«Não quero revelar o objetivo que levo para o Mundial. É forte!»

Natação «Não quero revelar o objetivo que levo para o Mundial. É forte!»

NATAÇÃO12.07.202317:59

Com partidas divididas entre os aeroportos de Lisboa (3 nadadores) e Porto (5) para depois seguirem viagem para o Japão, partiu, ao final desta manhã, a Seleção de natação pura que, entre 23 e 30 de julho, irá disputar o 20.º Campeonato do Mundo de Fukuoka e que antes efetuará um estágio de adaptação de uma semana em Nagasaki.

Entre os oito nadadores, Diogo Ribeiro. Depois de na temporada passada ter brilhado no Europeu de Roma e Mundial júnior de Lima e se ter tornado na imagem modalidade e esperança de grandes resultados numa carreira prometedora, aos 18 anos irá estrear-se num Mundial absoluto. Já totalmente desligado das redes sociais para se focar nos objetivos – há um que mantém secreto – falou, provavelmente, pela última vez até ao final do evento.

- Finalmente vem aí o primeiro Mundial absoluto. Há quanto tempo é que sonha com ele?

- Desde pequeno que sonho competir num Mundial absoluto. Sempre quis fazer provas pela Seleção como sénior, sempre treinei para isso e, agora, poder ir e com tempos bastante competitivos é um sonho e vou dar o meu melhor.

- E partir para o Japão qualificado a tudo [50 e 100 livres e 100 mariposa] a que aspirava para estar nos Jogos de Paris-2024, sem contar com a estafeta masculina de 4x100 estilos, permite-lhe nadar mais tranquilo e relaxado, não em termos competitivos, mas da preocupação quanto à qualificação?

- Sim, as qualificações tiraram-me um peso dos ombros. Já não vou com aquele nervosismo de querer fazer mínimo para os Jogos, mas sim para lutar para fazer os nossos melhores tempos e dar o melhor que pudermos.

- Em termos concretos qual é o seu objetivo no Mundial?

- É sempre fazer melhor marcas pessoais, mas o objetivo que levo guardo-o para mim. Não o quero revelar. É forte! Já sabem que coloco sempre um objetivo elevado…

- Isso é uma medalha?

- Não sei, não sei… Primeiro tenho de competir nas eliminatórias, passar à meia-final e depois até posso ir à final. Aí logo se vê. Numa final tudo pode acontecer.

- Chegar às quatro meias-finais individuais [50 e 100 livres, 50 e 100 mariposa] deixá-lo-ia já bastante satisfeito?

- Completamente! Até porque vou ter outra vez aquele pouco tempo de descanso entre algumas provas [ao sexto dia tem na mesma manhã as eliminatórias dos 50 livres e 100 mariposa]. Por isso seria o culminar de um ano em grande.

Fotografia Luís Filipe Nunes/FPN

- Praticamente 12 horas antes de partir para o Japão, ainda que vão fazer um estágio de adaptação de uma semana em Nagasaki, saiu a start list do Mundial e nos 50 mariposa onde surge com o 8.º melhor tempo. Logo numa prova que tanto lhe tem marcado a carreira [recordista e campeão mundial júnior em Lima-2022, bronze no Europeu absoluto Roma-2022, ouro nos Jogos do Mediterrâneo Orã-2022]. Como é viu isso? Enviaram-lhe, descobriu sozinho e como se sentiu?

- Somos nadadores. Estamos o ano todo a ver no swimrankings em que posição nos encontramos. Claro que não sabia quem ia ou não ao Mundial, mas ao ser 8.º passei a saber quem vai lá estar. E há ainda a o facto da Rússia não ir, mas por outros motivos. De qualquer maneira, a prova vai estar superforte e figurar em 8.º pode também ser uma coisa para enganar a cabeça dos atletas. De qualquer maneira vai ser dar o máximo e se conseguir ser melhor do que o 8.º lugar é o que farei.

- E gosta de começar o Mundial a nadar os 50 mariposa logo no primeiro dia?

