Sociedade Filarmónica com 147 anos vai outra vez aos Jogos

Longe vão os tempos em que a música era a atividade única da instituição de Tomar. Clube tem ginástica de trampolins, natação e judo, a modalidade mais representativa dentro da SFGP

Até pode não ser caso único, mas não haverá muitos clubes que se possam orgulhar de serem mais velhos do que os Jogos Olímpicos, falando obviamente, da Era Moderna, iniciada em 1896.

Mas quando o barão Pierre de Coubertin conseguiu colocar em prática a sua ideia, já a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (SFGP) tinha atingido a maioridade.

Por isso, é muito provável que a instituição de Tomar, fundada em 1877, e que conta com cerca de 800 sócios, seja um dos clubes mais antigos que vai estar representado em Paris 1924.

Longe vão os tempos em que a SFGP se dedicava apenas à música. Apesar de continuar a haver banda filarmónica – complementada na vertente cultural por um centro de formação artística e uma escola vocacional de música e dança -, agora a música é outra.

Há vários anos que o desporto ganhou preponderância e a SFGP passou a ser também clube de ginástica de trampolins, natação e judo.

E é o judo que permite à instituição nabantina marcar presença (outra vez) nas olimpíadas.

Implementado em 1989 por Romão Pires, o judo é atualmente praticado por 70 atletas na SFGP, sendo a mais representativa das três modalidades, que têm um total de 160 praticantes.

Gratidão imensa a Patrícia Sampaio

Depois de se ter estreado em Tóquio, Patrícia Sampaio, a judoca da casa, vai cumprir a segunda participação em Jogos Olímpicos e a gratidão no clube não podia ser maior, como admite o coordenador desportivo, Vasco Fortunato.

«É um sentimento incrível um clube tão pequeno como nós estar representado nos Jogos Olímpicos. Temos um sentimento de agradecimento à Patrícia por nunca ter saído daqui e querer continuar a representar a Gualdim Pais, apesar das muitas propostas que já teve», orgulha-se.

É que além de levar o símbolo da SFGP ao peito em muitas das competições em que participa – treinada pelo irmão Igor Sampaio, também ele produto da casa – Patrícia é um exemplo muito presente nos jovens judocas do clube de Tomar.

«Quando não está em Lisboa, ela treina na nossa sede, por isso conseguimos promover esse contacto que é tão importante. E todos temos um orgulho enorme por vê-la conseguir estes feitos», acrescenta.

Além da presença no dojo, Patrícia Sampaio participa também em diversas atividades promovidas junto das escolas, para promover a captação de atletas e o facto de ser uma atleta olímpica a ir junto dos mais novos é o maior incentivo que pode ser mostrado. 

«Estamos em crescimento e ela é a cara desses projetos. E já temos seguidores a aparecer, ainda em junho tivemos o Afonso Reis a participar no campeonato europeu de cadetes», sublinha.

Siga a banda!

(reportagem publicada a 29 de julho, antes de Patrícia Sampaio conquistar medalha de bronze em Paris 2024)