Djokovic quebra silêncio sobre caso Sinner: «Não é uma boa imagem para o ténis»
Novak Djokovic está em Brisbane para o torneio que antecede o Open da Austrália
Foto: IMAGO

Djokovic quebra silêncio sobre caso Sinner: «Não é uma boa imagem para o ténis»

TÉNIS29.12.202417:08

Sérvio concorda com as duras críticas de Nick Kyrgios ao caso de doping de Jannik Sinner e também emite uma opinião frontal sobre o assunto

Novak Djokovic quebrou o silêncio sobre o caso de doping de Jannik Sinner. O sérvio foi questionado sobre as duras críticas feitas por Nick Kyrgios ao número um do ranking mundial e depois de uma resposta direta à pergunta aproveitou para expressar a opinião sobre a controvérsia gerada após a divulgação tardia do controlo positivo do italiano.

«Não foram palavras agradáveis, mas ao mesmo tempo vivemos num mundo em que toda a gente tem direito de se expressar, sobretudo nas redes sociais», começou por dizer o recordista de vitórias em Grand Slam sobre as considerações do sempre assertivo Kyrgios, que afirmou que «os dois números 1 mundiais [além de Sinner, também a polaca Iga Swiatek controlou positivo a uma substância diferente da do transalpino e também foi ilibada pela Agência Internacional para a Integridade no Ténis (AIIT)] a serem apanhados por doping é repugnante para o ténis» e diz ser «horrível de se ver».

«Nick expressou-se muito bem sobre todo o caso de doping do Jannik e tem razão no que diz respeito à transparência e incoerência dos protocolos e nas comparações entre casos. Vimos muitos jogadores no passado, e também na atualidade, que estão suspensos por terem falhado os controlos mesmo sem estarem em paradeiro desconhecido, e alguns jogadores que estão em rankings inferiores à espera de que o caso se resolva durante mais de um ano», declarou Novak Djokovic.

Jannik Sinner deu positivo a clostebol, substância proibida, em março, mas a AIIT considerou que a substância entrou no organismo do jogador de forma acidental e, por isso, suspendeu qualquer castigo, ainda que a Agência Mundial Antidoping tenha enviado recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto.

No caso de Iga Swiatek, a segunda classificada do Ranking WTA (que era primeira em agosto), deu positivo a trimetazidina, mas a AIIT considerou que, tal como com Sinner, não houve consumo propositado da substância proibida, nem intuito de ganhar vantagem.

Djokovic reconhece a insatisfação sobre a revelação tardia do controlo positivo a Jannik Sinner, demora que considera ser prejudicial à imagem do ténis. «Não questiono se tomou a substância proibida intencionalmente ou não. Acredito num desporto limpo, acredito que o jogador fará tudo o possível para jogar limpo. Conheço o Jannik desde muito jovem, não me parece alguém que fizesse algo assim, mas senti-me realmente frustrado como a maioria dos jogadores, ao ver que tudo se manteve em segredo durante cinco meses desde que recebeu a notícia. Não é uma boa imagem para o nosso desporto», declarou o vencedor de 24 Grand Slam.

Sinner disse que a ingestão da substância havia acontecido devido a um erro de um fisioterapeuta, que o contaminou através de um corte, mas a justificação não satisfez Nick Kyrgios. «Pago centenas e milhares de dólares à minha equipa para serem os profissionais que são, para ter a certeza que isso não acontece. Eles sabiam que tinha acontecido. Porque esperaram cinco ou seis meses para fazerem alguma coisa? Manteve a equipa por mais cinco meses... isso não faz sentido», questiona o tenista australiano, que, garante, ficaria «furioso» se tal acontecesse com ele. «Se um fisioterapeuta me contaminasse, provavelmente nunca mais falaria com ele outra vez. Ele [Sinner] manteve-o na equipa mais cinco meses, como se nada tivesse acontecido», argumenta Kyrgios.