- Não! Sou sincero, não gosto…

- Mas o Albertinho gostou [Alberto Silva, selecionador nacional]  

- Eu sei, mas preferia que fosse, por exemplo, os 100 mariposa ou mesmo os 100 livres e que os 50 mariposa ficassem como a terceira prova que iria nadar. Era o ideal. Mas o programa está feito e só temos de ir para cima como está.

- O Mundial de estreia decorrer no Japão tem algum significado para si?

- Não. Sei que já não havia um há algum tempo ali e nunca fui sequer para aqueles lados, por isso também vai ser bom para conhecer o país. Espero que goste, e me sinta bem.

Fotografia Luís Filipe Nunes/FPN

- Onze meses depois daquele Mundial júnior marcante no Perú há alguma coisa, em termos de experiência, que procure transportar para este?

- O meu pensamento é sempre dar o melhor. Seja qual for a prova e até quando estou menos em forma. Quanto a experiência, tenho-a vindo a ganhar. O Europeu foi a primeira prova que fiz em absolutos [ainda era júnior]. Correu bem. Não estava com aquela pressão nem a pensar o que ia fazer. Até porque não me encontrava num lugar muito bom na start list. Era aquela vontade de jovem de quem queria apenas dar o seu melhor, mesmo não sabendo o que iria fazer.

No Mundial de Lima já existia o sabor amargo de, em Roma, não ter conseguido bater o recorde do mundo júnior dos 50 mariposa, por isso já levava esse objetivo.

Agora será uma competição em que já possuo alguma experiência, sei como é estar ao lado deles e, como referi antes, irei dar o máximo. Espero que corra bem.

- Conhecendo o seu hábito de gostar de dormir com uma medalha para se motiva, qual é que, neste momento, é a preferida?

- Não tenho as quatro medalhas da época passada – três do Mundial júnior e a do Europeu. Estão emolduradas em casa, em Coimbra. Por isso não tenho dormido com nenhuma.

- Leva algum amuleto para esta estreia?

- Por acaso não.

- E há alguma superstição ou tenta afastar-se disso?

- Tenho sempre os meus tiques, rituais: subir ao bloco a rezar ou benzer-me. Mas também mexer nos óculos, atirar os braços várias vezes a aquecer ou bater duas vezes em todos os sítios [do corpo]. São tiques e fazem parte de mim.

- Mas é religioso? Acredita na fé?

- Sim, acredito. Sou religioso, rezo bastantes vezes à noite.  

- Sendo de Coimbra vai a Fátima. Foi lá antes desde Mundial?

- A fé que tenho é interior, mas já fui umas três vezes a Fátima depois do Mundial júnior. Até porque nos Nacionais em Leiria ficámos num hotel em Fátima. Tínhamos uma capela no hotel e eu e o Mike [Miguel Nascimento, colega no Benfica e Seleção] íamos rezar antes das provas.

- Após o incrível ano que viveu em 2022 e tendo vindo a melhorar sempre os seus tempos, o que poderia tornar 2023 ainda melhor? Uma medalha?

- Melhorar os tempos, mas ganhar uma medalhar no Mundial é sempre o sonho de qualquer atleta. Se tudo corresse 100 por cento bem acredito que seria possível. Por vezes isso não acontece e depois temos de saber em que é que errámos, voltar a repetir nos treinos e melhorar. Se isso [errar] acontecer é repetir tudo no próximo ano para regressar ainda mais forte para os Jogos Olímpicos.

MUNDIAL DE FUKUOKA

Masculinos

Diogo Ribeiro        Benfica   

50 e 100 livres, 50 e 100 mariposa, 4x100 estilos

Gabriel Lopes       Louzan   

100 bruços e 200 estilos, 4x100 estilos

João Costa    V. Guimarães 

50, 100 e 200 costas, 4x100 estilos

Miguel Nascimento      Benfica   

50 livres, 50 mariposa, 4x100 estilos

Femininos

Ana Rodrigues               Desp. Viana    

50 livres, 50 e 100 bruços

Camila Rebelo                Louzan   

50, 100 e 200 costas

Diana Durães Benfica   

1500 livres

Tamila Holub  Braga      

800 e 1500 livres

Selecionador: Alberto Silva