Gabriel Lopes: «Foi pena não ter tocado o hino» (vídeo da prova)

Natação Gabriel Lopes: «Foi pena não ter tocado o hino» (vídeo da prova)

NATAÇÃO03.08.202321:35

«Para ser sincero, quando viemos para cá já sabíamos que havia hipótese de lutar por uma medalha. Os tempos que conseguira antes e as vezes que nadei no Mundial confirmavam que a luta pelo pódio era possível. Além do mais esta competição calhava bem em termos de calendário, logo a seguir ao Campeonato do Mundo de Fukuoka e a viagem do Japão para a China era curta. Tudo ajudava», começou por contar a A BOLA Gabriel Lopes, de 21 anos, após, hoje, ter conquistado a medalha de ouro dos 200 estilos nos 31.º Jogos Mundiais Universitários Chengdu-2023, com o tempo de 1.59,12m.

Segunda título de campeão nas Universíadas para Portugal num dia, juntando o alcançado no atletismo por João Coelho nos 400 metros - com recorde nacional de 44,79s e mínimos para os Jogos de Paris-2024 -, e segunda medalha nesta edição para a natação depois de, na véspera, Camila Rebelo ter sido prata aos 200 costas.

Primeira de sempre no setor feminino e quarta no total com o duplo pódio obtido por Alexandre Yokochi nos 200 bruços, com ouro em Zagreb-1987 e prata em Kobe-1985.

«Só quando viemos para Chengdu é que olhámos para a start list e, tendo em conta os participantes e os tempos, confirmámos que era absolutamente possível lutar pela medalha de ouro. Afinal até acabou por ser mais fraco que esperávamos», reconheceu o nadador do Louzan que, na véspera, parara o cronómetro nas eliminatórias aos 2.03,48, (10.º em 31 participantes) e depois foi o mais rápido das meias-finais, 2.00,69. Na decisiva prova, relegou o nadador de Taiwan Hsing-Hao Wag (2.00,00) e o alemão Marius Zobel (2.00,56) para os restantes degraus do pódio.  

«Também contava fazer um tempo melhor do que este. Pelo menos ao nível daquele que consegui nas eliminatórias do Mundial, mas nestas situações de final o que interessa é classificação e consegui a medalha de ouro. Por isso estou satisfeito», afirmou Gabriel que há um ano foi bronze no Europeu de Roma-2022. Quarta medalha de sempre do País no campeonato continental.  

Já em Fukuoka cumpriu a distância em 1.58,77m nas qualificações (14.º/53) para depois fazer 2.00,26m nas semifinais (16.º).

E onde é que situa esta medalha na sua carreira? Qual é o nível de satisfação que lhe traz comparando-a com todas as restantes que ganhou, seja qual for a prova? «Sei que é uma medalha internacional, mas não de uma competição do nível de um Europeu ou Mundial. No entanto, não se deve tirar-lhe o valor que a competição tem. Considero que a medalha do Europeu continua a ser o maior feito da carreira, já esta… se calhar ponho-a em segunda no ranking».

Além de ter sempre como objetivo tentar bater o recorde pessoal [1.58,34, no Euro Roma-2022], tanto para o Mundial no Japão como para as Universíadas levava outro: obter mínimos para os Jogos Paris-2024, que ainda não foi conseguido. Como é que se sente em relação a isso e o que é que pensa que tem estado a faltar: velocidade em algum estilo, resistência...?

«Sim, fazer mínimo para os Jogos era o grande objetivo desta época. Não consegui. Voltará a sê-lo na próxima. Quanto ao que temos de fazer, teremos de pensar uma coisa de cada vez. Vou-me sentar com o Vítor [Ferreira, treinador] e analisar o que fizemos ou não para chegarmos a uma conclusão», responde.

Mas acha da falta mais velocidade em algum segmento? Nestas provas que fez em duas semanas sentiu que houve alguma coisa em que gostava de melhorar? «Gostar de melhorar, gostava de o fazer em muita coisa [ri-se], mas… sobretudo numa prova de 200 estilos, na qual tem de se ser multifacetado, é difícil de apontar apenas para um aspeto».

«É necessário ter-se muitas capacidades nos quatro estilos e quando se puxa de um lado, tira-se do outro, o que obriga a um certo balanço ao longo da prova», explica.

«A resposta a essa pergunta é que ainda não tenho um plano sobre o que vamos fazer ou mudar para alcançar o mínimo», diz Gabriel Lopes, que competiu nos Jogos de Tóquio precisamente nos 200 estilos.

Neste dia marcante, a única coisa que Gabriel sentiu mesmo, além do visto olímpico, foi não terem tocado ‘A Portuguesa’ na cerimónia de pódio já noite dentro. «Nestes Jogos existe uma filosofia de igualdade entre todos e por isso não tocam o hino dos países, apenas o da FISU. Sim, tive pena que não o tivesse ouvido, mas a bandeira estava lá e foi um momento emotivo. Estou bastante feliz e no final gostei de partilhar isso, particularmente com o meu grupo de trabalho, assim como com toda a gente da Missão da FADU.»