Dardo de Leandro Ramos acerta na frustração

Atletismo Dardo de Leandro Ramos acerta na frustração

ATLETISMO26.08.202301:34

Leandro Ramos sentia-se bem esta sexta-feira de manhã e queria qualificar-se para a final do concurso do lançamento do dardo nos Mundiais em Budapeste. O português «esperava» esse resultado no seu segundo ano na competição e por não ter conseguido alcançá-lo sai da capital húngara «ainda mais frustrado» do que na estreia, nos campeonatos de 2022, em Eugene, nos Estados Unidos.

   

O lançador, de 22 anos, arremessou o dardo a 74,03 metros no relvado do estádio do Centro Atlético Nacional, a 15.ª melhor marca no Grupo A da qualificação, aquém do registo (12.º) ou da distância de 83 metros mínimos para garantir o apuramento para a final, este sábado ao final da tarde.

«Este ano saio ainda mais frustrado. No ano passado, foi o meu primeiro Mundial, este ano já era o segundo, sentia-me melhor, estava mais bem preparado. Há atletas mais experientes que me dizem que é assim: uns dias estamos em altas e outras cá em baixo. E, quando se está em baixo, é que se dá valor ao chegar lá acima», afirmou o atleta, que concluiu o concurso no 31.º lugar entre 36 lançadores.

A desilusão que Leandro Ramos admitia em Istambul após a competição era também consequência de o lançador ter piorado a classificação (22.ª) e a marca (77,34 metros) obtidas em Eugene2022, na estreia absoluta de um atleta português na disciplina em Mundiais, dois meses depois de ter estabelecido novo recorde nacional em 84,78 metros, em maio.

«Esperava estar na final, no ano passado não consegui qualifica-me, mas este ano pensava que conseguiria, porque estou a sentir-me bem e creio que posso lançar acima dos 80 metros. O meu treinador diz que posso lançar até para recorde pessoal, mas as coisas não têm surgido. Tenho cometido alguns erros tecnicamente, daí não terem saído esses metros», declarou o natural de Oliveira do Bairro, que pretende a competir até meio de setembro, para atingir a qualificação para estreia olímpica (também portuguesa) no lançamento do dardo.

Despertar para coisa grandiosa

«Este Mundial pode despertar alguma coisa em mim, para fazer uma coisa grandiosa, como a marca de qualificação direta para os Jogos Olímpicos Paris2024 [85,50 metros]. Penso que sou capaz disso ainda este ano, só tenho de encontrar as provas certas», frisou Leandro Santos, que começou o concurso com um arremesso a 66,02, depois melhorou para a marca (final) de 74,03 e encerrou a participação com 73,55.

«Não tem nada a ver com o que pretendia. Estava física e psicologicamente bem, tenho batido recordes pessoais no treino. Tenho feito tudo muito bem, não aconteceu por algum motivo, não sei qual. Se calhar, o stress de saber que estou bem, às vezes, pode mudar um bocadinho a técnica e a minha forma de estar em competição. Mas, é o que é, e para o ano vamos estar cá [nos Mundiais]», sublinhou.

Neeraj Chopra, primeiro indiano campeão olímpico no atletismo, em Tóquio2020, e vice-campeão do mundo, foi o único lançador do Grupo A a superar os 83 metros da qualificação direta para a final, com 88,77. No outro agrupamento, o paquistanês Arshad Nadem e o checo Jakub Vadlejch, prata nos últimos Jogos Olímpicos, também superaram esta marca, com 86,79 e 83,50, numa qualificação 'fechada' aos 79,78 alcançados pelo moldavo Adrian Mardare, o último dos repescados para a final.