Estoril Open: João Sousa é o único português em prova; Pedro Sousa homenageado

Ténis Estoril Open: João Sousa é o único português em prova; Pedro Sousa homenageado

TÉNIS05.04.202300:35

Há um ano a frase 'porque não eu?' serviu de mantra ao campeão Sebastian Baez em forma de rabiscos nas câmaras de filmar. Não se sabe se no próximo domingo João Sousa vai estar em court, tal como  em 2018 a fazer ecoar 'A Portuguesa' à capela, mas esta terça-feira o vimaranense não se limitou a assinar a câmara no final da partida e escreveu uma frase, neste caso um Viva Portugal seguido de um coração, representativo do sentimento que ia no do tenista português, após voltar a conhecer o sabor da vitória em singulares no Millennium Estoril Open, onde é o único luso em prova.


O atual 147.º do ranking precisou de 1.47 horas para levar a melhor sobre o italiano Giulio Zeppieri (121.º) com 6/4, 1/6 e 6/3, a atuar a um nível que «já não jogava há algum tempo». Por isso, o terceiro triunfo de 2023 em torneios ATP foi celebrado a extravasar a emoção de quem tem lidado com lesões persistentes. Sousa agradeceu o apoio com aplausos, a bater no coração e, contrariando as regras da ATP para as transmissões internacionais, a falar… português.


«Não sei falar inglês, portanto tem de ser em português», disse entre risos, não fora ele conhecido como o poliglota do circuito pelas seis línguas que fala. Apontou para as pessoas e disse estar ali o segredo do sucesso do duelo que lhe abriu a porta da 2.ª ronda  diante Casper Ruud, principal favorito. «É isto. Este ambiente, este carinho, este apoio incrível que não falha, independentemente da situação em que um jogador se encontra. Tenho muito orgulho em ser português, ter esta gente incrível a apoiar-me. Estou emocionado por viver resta experiência de novo, obrigado do coração», agradeceu o ex-28.º mundial.


«Foi uma boa vitória. Independentemente do segundo set, que não foi o melhor, a verdade é que não senti que tenha jogado tão mal assim para perder 1/6. Ele soltou-se um bocadinho, depois do segundo break, no 4/0, e a penalização foi maior do que o set em si. Estou contente com a minha exibição», analisou o minhoto de 34 anos que na véspera já garantira lugar nos quartos de final dos pares.


É nessa variante, da qual é campeão do título ao lado de Francisco Cabral, que o n.º 1 luso de singulares, Nuno Borges, vai ter de se empenhar, depois de ter cedido 3/6 e 4/6 ao francês Quentin Halys (80.º) na 1.ª ronda. «Estou um pouco desapontado, queria muito ganhar aqui. Não consegui fazer o melhor encontro, também por mérito do adversário. Foi uma partida mais rápida do que queria, tentei prolongar mais um bocadinho, manter-me nas jogadas, infelizmente não consegui», assumiu o maiato 65.º ATP, sem estar «muito preocupado» pelo ano bom que tem protagonizado. «A partida não reflete o ano que tenho tido», vincou Borges que abdicou de jogar em Monte Carlo para «gerir a carga» física.

Protagonista desta edição depois de ter anunciado que seria o último torneio ATP da carreira que findará este ano, Pedro Sousa foi homenageado ontem no central pelos pares. Conhecido pelo humor aguçado a esconder timidez, o lisboeta de 34 anos que já usara em tempos um toilet break para saber qual o resultado do futebol do seu Benfica, cujo manto sagrado o acompanhou mundo fora junto com as raquetas, foi surpreendido após a batalha travada no court n.º 2 com o francês Luca van Assche (91.º ) e cedida com 7/6 (7-5), 3/6 e 1/6.


«Não estava à espera. Estava a entrar no balneário quando me disseram que não podia entrar. Não percebi nada do que se estava a passar e foi incrível poder entrar mais uma vez no court central e ter lá os amigos do ténis e fora dele. Só faltou o Gastão Elias [236.º ATP e um dos melhores amigos], fez-me falta. Foi bom ser homenageado pelos maiores nomes do ténis português», exultou o antigo top-100 que recebeu uma fotografia emoldurada das mãos de João Zilhão, diretor do torneio, sob aplausos do público e, entre outros, de João Sousa, Nuno Borges, Francisco Cabral - os dois últimos iniciam hoje a defesa do título de pares -, os treinadores Rui Machado e Frederico Marques.


Com 15 presenças no ATP 250, desde 2007, Pedro nunca foi além da 2.ª ronda, mas não esquece «anos  especiais», como o de 2018. «Algumas partidas ficam na memória. Com o Gilles Simon a quem ganhei antes de jogar com o João. Perdi com ele, mas foi incrível. Foram muitos os bons momentos passados aqui», exultou o atual 475.º do ranking.