«É um preconceito acharem que são inválidos»
André Weigert é diretor da Unidade de Transplantação Renal do Hospital de Santa Cruz, unidade de prevenção aos Jogos Europeus para Transplantados (Foto: André Weigert/Facebook)

«É um preconceito acharem que são inválidos»

André Weigert, diretor da Unidade de Transplantação Renal do Hospital de Santa Cruz, destaca a importância do exercício físico adequado a cada pessoa, numa altura em que Lisboa acolhe os Jogos Europeus para Transplantados

Provas de superação como as dos centenas de atletas que estarão em ação nos Jogos Europeus para Transplantados, que decorrem a partir deste domingo, em Lisboa, mostram que há vida além de um transplante. Ideia reforçada pelo médico André Weigert.

«Temos um doente que faz diálise e foi fazer mergulho a Bali. Encorajamos que o exercício seja realizado por doentes que o possam fazer. Procuramos que vivam com o problema e não para o problema. Há pessoas transplantadas que correm a maratona, é um preconceito acharem que são inválidos», sublinha, recordando episódio: «Uma vez, a mãe de um jovem transplantado disse-me: ‘O meu filho quer ir jogar futebol com os amigos mas não deixo’. Disse-lhe: ‘Deus me livre que não deixe, sou eu que imponho — quero que corra, suba às árvores, não quero que fique obeso ou diabético'. Temos de desconstruir certos mitos.»

Diretor da Unidade de Transplantação Renal do Hospital de Santa Cruz, que está de prevenção para os Jogos, diz que o protocolo «não é muito diferente» dos demais eventos: «Já vimos futebolistas colapsarem no relvado, teoricamente pessoas sem qualquer patologia. Em todas as situações de alta competição é preciso condições de reanimação; por outro lado tem de haver avaliação médica prévia. Mas é mais provável que um atleta torça um pé do que tenha um problema no órgão intervencionado», explicou.

Acima de tudo, o que espera destes Jogos é a consciencialização. «700 atletas são a ponta do iceberg, mas são um exemplo para que outros com menos limitações possam incorporar o exercício», sublinhou, além de alertar para a doação: «Houve quebra no Covid, mas já se recuperou acima dos melhores números.»

«Portugal é o terceiro país no mundo com mais dadores falecidos. Em relação ao dador vivo há espaço para melhoria, é importante estar ciente de que a doação é segura, mediante as condições estipuladas. A melhor prova é que a primeira dadora de há 30 anos continua viva e saudável aos 80 anos», frisou.

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