Volta a França: Adam Yates vence luta de irmãos e é o primeiro líder

Ciclismo Volta a França: Adam Yates vence luta de irmãos e é o primeiro líder

CICLISMO01.07.202320:17

Final romântico, em Bilbau, da 1.ª etapa da Volta a França, discutido em família entre os irmãos Yates em fuga, com Adam (UAE Emirates) a impor-se ao gémeo Simon (Jayco-Alula) para conquistar a camisola amarela. No terceiro lugar, à frente do grupo perseguidor, a 12 segundos do vencedor, Tadej Pogacar (UAE Emirates) garantiu quatro segundos de bonificação (atribuído àquela classificação na etapa) e adianta-se ao arquirrival Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) na batalha pelo triunfo no Tour.


A nota negativa para a queda de Enric Mas (Movistar) e Richard Carapaz (EF Education), a cerca de 20 km da meta, que levou ao abandono do espanhol e ao atraso de mais de 15 minutos do equatoriano, em grandes dificuldades para finalizar a etapa, que teve percurso exigente incluindo cinco contagens de montanha, a última na Côte de Pike (2.ª categoria, 2,1 km a 9,4%) que deixou em dificuldades grande parte do pelotão em que encontrou os três portugueses, que, de resto, já se tinham atrasado numa subida anterior.


A etapa iniciou-se com Lilian Calmejane (Intermarché), Simon Guglielmi Arkéa), Pascal Eenkhoorn (Lotto), Jonas Gregaard (Uno-X) e Valentin Ferron (TotalEnergies) a ficaram na frente da corrida logo nos primeiros qilómetros, mas nunca ultrapassaram a diferença de 2,30 m para o pelotão, que absorveu os fugitivos a 48 km da meta quando as equipas começaram a contar espingardas para a fase final.


Pogacar, Vingegaard e o surpreendente Victor Lafay (Cofidis) assumiram a cabeça do pelotão na subida de Pikes, mas sem tomarem a iniciativa de qualquer ataque que acabou por pertencer já dentro de Bilbau aos gémeos Adam e Simon Yates. Na última subida rumo à meta, Adam deixou para trás Simon e vencer e etapa que lhe permitiu envergar a camisola amarela, depois de o ter feito por alguns dias na edição da Volta a França de 2020.


«Não sei o que dizer. Queríamos lançar Pogacar na Côte de Pike, mas ele atacou e não conseguiu ir-se embora. O meu irmão Simon colou-se à minha roda e colaborámos. Venci, mas também poderia ter sido ele. Tadej [Pogacar] continua a ser o líder da Emirates, mantenho os pés no chão, porque é o melhor do mundo», afirmou Adam Yates.
Pogacar ficou tão satisfeito com o desfecho da jornada - saliente-se que no grupo encontrava-se Van Aert, que nem sequer se fez ao sprint, terminando na cauda, em 11.º lugar - que exultou ao cruzar a meta, celebrando de braços erguidos, como se tivesse vencido.


«É como se eu tivesse vencido», disse o esloveno. «Creio que estou ainda mais feliz do que se tivesse ganho. É uma grande vitória, ainda melhor do que o esperado. Devemos estar muito orgulhosos. Mostrámos que somos fortes e que tínhamos boa estratégia», declarou Pogacar. «Estou muito satisfeito com meu desempenho e com o de toda a equipa. Creio que liguei o motor!», afirmou o vencedor do Tour em 2020 e 21.


Em declarações à televisão espanhola, Ruben Guerreiro (Movistar), que terminou uma modesta 86.ª posição a 9,52 minutos do vencedor, explicou a etapa aziaga para a sua equipa: «Tivemos muito azar com a queda e abandono de Enric Mas. Preparámos o Tour para a equipa estar com ele e aconteceu o pior logo no primeiro dia. Que eu saiba e até este momento a equipa não tinha plano B, vamos aguardar pelas decisões dos diretores desportivos.


Wout Van Aert (Jumbo) mostrava-se desolado no final da etapa: «A equipa trabalhou muito bem, mas comecei a sentir dores nas pernas a 200/300 metros da meta. As duas últimas subidas foram muito rápidas, consegui passar com dificuldades, por isso não estive em condições de disputar o sprint. Tiro o chapéu aos irmãos Yates».


Nelson Oliveira (Movistar) terminou em 63.º com mais 5,09 minutos do que o vencedor, seguido de Rui Costa (Intermarché), em 80.º a 8,46 m. «Temos os planos furados com o abandono de Enric Mas. O plano da equipa passava todo por ele, mas a vida e o Tour continuam, vamos ver a partir de agora. Senti-me bem e com boas sensações, mas na subida de El Vivero o ritmo foi muito elevado e isso fez-se sentir na de Pike», declarou a A BOLA Nelson Oliveira.