«Transfusões de sangue eram prática generalizada na W52-FC Porto»
Equipa da W52 (DR)

«Transfusões de sangue eram prática generalizada na W52-FC Porto»

CICLISMO08.03.202415:20

Inspetor da Polícia Judiciária prestou depoimento em tribunal; Técnico farmacêutico admitiu ainda venda de produtos dopantes a João Rodrigues, diretor adjunto e massagista da equipa

Francisco Portugal, inspetor da Polícia Judiciária, compareceu esta sexta-feira em nova sessão de julgamento do processo 'Prova Limpa', referente a tráfico e consumo de substâncias e métodos proibidos que envolviam a antiga equipa de ciclismo W52-FC Porto, e afirmou que as transfusões de sangue «era prática generalizada na equipa».

Na qualidade de testemunha presente no pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, o inspetor sustentou a afirmação ao pormenorizar o conteúdo das escutas entre o diretor desportivo, Nuno Ribeiro, e os ciclistas sobre que substâncias tomar e quando deviam fazê-lo.

Francisco Portugal destacou ainda que durante as buscas foram recolhidas várias saquetas de sangue em vários estabelecimentos ocupados pela equipa, incluindo hotéis, residências e autocarros da organização.

O inspetor mencionou ainda o diretor financeiro, Hugo Veloso, e o 'patrão' Adriano Quintanilha. Quanto ao primeiro, relatou que este reembolsava despesas gastas com as substâncias dopantes por outros membros da W52-FC Porto. Relativamente ao segundo, adiantou que apesar do nome não constar nas escutas, Quintanilha tinha de autorizar o pagamento destas práticas, sem conseguir garantir, contudo, que este soubesse a quem eram relativos.

Na mesma sessão foi ainda ouvido João Manuel Pereira Rodrigues, técnico de Farmácia em Vila Nova de Famalicão, que admitiu fornecer medicamentos «sem receita médica» a José Rodrigues, diretor adjunto e massagista da equipa. O arguido disse não conhecer bem o diretor adjunto e qual o uso das substâncias, mas constatou que vendeu produtos dopantes ao mesmo.

A próxima sessão do julgamento, que arrancou em fevereiro, está agendada para o dia 15 de março. Para já foram ouvidos onze arguidos: os ciclistas João Rodrigues, Samuel Caldeira, Rui Vinhas, Daniel Mestre, Ricardo Vilela, Ricardo Mestre, Daniel Freitas e ainda a técnica de farmácia Carina Lourenço, cunhada de Caldeira, o primo de Vilela, Marco Paulo Vilela Magalhães, Rui Sousa e outro técnico de farmácia, João Rodrigues.