Português faz 4800 km de bicicleta em 11 dias e quer mais...

Ciclismo Português faz 4800 km de bicicleta em 11 dias e quer mais...

CICLISMO28.06.202317:37

João Pombinho tornou-se o primeiro português a concluir a Race Across America (RAAM), a prova rainha do ultraciclismo, com 4800 quilómetros a percorrer em 11 dias.

«Quando se fala em prova rainha é porque equivale à Volta a França do ultraciclismo. É a volta maior. É uma prova que tem cerca de 30% mais do que a distância da Volta a França e que é feita em metade do tempo e sem dias de descanso», afirmou o engenheiro informático, que a partir do dia 13 de junho ligou, de bicicleta, Oceanside, na Califórnia, e Annapolis, Maryland, nos Estados Unidos, onde chegou no último domingo (25).

Nesta autêntica epopeia velocipédica, Pombinho, ou Ultra Pigeon [Ultra Pombo] subiu a passagens de montanha a 3200 metros de altitude dois dias depois de ter atravessado o deserto, sob temperaturas de 50 graus.

«É um choque muito grande para o corpo em termos de disponibilidade de oxigénio e de aclimatização. Há coisas que temos de jogar na antecipação. No deserto, para prevenir infeções coloquei gotas lubrificantes regularmente nos olhos», contou.

«Numa prova como o RAAM, tem de se juntar outros ingredientes ao físico. Por um lado, a força mental, por outro, o planeamento. Arrisco-me a dizer que nenhum ciclista, por melhor que seja, cai na RAAM e faz a RAAM. O físico sozinho não leva ninguém ao fim da prova», disse Pombinho, que na aventura esteve acompanhado por um staff de sete pessoas, que trataram da «condução, navegação, preparação de equipamentos e de comidas», explicou.

Ao longo dos 11 dias, o ultraciclista alimentou-se do que era «possível ingerir em andamento», como «sandes de compota ou de manteiga de amendoim», procurando ter atenção aos hidratos e às proteínas para «prevenir a perda de massa muscular».

«Tudo o que pode se feito na bike tem de ser feito na bike. É um dos princípios sagrados», notou.

O ultraciclista amador, conhecido por Iron Pigeon, intensificou a atividade desportiva em 2016, como forma de «lidar com a partida prematura do pai», que era um «apaixonado pelo ciclismo» e antes da RAAM participou em diversas provas, contando com presenças nos cinco ‘Monumentos’ do ciclismo (Milão-Sanremo, Volta à Flandres, Paris-Roubaix, Liège-Bastogne-Liège e a Volta à Lombardia).

No último ano, João Pombinho e a equipa prepararam-se através de nove treinos em que «ensaiaram paragens, trocas de equipamentos e o tipo de comida que funciona ou não conforme os ambientes».

«Há um conjunto de dificuldades físicas que tem a ver com o facto de o corpo estar permanentemente numa posição restrita. É preciso alongar o pescoço e os ombros. Depois há zonas de fricção que têm de ser geridas com pinças», referiu.

Pombinho já tem presença marcada na edição de agosto do Paris-Brest-Paris, a prova de ultraciclismo mais antiga do mundo, cuja origem remonta a 1891. «Nunca vou para uma prova sem estar inscrito em outra. É uma regra que tenho», concluiu.