Como, em 1954/55, a ideia de um dono de uma equipa da NBA, Danny Biasone, que já havia sido treinador de basquetebol, mudou a maneira como se jogava e acabou com o congelamento eterno da posse de bola, e trouxe mais pontos e espetáculo
A jornada desta quarta-feira na NBA, apesar de ter onze jogos agendados, irá de certa forma passar quase despercebida na segunda semana da regular season da 79.ª temporada, mas, há 70 anos, o dia 30 de outubro de 1954 marcou uma nova era na Liga, no basquetebol como espetáculo profissional de entretenimento e, consequentemente, na ajuda do crescimento da modalidade em todo o mundo.
Faz hoje sete décadas que o cronómetro dos 24 segundos foi introduzido no arranque do campeonato de 1954/55 e, juntamente com a inclusão do limite de faltas que cada equipa pode dar em cada quarto, a partir do qual são sempre penalizadas com lances livres, a Liga que arrancara em 1946/47 ganhou um outro élan.
A ideia partiu de Danny Biasone, ex-treinador de futebol americano e basquetebol de equipas semi-profissionais e dono dos Syracuse Nationals, hoje Philadelphia 76’ers, que estava farto dos jogos com pouco pontos e nos quais, sobretudo a partir da 2.ª parte, quando uma equipa se apanhava com vantagem no marcador, colocava os melhores dribladores a andar de um lado para o outro com a bola para gastar tempo. Mas sem lançar.
A única forma de tentar recuperar a bola era fazer faltas para tentar recuperá-la, nem que fosse através de levar o adversário a ir para a linha de lance livre. O espetáculo normalmente degradava-se.
De todos os encontros com poucos pontos, houve um, em 1950, que havia sido demasiado mau. Quando os Fort Wayne Pistons derrotaram os Minneapolis Lakers por 19-18. Ainda mínimo de sempre da Liga. Teve oito(!) cestos de campo marcados, o resto havia sido através de lances livres, e no último quarto registou-se 3-1.
Mas para piorar o horror do show, semanas mais tarde os Rochester Royals e os Indianapolis Olympians defrontaram-se numa partida que obrigou a seis prolongamentos, com cada equipa a fazer um único lançamento, no último segundo, de cada prolongamento.
No entanto, histórias de horror não faltavam. Três anos mais tarde, no play-off, os Boston Celtics bateram os Syracuse Nationals num encontro que terminou com 128 lances livres – o lendário Bob Cousy, mestre do drible, registou 30 pontos dessa forma – devido a 106(!) faltas. Mais do que um jogo, havia sido um concurso de lançamentos livres.
Já em 1954, outra vez no play-off, os National venceram os New York Knicks por 75-69 num embate com mais lances livres (75) do que lançamentos de campo (34).
Biasone, que era proprietário, além de gostar de ver a sua equipa ganhar, desejava também ver os pavilhões lotados para ter lucro, achou que era demais. Assim o negócio do basquetebol profissional não iria sobreviver. Além do mais considerava os treinadores demasiado conservadores taticamente e por isso também não ajudavam.
Pensou então que teria de existir uma regra que mudasse o rumo do jogo e obrigasse os técnicos e basquetebolistas a abdicarem das táticas de congelar a bola por tempo indefinido. Várias foram tentadas pela Liga, mas sem sucesso.
Foi então que teve a ideia de criar um cronómetro para o tempo de ataque, de forma a que o jogo acelerasse, aumentasse as oportunidades de posse de bola como acontecia noutras modalidades, houvesse mais ataques, lançamentos e pontos.
Resolveu pegar nos 48 minutos do jogo e dividir o total de segundos (2.880) pela média de lançamentos (120) num encontro em que a bola não fosse congelada. Deu 24s.
Anos antes, a NBA (National Basketball Association), então ainda BAA (Basketball Association of America), antes de começar já havia decidido aumentar as partidas de 40 minutos, divididas em duas partes de 20, para 48m, repartidos em quatro períodos de 12, para justificar o preço dos bilhetes.
