiu a presença na fase de qualificação para o Euro2025 como a inédita participação na pré-qualificação para o Torneio Olímpico que agora se prepara.

SELEÇÃO NACIONAL

Cândido Sá (poste, Ovarense)     

Daniel Relvão (poste, Lusitânia) 

Diogo Araújo (extremo, Sporting)  

Diogo Brito (base/ext. Lleida Bàsquet, Espanha)

Diogo Gameiro (base, Benfica)

Diogo Ventura (base, Sporting

Francisco Amarante (ext/base, ex-FC Porto)

Gonçalo Delgado (ext/poste, Melilla Baloncesto, Espanha)

João Guerreiro (ext/poste, FC Porto)

Miguel Queiroz  (ext/poste, FC Porto)

Neemias Queta* (poste, Sacramento Kings, EUA)

Rafael Lisboa  (base, Spirou Charleroi, Bélgica)

Ricardo Monteiro (poste, Sporting)

Travante Williams (base/ext, Sporting)

Vladyslav Voytso   (extremo, Cantabria, Espanha)

Selecionador: Mário Gomes

*Ainda ausente