Depois do bronze conquistado em Glasgow nos Mundiais de pista coberta, o triplista regressou a Lisboa confiante para novos feitos
As pernas inquietas e o sorriso meio envergonhado em frente às câmaras que o esperavam no aeroporto Humberto Delgado denunciavam o pouco à-vontade e pareciam dar continuidade ao sonho que Tiago Pereira está a viver desde que, no sábado, voou 17,08 metros em Glasgow para agarrar a medalha de bronze no triplo salto dos Mundiais de pista curta. A sua primeira medalha internacional em grandes competições séniores.
«Ainda estou a assimilar o momento mágico que estou a viver. É um sonho que eu tinha há muito tempo e é incrível ter conseguido realizá-lo. Estou num momento fantástico, super-feliz com o meu feito e por ter dado esta alegria aos portugueses», atirou o atleta de 30 anos.
O que tem sido difícil, confidenciou o triplista… é dormir. O coração ainda bate a mil, depois de ter alcançado o sonho que vinha a ser construído até ter alcançado aquela que passa a ser a sua melhor marca.
«Não consegui dormir [a seguir à prova]. Aliás, até agora, dormi muito poucas horas. Mas a partir de agora vou ter voltar a dormir porque na próxima semana já tenho de voltar aos treinos. Ainda estou a sonhar acordado! Está aqui [agarra a medalha e sorri]… as palavras não são muitas, é viver o momento e aproveitar», suspirou.
«Jogos? Há que saltar mais»
Nélson Évora. Pedro Pablo Pichardo. E só depois Tiago Pereira. Os portugueses têm-se habituado ao sucesso em forma de medalha no triplo salto. Mas aquele que foi conseguido pelo atleta do Sporting foi inesperado para muita gente. E Tiago Pereira é o primeiro a admití-lo, sem esconder, porém, um sorriso orgulhoso.
«Naturalmente que esta medalha surpreendeu muitas pessoas. Eu já tinha dito que não acreditava que houvesse muita gente a achar que fosse possível. Mas eu acreditava, trabalhei para isto e a medalha está no peito: não há mais nada a fazer!»
Agora, sendo 2024 ano de Jogos Olímpicos, o saltador sabe que a medalha nestes Mundiais pode fazer com que o seu nome passe a ser apontado ao pódio olímpico. Mas ao contrário do que faz em prova, nesse domínio Tiago Pereira mantém os pés no chão, colocando a mira antes nos Europeus que se vão disputar em Roma, em junho.
«No Europeu, passo a ser um candidato, sem dúvida. Mas para os Jogos Olímpicos, há que trabalhar mais, saltar mais perto dos 17,50 metros, e depois logo se vê. Estou no melhor momento de sempre, até hoje. Mas tenho de continuar a melhorar e progredir, para poder sonhar com a luta pelas medalhas em Paris», reconhece.
Não se pense, contudo, que lhe falta ambição. «Digo sempre alto e bom som que trabalho para ser o melhor do Mundo. Esteja quem estiver. O importante é trabalhar. Se falhar o objetivo de ser o 1.º, que seja o 2.º. Se não conseguir o 2.º, vou ser o 3.º, como aconteceu agora. Mas o objetivo é sempre ser o melhor», finalizou, a querer saltar para os braços daqueles que esperava, impacientes, para o abraçar.
Ouça todas as declarações do atleta português de 30 anos na playlist de vídeos mais abaixo:
Atleta do Sporting, de 30 anos, arriscou tudo no último ensaio para conquistar a primeira medalha de Portugal no Mundial 'indoor' de Glasgow. É o quarto pódio de sempre da Seleção no triplo-salto