Samuel Barata bate velhinhos recordes de Fernando Mamede e Paulo Guerra

Cairam as melhores marcas nacionais de 5 km e 10 km em estrada; «É muito motivante e espero que seja motivante para esta e para as próximas gerações. Este resultado prova que é possível voltar a competir ao nível dos melhores atletas portugueses de sempre», salientou a A BOLA

Samuel Barata bateu este domingo o recorde nacional de 10 quilómetros em estrada, ao percorrer a distância em 27.45 m Festival de Corrida de Brasov (Roménia). O anterior máximo pertencia ao histórico Fernando Mamede, que em 1985 gastara 28.11 m, em Londres (Inglaterra). À passagem dos 5 km, Barata bateu um outro recorde, o de 5 quilómetros, com 13.33 m. O melhor tempo português pertencia, desde 1996, a outro histórico do fundo nacional, Paulo Guerra, com 13.51 m, alcançado em Portsmouth (Inglaterra). A marca de Barata é a 3.ª europeia de 2023 e a 8.ª de todos os tempos.

Em declarações a A BOLA, o atleta do Benfica falou nas boas sensações que foi tendo na prova: «Depois de analisar a ‘start list’ ou corria na frente com os quenianos ou teria de correr sozinho; resolvi arriscar e ir no grupo da frente até conseguir; as sensações foram boas e consegui alcançar o objetivo que me trouxe até aqui». Barata não contava, porém, bater dois recordes de duas figuras da grandeza de Mamede e Guerra: «Sinceramente não. O dos 5km foi um bónus. A minha a ideia era passar rápido, aproveitar o bom momento de forma e as condições excelentes da prova, mas nunca pensei que passaria em 13’32».

A segunda parte da prova foi bem mais lenta (13.32 + 14.13), mas Samuel Barata salienta que já o esperava. «Sim, houve quebra minha e de alguns atletas quenianos, mas foi controlada, o que permitiu obter este significativo resultado», esclareceu, antes de explicar o que sentiu quando percebeu que ultrapassara dois recordes nacionais: «É muito motivante e espero que seja motivante para esta e para as próximas gerações. Este resultado prova que é possível voltar a competir ao nível dos melhores atletas portugueses de sempre. Sei que o contexto atual dos 10km é diferente da época de ouro do atletismo nacional, por isso é que foi possível bater o anterior recorde por 26 segundos; contudo esta marca é a 3.ª melhor europeia do ano e a 8.ª europeia de sempre».

Relativamente ao futuro, Samuel Barata aponta para Paris-2024.  «O grande foco era e continua a ser a qualificação olímpica. O Campeonato do Mundo de Estrada, a 1 de outubro, será a próxima competição; sendo uma representação nacional é sempre objetivo importante, no qual tenho grandes expectativas e por isso volto já na próxima semana à altitude para mais um estágio. Apesar de a aposta ser na maratona, a pista continua a ser muito importante para mim; nunca fiz tantas provas em pista como este verão e, se quero correr rápido, tenho de continuar a trabalhar estímulos rápidos. O objetivo passa sempre por melhorar as minhas marcas e aproximar-me o mais possível dos melhores portugueses de sempre», adiantou a A BOLA.

A finalizar a conversa, Samuel Barata salientou a importância que continua a ter na sua vida e na sua carreira o seu antigo treinador, Pedro Rocha, falecido em setembro de 2020, com apenas 54 anos. «O professor foi e continua a ser muito importante na minha vida e todas as homenagens que lhe possa fazer ficarão sempre aquém daquilo que ele fez por mim não só enquanto atleta, mas também enquanto homem. O professor não foi só relevante para mim mas para todo o atletismo nacional e pelo meio-fundo em particular. A motivação de obter resultados que sei que o deixariam orgulhoso é uma energia extra na minha vida», concluiu.

No lado feminino, após impressionante exibição de corrida a solo, a também queniana Agnes Ngetich , 22 anos, bateu o recorde do Mundo para corridas exclusivamente para mulheres, correndo os 10 km em 29.24 (14.25 aos 5 km). A melhor marca de sempre, embora numa corrida com homens, é de 29.14 m e pertence à etíope Yalemzerf Yehualaw desde feverero de 2022.