Olimpismo «COI não está do lado errado da História»
O alemão Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, reagiu esta segunda-feira à reunião alargada ocorrida na sexta-feira, dia 10 do corrente mês, em Londres, de representantes políticos de 36 nações que ameaçam boicotar a participação de atletas dos seus países nos Jogos de Paris-2024 caso o COI autorize que russos e bielorrussos também tomem parte, mesmo como atletas neutrais, salientando os esforços de diplomacia para uma conciliação impossível entre a clivagem de posições latente e para já irresolúvel.
«O COI não está do lado errado da História. Essa mesma História irá encarregar-se de mostrar quem tem feito mais pela paz e pela pacificação. E deixar que sejam os governantes e políticos a decidir quem vai ou não vai aos Jogos representa o fim dos mesmos e das grandes competições internacionais nos moldes em que as conhecemos», advertiu o antigo esgrimista olímpico germânico e líder do COI, que foi instado pela Comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) a abrir a porta ao regresso de Rússia e Bielorrússia sob pena de incorrer na violação do direito, consagrado também na Carta Olímpica, do inalienável direito à não discriminação com base na nacionalidade… mas que, caso o faça, enfrenta, ainda a ano e meio dos Jogos de Paris, desde já forte oposição de muitos países da comunidade internacional, face ao conflito em curso na Ucrânia, invadida a 24 de fevereiro de 2022 pelas duas nações, guerra sem fim à vista.
«Estamos a tentar encontrar uma solução justa à missão do desporto, que é unificar, e não contribuir para exponenciar a confrontação. Todos os atletas da Ucrânia devem ter presente que estamos todos e totalmente do seu lado, e que todos os seus reparos e observações são levadas em conta. Todavia, no que concerne à participação de atletas, cumprimos a nossa missão, que é a de tentar aglutinar», disse Thomas Bach aos jornalistas, durante a Taça do Mundo de Esqui, que decorre deste dia 6 e até dia 19 do corrente mês, em Méribel e Courchevel, nos Alpes (França), citado pela BBC.
A Ucrânia espoletou o movimento da ameaça de boicote aos Jogos Olímpicos de Paris-2024, caso a Rússia e Bielorrússia possam ter atletas, mesmo a competir sob símbolo e bandeira neutras, com a adesão imediata da vizinha Polónia e dos estados bálticos (Letónia, Lituânia e Estónia), além das mais poderosas e sonantes Grã-Bretanha, Austrália e Japão, para lá de Suécia, Finlândia, Islândia e Dinamarca, entre os 36 países que já debatem a ausência na capital francesa caso o COI permita atletas russos e bielorrussos. Um movimento que, alegam, junta já 40 nações contra a Rússia e Bielorrúsia poderem ter atletas nos Jogos.
Declarações de Thomas Bach que surgem após no sábado o ministro dos Desportos da Rússia, Oleg Matytsin, ter repisado ser «inaceitável» banir os atletas do país dos Jogos Olímpicos.
«Assistimos a um amargo desejo da comunidade internacional e do movimento olímpico internacional para tornar o desporto um meio de pressão para resolver diferendos políticos», afirmou Matytsin nas críticas à eventual (continuação) da exclusão, citado pela agência oficial russa Tass, palavras a que Thomas Bach reagiu colocando água na fervura.
«A nossa missão é uma missão de paz. Repito: a História irá demonstrar quem fez mais pela paz, quem tentou manter as linhas e a comunicação em aberto, e quem mais fez pela divisão e isolamento», concluiu Thomas Bach, ainda sem solução para a clivagem de posições em presença e a ameaça de boicote que ameaça Paris-2024 caso respeite as diretrizes da Comissão dos Direitos Humanos da ONU e permita Rússia e Bielorrússia nos Jogos.