Rúben Amaral melhor português nos Europeus de corta-mato
Atleta classificou-se na 14.ª posição da corrida de sub-23. Lara Costa foi 15.ª em sub-20 nesta competição que decorreu este domingo em Bruxelas, na Bélgica
Rúben Amaral foi o melhor português nos Europeus de corta-mato que decorreram este domingo em Bruxelas, na 14.ª posição na corrida de sub-23, um lugar acima da compatriota Lara Costa, a 15.ª em sub-20 e a mais bem classificada das atletas da seleção nacional na Bélgica.
Rúben Amaral registou o tempo final de 24.23 minutos, mais 41 segundos do vencedor, o britânico Will Barnicoat. Enquanto Etson Barros, principal esperança da seleção portuguesa nesta competição, conclui a prova na 31.ª posição, a 27 segundos de Rúben Amaral (24.50 minutos), seguido de João Pais (32.º, com 24.59), ambos a mais de um minuto do vencedor. O quarto representante luso, Pedro Amaro, não terminou.
No final da corrida disputada em terreno bastante enlameado, Rúben Amaral afirma-se surpreendido com a posição cimeira entre portugueses. «Não estava à espera de ser o melhor elemento da equipa portuguesa, uma vez que estavam aqui bons atletas, especialmente o Etson [Barros], que habitualmente luta por medalhas. Mas a verdade é que eu trabalhei muito este inverno, cheguei a ter treinos em Monsanto tão duros que eu olhava para os olhos do meu treinador e não via ali bondade, via apenas exigência, e isso acabou por resultar nesta posição e nesta classificação. Posicionei-me bem no princípio da corrida, mas depois fui perdendo alguns lugares, porque estava com muito medo de cair e se isso sucedesse não tinha possibilidade de recuperar. Felizmente mantive um ritmo certo, fui ganhando lugares até ao final. Estou muito satisfeito», disse o atleta, de 23 anos, do Sporting.
Portugal terminou no sétimo lugar na classificação coletiva de sub-23, repetindo o melhor registo, obtido em 2009, 2010 e 2021.
SUB-20: LARA COSTA 15.ª
Lara Costa foi a melhor portuguesa em sub-20, no 15.º lugar, com o tempo de 19.52 minutos, a mais de minuto e meio da vencedora, a britânica Innes Fitzgerald. A jovem portuguesa do Várzea, que ainda é sub-18, fez uma corrida de trás para a frente, galgando lugares a cada volta.
«O objetivo era ficar muito perto das primeiras, melhorando o 47.º lugar do ano passado. Mas este 15.º lugar é que não esperava. Consegui fazer esta prova, adaptar-me ao percurso, mas escorreguei várias vezes, especialmente na partida, em que quase caí», afirmou Lara Costa.
«Foi uma boa aprendizagem, pois tenho ainda mais dois anos neste escalão e sei que vou ficar mais à frente no futuro. Hoje tentei controlar a minha corrida, porque era 5 km e não estou muito habituada e o percurso era mesmo muito duro», referiu no final da prova a jovem atleta, líder da equipa portuguesa que terminou em 12º lugar coletivamente, em que estiveram integradas ainda Petra Santos (57.ª, com 20.54m), Stela Fernandes (60.ª, 21.16m) e Diana Fernandes (69.ª, 21.57m).
SUB-20 MASCULINOS
Nos sub-20 masculinos houve emoção até ao final, com três atletas a lutarem pelas medalhas ao sprint, vencendo o dinamarquês Axel Van Christensen, que se superiorizou ao neerlandês Niels Laros, um dos favoritos.
Lourenço Rodrigues foi o melhor português, na 34.ª posição, com 17.29 minutos. «O meu objetivo era fazer o meu melhor para o coletivo, era esse o meu principal pensamento, não ser o melhor português. Queria chegar na melhor classificação possível e na minha estreia acho que ficar no top-35 é bom e acaba por estar dentro das expetativas. O percurso é muito duro, como se pode ver pela minha figura, todo enlameado. Não era duro pelos declives, mas por esta lama alta, que nos obrigou a ter bicos mais compridos, num terreno ao qual não estamos muito habituados em Portugal», disse o atleta da Juventude Ilha Verde.
Portugal terminou em 13.º lugar na classificação coletiva, para a qual pontuaram, além de Lourenço Rodrigues, Rui Mineiro (67.º, em 18.28) e André Geada (79.º, em 19.00). André Barbosa nunca se sentiu bem, queixando-se das costas, sendo a segunda baixa da equipa, já que João Pedro Santos, adoentado, não seguiu para Bruxelas.
Na competição de sub-23 feminina, Portugal esteve representado por apenas uma atleta, Inês Borba, que se classificou na 48.ª posição, com o tempo de 29.33 minutos. A vencedora foi a britânica Megan Keith.
SENIORES: ANDRÉ PEREIRA 28.º
Em seniores, sem qualquer representante lusa na competição feminina, em masculinos a medalha de ouro foi decidida nos metros finais, com o francês Yann Schrub a impor-se ao norueguês Magnus Tuv Myhre e ao belga Robin Hendrix.
Mais para trás, os portugueses tentavam a melhor classificação possível, com André Pereira a correr muito tempo no top 20, mas a descer ao 28.º lugar final (31.15 minutos), como melhor português. «Hoje experiência que tenho nestas provas não me ajudou. Subestimei um bocado o percurso. Arrisquei um bocado no início, porque me sentia bem e acreditava que era possível manter-me assim. Contudo, houve uma altura em que não me senti bem e tive de abrandar o ritmo para voltar a sentir-me capaz. Isso permitiu-me recuperar e ter mais forças para o final», disse André Pereira.
«Tivemos alguns resultados surpreendentes, de jovens que se prepararam bem, num corta-mato muito difícil, em percurso e dureza à qual estamos pouco habituados, muito diferente do que encontramos em Portugal», acrescentou o mesmo atleta.
Em termos coletivos, Portugal fechou em 10.º lugar, classificação para a qual contribuíram, além de André Pereira, também Miguel Moreira (34.º, com 31.25 m) e Alexandre Figueiredo (57.º, 32.23). De fora dos lugares pontuáveis ficaram João Pedro Pereira (58.º, 32.28) e Duarte Gomes (que não terminou a corrida).