Ténis Estoril Open: Quarto aberto para o piloto da F1... na Playstation

É nas palavras de Viktor Frankl, no livro Em busca de Sentido, no qual se dá conta das experiências de um psicólogo em busca da razão de viver num campo de concentração, que vem a inspiração de Bernabé Zapata Miralles, o espanhol a quem, um ano depois de ter passado o qualifying do Millennium Estoril Open até à 2.ª ronda do quadro, não faltaram motivos para alcançar a maior vitória da carreira e reservar lugar nos quartos de final.

O valenciano, 43.º do ranking, levou a melhor sobre o polaco Hubert Hurkacz (12.º ATP e 2.º favorito, protagonizando uma reviravolta com os parciais de 6/7 (7-9), 6/4 e 6/2, em 2.28 horas de intensa batalha ganha pelo espanhol, de 26 anos, que assim repetiu o sucesso anterior de 2015.

«Foi há oito anos nos Europeus de juniores, sim. Lembro-me desse encontro, mas agora foi muito diferente. Não comecei bem, mas li bem o jogo dele e sinto-me confortável», admitiu Zapata Miralles, interrompendo o discurso no court para se juntar aos aplausos que acompanharam a saída de Hurkacz.

O mesmo adversário a quem simulou oferecer uma flor a meio da partida. «No primeiro set, num momento de tensão, ele jogou tão bem nas linhas que lhe quis dar uma flor na troca de campo. O dia de hoje [ontem] foi muito importante e estou feliz», declarou o multifacetado tenista que, além de dedicado à causa ambiental junto da Kick Out Plastic, organização internacional que luta contra o uso de plásticos, tem na história a sua temática predileta, bem como a Fórmula 1. Aliás, segundo biografia da ATP, o emprego de sonho de Berni, assim é conhecido, seria ser piloto no grande circo. À falta de poder acelerar nos monolugares, dá aso a essa paixão a jogar na… PlayStation!

Para chegar à terceira meia-final ATP na carreira - atingiu tal fase em Buenos Aires e Rio de Janeiro este ano -, o jogador, que não esconde gostar de um copo de vinho tinto ou um bom café, vai defrontar o sérvio Miomir Kecmanovic, 40.º da ATP e 6.º favorito que se ocupou do austríaco Jurij Rodionov (120.º) com 6/0 e 6/1.

«Estou muito contente porque foi um primeiro set duro, mas fui de menos a mais e comecei a jogar muito melhor, a sentir-me melhor em campo e com as melhores sensações de toda a semana. Estou tranquilo e o importante é dar o melhor de mim. É a única coisa que posso exigir no court», comentou o espanhol que, à semelhança de 2022 em que superou o agora pré-retirado Pedro Sousa, este ano bateu o estreante Henrique Rocha. «É fisicamente forte e em termos tenísticos e o melhor dos juniores que defrontei. Pode dar-se bem. Oxalá trabalhe bem e dê muitas alegrias a Portugal», rematou.