Ângelo Girão aceita pedido de desculpas público a Lucas Ordoñez
Guarda-redes do Sporting estava acusado por agressões ao avançado do Benfica antes de um dérbi no Pavilhão João Rocha referente à temporada transata
O guarda-redes da equipa de hóquei em patins do Sporting, Ângelo Girão, e o jogador do Benfica, Lucas Ordoñez, chegaram a acordo em sede de tribunal para a suspensão provisória do processo de queixa-crime do jogador argentino ao guardião português, deduzido pelo Ministério Público, acusando-o por ofensas à integridade física do referido atleta do clube da Luz, antes de um dérbi no Pavilhão João Rocha, em 29 de janeiro de 2023.
O Tribunal Central de Instrução Criminal, após ouvidas as partes em litígio, aceitou a referida suspensão mediante o cumprimento, por Ângelo Girão, de um «pedido de desculpas» a Lucas Ordoñez, «demonstrando arrependimento pelo ato praticado, e publicar», à sua responsabilidade, «no prazo de 30 dias, num dos jornais desportivos A Bola, O Jogo ou Record, um pedido de desculpas com o seguinte teor:»
«Dirijo um sincero pedido de desculpas ao atleta Lucas Ordoñez pelos atos que pratiquei antes do jogo de Hóquei em Patins Sénior Masculino que teve lugar no dia 29/01/2023 no Pavilhão João Rocha, a contar para a 15.ª Jornada da Liga Placard. Considero que a minha conduta não foi correta e não existia ou existe qualquer justificação que pudesse fundamentar os meus atos de violência. Estendo este pedido de desculpas a todos aqueles que apoiam e apoiaram o Lucas Ordoñez, incluindo aos seus familiares, pelas preocupações causadas, assim como aos adeptos da modalidade e do desporto em geral, manifestando o meu profundo arrependimento».
Além do pedido de desculpas, aquele tribunal decidiu ainda fazer depender a suspensão do processo da «entrega» por Ângelo Girão, «da quantia de 2000 euros à Associação de Apoio à Criança – Nariz Vermelho, no prazo de 30 dias», fazendo prova dessa entrega.
A alegada agressão de Girão a Ordoñez ocorreu quase uma hora do arranque do referido jogo do campeonato em Alvalade. No seguimento dos acontecimentos, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Patinagem castigou o guarda-redes do Sporting com suspensão por cinco jogos.
Na queixa-crime que tinha sido apresentada pelos Benfica, era explicado que Lucas Ordóñez tinha ficado um pouco mais no balneário porque estava a colocar as lentes de contacto antes do início do aquecimento e dizia-se que Girão estaria «visivelmente alterado e à procura de alguém da comitiva do Benfica». E que «quando todos os jogadores estavam em aquecimento na pista», Girão ter-se-á deslocado até à zona do balneário dos encarnados e «agredido por duas vezes» o avançado argentino «com o stick, primeiro no pescoço e depois no antebraço. Filho da p***, isto não é a Argentina. Dei-te duas, ainda falta uma», terá dito o guarda-redes.
As agressões terão sido à entrada do balneário das águias, sendo que o internacional português foi depois travado por um elemento do Benfica e depois por seguranças privados do Sporting e pela PSP. No processo foram também pedidas e analisadas as imagens do circuito de videovigilância, que confirmaram os atos.
De acordo com o relatório da decisão instrutória do tribunal, «o Ministério Público (MP) deduziu acusação para julgamento contra Ângelo Girão, imputando-lhe a prática, em autoria material, de um crime de ofensa à integridade física».
«Inconformado com o despacho de acusação pelo MP, Ângelo Girão requereu a abertura da instrução pedindo a nulidade da acusação» e a sua «não pronúncia». Após interrogatório ao guarda-redes, Girão e o MM chegaram a acordo e «requereram ao TCIC a suspensão provisória do processo, mediante o referido pedido de desculpas públicas a Lucas Ordoñez, através de algum dos órgãos de comunicação social apontados, e a entrega da mencionada verba à Associação de Apoio à Criança – Nariz Vermelho, ambos no prazo de 30 dias.
Girão e Souto suspensos por dois jogos pela federação
No mesmo dia em que chega a acordo com Lucas Ordoñez em tribunal, Ângelo Girão, e o companheiro de equipa no Sporting, João Souto, foram castigados com dois jogos e falharão, salvo protesto, os compromissos do Campeonato Placard das 18.ª e 19.ª jornadas, em Valongo e em Murches.
As decisões estavam, do que era de conhecimento público, pendentes, mas tal - legitimamente - não impediu a convocatória de Girão e Souto para a Taça das Nações, anunciada quarta-feira pelo selecionador nacional Paulo Freitas.
Esta sexta-feira, foi publicado o castigo do guarda-redes pela expulsão frente ao Porto no último sábado, por acumulação de azuis, segundo o boletim electrónico. No entanto, ao contrário do esperado castigo de um jogo (sanção mínima prevista) nestas situações, Girão, com a agravante de ser capitão de equipa, é sancionado com dois jogos por «uso de expressões ou gestos grosseiros, impróprios ou incorrectos».
Por seu turno, João Souto foi castigado com dois jogos de suspensão na decisão do processo disciplinar aberto depois da expulsão em Riba d'Ave e o Conselho de Disciplina até já tinha redigido o acórdão da decisão a 21 de Fevereiro (65 dias depois da instauração), mas só seria publicado no site federativo na quinta-feira, dia 29.
Na morosidade típica (e prevista) dos procedimentos regulamentares, o atacante internacional português participou em seis jogos do Campeonato Placard após a expulsão em Riba d’Ave, incluindo as últimas partidas frente ao Benfica, a 18 de Fevereiro, e - assume-se que por atraso na notificação escrita ou na publicação electrónica - frente ao Porto, a 24 de Fevereiro.
Souto e Girão poderão regressar à equipa do Sporting no jogo com o actual líder Oliveirense, na 21.ª jornada.