«Tudo o que esperava do Diogo ele cumpriu»

Natação «Tudo o que esperava do Diogo ele cumpriu»

NATAÇÃO02.08.202301:06

Responsável pela preparação, planeamento e treino de Diogo Ribeiro desde há dois anos, quando o nadador se mudou de Coimbra para Lisboa, ingressou no Benfica, mas treina no CAR Jamor com o selecionador nacional, Alberto Silva estava também satisfeito no regresso do Mundial de Fukuoka.

«O balanço é positivo», responde simples à primeira pergunta. Mas normalmente é uma pessoa muito exigente. Vem satisfeito com esta medalha de prata, ou não por ser só esta? Com os tempos que o Diogo fez, as quatro meias-finais…? «Tenho na minha cabeça o que trabalhámos e quem é exigente aponta sempre mais acima, mas estou muito satisfeito», garante.

«Ele obteve, todas as vezes, tempos melhores do que o mínimo para os Jogos numa competição difícil, onde não vale só o que se treinou. Também há o lado emocional e adversários fortes. Todo o mundo quer uma vaga na final. Vi muitos atletas, campeões olímpicos, a não chegarem lá. Por vezes devido a algum detalhe, ansiedade ou erro – que acontece – mas saio satisfeito com a equipa de Portugal», acrescenta o técnico de maior palmarés da natação brasileira, com medalhados e campeões nos Jogos e campeonatos do mundo.

«Mas quanto àquela pergunta sobre o Diogo, ficou aquela sensação de: quero mais. Mas ele tem 18 anos e acho que ainda irá trazer muita coisa boa para Portugal», diz.

Portugal, atualmente, tem quatro qualificados para os Jogos de Paris-2024, vê a possibilidade de vir a ter mais gente? «Sim! É ter calma. Acompanhei algumas viagens que fizemos e estágios, tive oportunidade de ver praticamente todos os nadadores que estiveram nos últimos Jogos [Tóquio] e mais um grupo de jovens. Agora é uma questão de detalhe. No momento certo ter a tranquilidade para fazer a prova sem ansiedade. Acredito que haverá mais alguns para se juntarem a esses quatro [Diogo, Miguel Nascimento, João Costa e Camila Rebelo]».

E a experiência do Diogo ter nadado duas meias-finais [100 mariposa e 50 livres] com meia hora de intervalo, acha que respondeu bem? «Sim, mas se me perguntasse isso quando saímos da prova e ele não passou à final… nesse momento estava a atirar cadeiras ao ar. Sabíamos que tinha condições de chegar a uma dessas finais».

«Nos 100 mariposa nadou duas vezes a 51,5s, que são a segunda e terceira melhores marcas dele. Nos 50 livres duas vezes para 22,0, também são a terceira e quarta melhores marcas… O Diogo nadava bem de manhã [eliminatórias] e depois, na meia-final, melhorava o tempo… Tudo o que podia esperar dele ele cumpriu».

«Agora será necessário fazer uma programação. Vamos ter o Mundial de Doha [fevereiro] e depois os Jogos de Paris [julho], onde não haverá problemas de fuso horário, por isso acredito que dê para se fazer uma melhor programação», afiança o Alberto Silva.               

E daqui a um ano, pensando em Paris-2024, poderá haver outra receção destas? «Gostava que sim. Se for da maneira como diz e como eu desejo, este espaço vai ser pequeno para receber o Diogo, mas projetar uma coisa dessas é colocar-lhe muita pressão. Está num bom caminho, entre os 10/12, 14 melhores do mundo em três provas olímpicas».

«Se tivesse entrado noutra final tenho a certeza que teria voltado a melhorar o tempo. Só não sei onde isso o levaria, mas aí é apenas o: eu acho. Por isso prefiro não falar tanto», concluiu.