V. Guimarães-Fiorentina, 1-1 Vitória com dimensão europeia e sem medo de gigantes (crónica)
Equipa de Rui Borges dominou o jogo e não merecia ter sofrido o empate tão perto do fim. Mesmo assim, está nos oitavos de final e acabará em segundo lugar a fase de grupos da Liga Conferência, atrás do Chelsea
Tem dimensão europeia este Vitória de Guimarães. E tem também muito pouco medo de gigantes como a Fiorentina, equipa com recursos que não são os da equipa minhota, mas que teve de sofrer no Dom Afonso Henriques e bem pode ficar feliz com o empate num encontro em que os minhotos mandaram. Bem merece o conjunto de Rui Borges terminar em segundo esta primeira fase, atrás apenas do Chelsea.
O Vitória procurou jogar no meio-campo da Fiorentina, pressionou, mas nos primeiros minutos não encontrou forma de travar as rápidas transições da equipa italiana, que por duas vezes esteve muito perto de marcar, por Kouamé e Ikoné.
Os minutos iam passando e a Fiorentina crescendo, crescendo, crescendo. E o Vitória obrigado a baixar linhas, como que numa camisa de forças e sem capacidade para causar dano à competente defesa italiana.
Durou pouco esta tendência. Aos 20 minutos Nuno Santos a subir pelo centro do terreno e a rematar com perigo para a baliza de Terracciano. Era o sinal que faltava. O empate até bastava para a qualificação direta para os oitavos de final, mas os vimaranenses sabiam que tinham de marcar e por muito pouco não o conseguiram logo aos 26 minutos: o remate de Kaio César a obrigar Terracciano a defesa para a frente e Gustavo Silva a desperdiçar o que não devia, rematando por cima da trave com o guarda-redes fora do lance.
O futebol tem desta coisas, quanto maior a pressão da Fiorentina, mais o jogo se partia e mais confortável surgia o Vitória. É certo que ia sofrendo e permitindo que os italianos levassem o perigo à sua área, mas nunca deixou de procurar chegar a zonas de finalização e obrigar a defesa italiana a errar.
O contra-ataque perfeito
Até que lá apareceu o contra-ataque perfeito que a equipa tanto buscou: Kaio César rompeu pela direita e assistiu Gustavo Silva, que só teve de encostar para o fundo da baliza. Meio golo para o 11 do Vitória.
No início do lance que deu vantagem, Tiago Silva a fazer toda a diferença, guardando a bola até ao limite e soltando-a no momento certo para que Kaio César desequilibrasse. E Kaio César desequilibrou!
Com a equipa da casa em vantagem, ficou mais vincada a estratégia de Rui Borges, que pediu aos seus jogadores agressividade a defender e rapidez no contragolpe, o que fez com que o Vitória tivesse algumas oportunidades mais para marcar e ajudar a resolver o encontro.
Mas nestes jogos há erros que não se podem cometer, mas Gustavo Silva teve aos 42 minutos nos pés a oportunidade de dobrar a vantagem, mas deixou-se cair e viu cartão amarelo por simular penálti. Talvez tenha estado aí a diferença entre ganhar e empatar.
Vendo que estava a deixar escapar o jogo, Raffaele Paladino lançou para a segunda parte Adli e Ranieri. Era preciso ganhar o meio-campo, mas nunca a Fiorentina conseguiu tal coisa.
Moise Kean e o empate
O que não mudou foi a atitude do Vitória, que teve o primeiro remate do segundo tempo, com João Mendes a rematar por cima (47) e logo a seguir Tiago Silva a disparar cruzado ao lado. Terracciano estava batido.
O jogo parecia controlado, por muito que Adli conseguisse uma e outra vez criar perigo. Era preciso que a Fiorentina fizesse algo mais, que lançasse Moise Kean. E o avançado entrou mesmo e por muito pouco não marcou aos 66 minutos.
Jogo sempre vivo, intenso e no minuto 75 um dos lances mais espetaculares: remate fortíssimo do meio da rua de Gustavo Silva e defesa fantástica de Terracciano a não deixar que a vantagem do Vitória se tornasse irreversível.
O Vitória não baixava o rendimento, não perdia ambição. Recusava-se a baixar no terreno e era a equipa que maia procurava o golo, com Kaio César a voltar a ameaçar aos 77 minutos.
Até ao fim, forçou a Fiorentina e acabou por ser feliz aos 87 minutos, com Mandragora a empatar.
No que restava para o fim, o Vitória voltou a ser Vitória, a procurar o golo, a ter bola e a chegar a zonas de finalização. Não chegou, mas fica uma exibição de mão cheia.