Jogo de andebol termina com acusações de racismo, cuspidelas e dentadas

ANDEBOL15:07

Rivalidade entre Kielce e Wisla Plock terminou após 42 minutos de exclusões, nos 60 da partida, e com insultos e agressões

Apelidada de Guerra Santa, a rivalidade entre o Kielce, maior clube polaco - campeão europeu de 2016, finalista da Liga dos Campeões de 2022 e 2023 -, e o rival Wisla Plock, que conquistou o título de campeão nacional na época passada, está tudo menos santa e, domingo, ultrapassou mesmo aquilo que muitos consideram os limites do razoável.

Talant Dujshebaev naturalizou-se espanhol ainda enquanto jogador

Após a derrota da sua equipa (29-25), marcada por numerosos confrontos dentro e fora do campo, o treinador espanhol do Kielce, Talant Dujshebaev, acusou de racismo os adeptos e o treinador adversário. Ao jornal L'Équipe, o técnico espanhol, nascido no Quirguistão, contou que, no final do primeiro período, o público cantou insultos racistas contra Dylan Nahi». «E Javier Sabaté, treinador do Plock, chamou-me 'Fucking chinese'. O racismo é inaceitável. Eu quero lutar contra isso. Foi um ataque gravíssimo, contra nós, contra o clube e contra o país. » 

A guerra entre Kielce e Wisla Plock dentro do recinto de jogo é bem conhecida, com o Plock a vencer pela quinta vez consecutiva os rivais. Mas não foi um espetáculo nada bom. Os árbitros foram obrigados a dar 42 minutos (!) de exclusões, divididos pelas duas equipas, durante os 60 minutos de luta, com um cartão azul para Jorge Maqueda, que mordeu Mirsad Terzic depois de um ataque.

Sabate diz que Dujshebaev lhe apertou o pescoço

Na conferência de imprensa após o jogo, o técnico do Wisla, Xavi Sabate, afirmou que Talant Dujshebaev, o treinador do Kielce lhe cuspiu no final da partida, e que o delegado ao jogo assistiu ao momento. «Tudo tem limites. Isso é totalmente inaceitável. Devo dizer parem!. A Superliga está a fechar os olhos a isto, mas não é aceitável. Um dia vai acontecer uma tragédia e então será um problema enorme. Os adeptos  vêm  ver os jogadores, eles são as maiores estrelas, não eu. Estas 5.500 pessoas vêm ver os jogadores – estrelas, não treinadores», alertou  – disse o treinador espanhol.

Perante as acusações, o Wisla Polck também emitiu um comunicado de solidariedade com o seu técnico. «Hoje, depois da nossa equipa vencer a quinta partida consecutiva contra o Industria Kielce, Xavi Sabate inesperadamente ouviu Talant Dujshebaev, dizer-lhe em espanhol: «...Hijo de puta, te voy a matar...». Estas palavras chocaram o nosso técnico Xavi, que, espantado, perguntou a Dujshebaev: «O que estás a dizer?!». Talant Dujshebaev agarrou, então, Xavi Sabate pelo pescoço e cuspiu-lhe na cara. Todo o incidente foi claramente visível na transmissão da TV.  Xavi Sabate decidiu imediatamente que, para proteger seus direitos pessoais como filho e defender a honra de sua mãe, entrará com ações judiciais urgentes contra o homem que articulou essas palavras.»