Ciclismo Morte de Gino Mader deixou o mundo do ciclismo em choque
A notícia da morte do corredor suíço Gino Mader ao final da manhã desta sexta-feira, após quase um dia a lutar pela vida devido a lesões graves sofridas na sequência de uma queda, na véspera, na quinta etapa da volta ao seu país, chocou o mundo do ciclismo e acrescentou o nome do atleta de 26 anos aos de muitos ciclistas que desde o início do último século perderam a vida durante uma corrida de estrada.
Ciclistas profissionais, como o britânico Tom Simpson, que sucumbiu a um ataque cardíaco no Mont Ventoux durante o Tour de França de 1967, o italiano Fabio Casartelli, vítima de queda também na corrida francesa, em 1995, ou os portugueses Joaquim Agostinho, por queda causada por um cão na Volta ao Algarve de 1984, e Bruno Neves, em 2008, na Clássica de Amarante, após paragem cardíaca, são apenas alguns dos mais renomados, a que se junta Gino Mader.
O corredor, de 26 anos, da equipa Bahrain Victorious, não resistiu aos ferimentos causados pela queda numa ravina, depois de perder o controlo da bicicleta na descida final da etapa, em La Punt, quando rodava a alta velocidade (quase 100 km/h), nos Alpes suíços.
«É com a mais profunda tristeza e o coração despedaçado que anunciamos a morte de Gino Mader», escreveu a equipa árabe do WorldTour em comunicado. «Gino perdeu a batalha para recuperar das graves lesões que sofreu. A nossa equipa está devastada com este trágico incidente e os nossos pensamentos e orações estão com a família enlutada», refere a equipa na mesma nota.
«Apesar dos melhores esforços da fenomenal equipa de médicos no Hospital Chur, Gino não conseguiu superar o seu último e maior desafio, e às 11h30 despedimo-nos de uma das estrelas da nossa equipa. Gino foi um atleta extraordinário, um exemplo de determinação, um membro valorizado da nossa equipa e de toda a comunidade do ciclismo. O seu talento, a sua dedicação e sua paixão pelo desporto inspirou-nos a todos», conclui a Bahrain na referida mensagem.
Gino Mader foi prontamente socorrido no local, onde foi encontrado em paragem cardiorrespiratória, junto a um riacho, e reanimado no local pelo médico da Volta à Suíça, antes de ser transportado de helicóptero para o Hospital de Chur.
O britânico Magnus Sheffield, da Ineos Grenadiers, esteve envolvido no acidente, caindo também no mesmo precipício e encontra-se hospitalizado com uma concussão, mas em estado clínico considerado pouco grave.
Milan Erzen, diretor geral da Bahrain Victorious pronunciou-se sobre a tragédia que se abateu sobre a sua equipa. «A equipa competirá em homenagem a Gino, mantendo viva a sua memória em todas as estradas que percorrermos. Estamos determinados a mostrar o espírito e a paixão demonstrados por Gino, que será sempre parte integrante da nossa equipa», escreveu o dirigente.
A sexta etapa da Volta à Suíça, ontem, foi neutralizada em homenagem a Gino Mader. O pelotão percorreu os últimos 30 quilómetros do trajeto em marcha lenta, sob liderança dos companheiros de equipa do corredor helvético.
Nascido em Flawil (St. Gallen, Suíça) a 4 de janeiro de 1997, Gino Mader deu o salto para o profissionalismo em 2019 depois de se ter destacado como sub-23. Como jovem, em 2018, venceu duas etapas de montanha e foi 3.º classificado na Volta ao Futuro, dividindo o pódio com Tadej Pogacar e Thymen Arensman. Mader estreou-se nas fileiras da equipa sul-africana Dimension Data, onde esteve duas temporadas - na segunda (2020), a equipa passou a denominar-se NTT Pro Cycling - antes de assinar, em 2021, pela Bahrain Victorious, equipa em que conquistou as duas vitórias mais importantes: na 6.ª etapa do Giro de 2021, no topo de Ascoli Piceno; e na 8.ª etapa da Volta à Suíça nesse mesmo ano.
Exímio trepador, Mader correu quatro grandes voltas, destacando-se o 5.º lugar na Vuelta em 2021. Na Vuelta 2021, o suíço preconizou curiosa iniciativa, em que prometeu doar um euro a uma organização ambientalista por cada adversário que terminasse atrás de si nas 21 etapas da corrida espanhola.
Na temporada de 2022, Gino Mader foi segundo na Volta à Romandia, atrás do russo Aleksandr Vlasov, e em 2023 quinto na Paris-Nice, batido apenas por grandes estrelas como Tadej Pogacar, David Gaudu, Jonas Vingegaard e Simon Yates.