Volta a Portugal Campeão Maurício recupera e desdramatiza insultos que ouviu na subida à Torre

MAIS DESPORTO15.08.202316:59

Maurício Moreira, de 28 anos, o uruguaio da GlassDrive-Q8-Anicolor que defende nesta Volta a vitória de 2022 na prova, respirou fundo, sacudiu a poeira e levantou a cabeça, pronto para, e uma vez afastado da corrida pela vitória na classificação geral individual após um dia desastroso na etapa entre Mação e a Torre, trabalhar para que um dos seus companheiros de equipa o consiga, já recuperado após o esforço tremendo da véspera, que o deixou maltratado e obrigou a assistência médica.

Mas à partida da 6.ª etapa, esta terça-feira, em Penamacor, antes dos 111 resistentes abalarem rumo à Guarda, o sul-americano surgiu já com muito melhor cara, após o sofrimento e exaustão da véspera, e conformado com o que um simples dia mau dita para o resto da prova, até domingo, em Viana do Castelo.

«É muito difícil aceitares que o corpo não responda como queres. Mas foi simplesmente um dia que não correu bem, é ciclismo. Agora, é mudar o ‘chip’ de tentar lutar pela vitória pelo ‘chip’ de gregário e trabalhar em prol dos meus companheiros de equipa que ainda podem lá chegar [à vitória]. E merecem que o faça, após o que fizeram por mim, já», afirmou-nos o uruguaio de Salto, ainda combalido pelo tremendo sacrifício da véspera, na Estrela.

Se não se encostasse a um corredor do Feirense, a cambalear como vinha, ter-se ia estatelado no alcatrão em plena chegada à Torre.

«Já vinha mal, já tinha feito um esforço para recolar ao pelotão uma vez. Olha, nem sei como acabei a etapa, estava todo ‘roto’, sem pinga mais para dar de mim», acrescentou quem confirma mais uma pequena mácula nesta Volta: foi… insultado por alguns fãs na subida à mítica Torre, e ampliou o que na segunda-feira dissera à RTP

«Sim, é verdade. Fui alvo de muitos insultos do público. Porquê? Não sei, perguntem a eles. Vale o que vale. Faz parte do ciclismo e da vida. Quem trabalha numa fábrica também se arrisca a ficar com um rabo gordo, não vou dar mais importância do que a que merece», resumiu Maurício Moreira, sem querer acreditar ter sido invetivado por ‘haters’ pela sua nacionalidade ou porque os adeptos têm outro como ídolo do seu coração, o que seria inaceitável.