Então, com a ajuda do seu general manager Leo Ferris, construiu um cronómetro de 24s de ataque a colocar junto à linha de fundo de cada campo. O Board of Governors, organismo máximo da NBA, aceitou ambas as ideias e incluiu o limite de faltas por período cuja violação dá lances livres, e a experiência foi feita em 1954/55.
O impacto foi imediato. A média de pontos por jogo da época anterior de 79,5 pts passou para 93,1 pts e os Celtics, que usavam a tática de segurar a bola por tempo indefinido contra os principais adversários, tornaram-se na primeira equipa a registar média de 100 pontos/jogo na temporada. Três anos mais tarde, todas também já o conseguiram.
Na temporada passada, já sob a influência da aposta dos lançamentos triplos, a média da NBA foi de 113,2 pts, mas em 2022/23 atingiu o recorde de 114,7 pts.
O cronómetro do tempo de ataque foi rapidamente adotado por outros campeonatos. O basquetebol universitário masculino optou pelos 35s, o feminino 30s. A FIBA optou pelos 30s a partir de 1956, durante muitos anos em jogos apenas divididos por duas partes, mas a partir de 2000 baixou o tempo para os 24s. Opção também feita pela WNBA e 2006.
Curiosidade: em 1954/55 os Syracuse Nationals sagraram-se campeões nuns Finals contra os Fort Wayne Pistons, e hoje os Philadelphia 76’ers recebem os Detroit Pistons.
PARTE 8 - São 82 árbitros com que a Liga conta. Mas, ao 'play-off' também só passam os melhores. Na época passada 36. Não há limite de idade, só de competetência técnica e física, e andam três semanas seguidas fora de casa para apitarem entre 12 a 15 jogos/mês. Viagens pagas em 1.ª classe, seguro de saúde, prémios, bilhetes para jogos, caso não estejam fartos de ver basquetebol, assim se constrói uma carreira que no cado de Tom Washinton, de 66 anos, já são 33(!) épocas. Nem LeBron...
PARTE 4 - Há sete temporadas consecutivas que o base dos Warriors lidera a lista dos mais bem pagos, na qual os seis primeiros recebem acima dos dos 50 milhões de dólares. Se não auferir $40 milhões fica para lá de 28.º. Lebron James surge apenas em 14.º, mas, ainda assim muito, muito longe do poste português, que já leva para casa acima dos 2 milhões. Isto numa Liga onde a média salarial são quase 7 milhões.
PARTE 5 - Novo pavilhão dos Los Angeles Clippers custou tanto quanto o dono do clube, Steve Balmer, pagou pela equipa em 2014. Foi construído para que os espectadores não percam tempo se quiserem ir à casa de banho ou comprar comida. Sobre o campo, a mais moderna tecnologia de imagem e som
PARTE 3 - Investigação ao caso Jontay Porter, jogador banido na época passada «para a vida», lançou novos alertas e recomendou maiores cuidados para que se evite que o mundo das apostas possa influenciar desempenhos e resultados. Mas, a Liga também não quer que jogadores e treinadores andem nas redes sociais enquanto estão a trabalhar e deseja que estejam mais focados no jogo, mesmo no intervalo. A associação dos jogadores concordou.
PARTE 7 - Tendo passado a contar com um contrato normal, em vez do de duas vias que sempre lhe foi oferecido no início de cada época, o poste português dos Celtics vai tornar a ter um cromo colecionável. Mais de 140 mil pedidos de bilhetes para assistir aos embates entre Spurs e Pacers. Boston não esquece o jogador que mais campeonatos venceu na NBA e campeão da luta pela igualdade racial.
PARTE 10 - Conturbado negócio dos Timberwolves também não ajuda, por isso a NBA preferiu esperar para decidir onde vão nascer os dois novos clubes, mas será pouco provável que não seja Seattle e Las Vegas.
PARTE 9 - Extremo dos Celtics assinou o primeiro contrato de 300 milhões de dólares. Dezoito clubes passam a taxa de luxo e só ficam abaixo do tecto salarial. Quem vai andar a jogar para não ganhar.