Ténis Assobios a Rune no Open de Madrid: «Na próxima vez durmo uma sesta enquanto discutem»

O tenista Holger Rune foi vaiado durante o jogo contra o espanhol Alejandro Davidovich, na terceira ronda do Masters 1000 de Madrid, no sábado.

Davidovich interrompeu o jogo para reclamar com o árbitro sobre o sistema eletrónico Hawkeye, afirmando que as decisões não estavam corretas, como se poderia comprovar pela marca da bola no chão. «Eu não quero saber da máquina. Não vou jogar mais, chama-o [juíz de linha]», reclamou o tenista espanhol, visivelmente enfadado.

Entretanto, o oponente dinamarquês aproximou-se da marca, com uma expressão cética e a mostrar-se um pouco impaciente. A multidão não perdoou e apressou-se a assobiar e apupar o jovem de 20 anos, que tem a fama de ser bastante mal-encarado em campo.

Mais tarde, descobriu-se que o tenista espanhol afinal tinha razão: a tecnologia capturou o frame da imagem antes da bola bater no court, dando-a erradamente como fora.

Durante o intervalo, o árbitro Carlos Bernardes conversou com o tenista dinamarquês, na tentativa de o aconselhar quanto ao que tinha sucedido durante o jogo. «Eu não fiz nada», escudou-se Rune, antes de o árbitro conseguir falar.

«Há multidões que não consegues controlar se fizeres coisas assim. Para a audiência, o que tu fizeste enquanto ele [Davidovich] estava a reclamar foi desrespeitoso», referiu o árbitro brasileiro, com o jovem tenista a tentar interrompê-lo várias vezes. «Se te limitares a jogar ténis, eles não te fazem mais nada», acrescentou.

«Estou apenas a tentar ajudar-te a ultrapassar isto. Eu tenho experiência suficiente para saber que, se a plateia começar a fazer isto, não vais conseguir jogar mais», rematou o juiz.

O tenista dinamarquês mostrou-se desinteressado durante todo o discurso e acabou por agradecer, relutante, algo que certamente não vai melhorar a sua reputação.

Davidovich, acabou por vencer o intenso duelo, que durou mais de três horas, com os parciais 7-6(1), 5-7 e 7-6(5). No rescaldo do jogo, Rune justificou-se à TV 2 Sport. «Eu apenas queria jogar ténis e não discutir a marca durante dez minutos. É o Hawkeye que decide se a bola está dentro ou fora, por isso não há muito a fazer. Uma vez mais, eu só queria jogar ténis», referiu o dinamarquês. Sobre os apupos, Rune comentou que «faz parte do jogo» e que o seu oponente estava a jogar em casa.

No dia seguinte, o tenista dinamarquês publicou um comunicado nas redes sociais, onde explicou o sucedido num tom mordaz: «Na próxima vez, durmo uma sesta enquanto eles discutem», atirou.

Na publicação pode ler-se:

«Muito se falou hoje sobre o mau comportamento da plateia espanhola na noite passada. A multidão não percebeu o que se estava a passar. Não se pode anular uma decisão do computador e o árbitro e o supervisor demoraram imenso tempo a explicar isto ao meu adversário. Eles não se dignaram a comunicar isto aos espectadores. Na próxima vez, durmo uma sesta enquanto eles discutem. Quero deixar claro que, pessoalmente, não tenho nada contra o povo espanhol e anseio por voltar ao Open de Madrid».