«Vício» de «subir patamares» alimenta ambições do Benfica ante o Lyon
Filipa Patão destacou a ambição constante das jogadoras encarnadas como garantia de que lutarão com o Lyon pela passagem às meias finais da Liga dos Campeões feminina, apesar do poderio do adversário; Pauleta apelou à presença massiva de público na Luz, esta terça-feira
A noite desta terça-feira constituirá um momento inédito na história do futebol feminino do Benfica e, em simultâneo, em todo o panorama feminino de clubes em Portugal: as águias irão receber o todo-poderoso Lyon, oito vezes campeão europeu, pela primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. Um patamar ao qual nunca nenhuma equipa portuguesa havia antes chegado, mas a mensagem passada na conferência de antevisão ao desafio foi a de que as ambições da equipa encarnadas não se ficam por aí.
No lançamento ao embate com as francesas, realizado na sala de imprensa do Estádio da Luz, onde o encontro terá lugar, a treinadora Filipa Patão destacou a evolução acelerada das suas comandadas, que lhe permitiu chegar à presente fase e que tal se deve ao constante desejo de continuar a subir patamares. «Temos de continuar a querer ser mais competitivos e é muito isso que temos transmitido e também o que as próprias jogadoras sentem: quantos mais patamares sobem, mais querem subir», assinalou, orgulhosa, a técnica encarnada.
«Quanto mais escadarias percorremos, o nosso corpo e a nossa mente parecem querer mais e precisar de mais e isto é muito o vício do desporto: se começarmos a correr, as primeiras vezes custam, mais depois disso parece que o nosso corpo precisa que continuemos a correr mais. É um vício», comparou Filipa Patão, que estudou o Lyon ao pormenor e identificou o perfil do adversário de forma a explorar lacunas ou a provocá-las com uma exibição ao mais alto nível nos planos desportivo e estratégico.
«A verdade é que o Lyon não teve uma vida fácil quando teve pela frente blocos fechados e bem compactos, umas vezes contra linhas de cinco e outras vezes perante linhas de quatro, mas com blocos compactos, e que principalmente consigam chegar aos corredores laterais e ajudar à largura. Têm alguma dificuldade em entrar nesses blocos, mas também já as tiveram perante equipas que pressionaram alto. Por isso, agora será uma estratégia nossa», avançou, não levantando o véu sobre qual das duas abordagens escolherá para a partida.
O Benfica reencontra-se com o Lyon pouco mais de dois anos após um primeiro cruzamento entre as duas equipas, na altura pela fase de grupos (oitavos de final) da Champions, realizando dois jogos que, tanto no Seixal como em França, terminaram com triunfos robustos (dois 5-0) para as gaulesas. Pauleta já fazia parte da equipa benfiquista nesse momento e compara as duas realidades, pouco distantes no tempo mas ainda assim bem distintas no que respeita à experiência internacional do conjunto benfiquista.
«Acho que a principal diferença da equipa em relação há dois anos é não só na qualidade, mas no competir, percebermos durante o jogo o que é preciso fazer neste tipo de jogos porque já não é só nos quartos de final, mas também na fase de grupos é preciso saber como competir e o que fazer em cada momento e nós, há dois anos, quando encontrámos o Lyon, quase não tínhamos experiência na Liga dos Campeões e este ano já podemos dizer que levamos uma bagagem um pouco maior», destaca a capitã das encarnadas, pronta para o desafio.
Perante um Estádio da Luz que, ao que tudo indica, poderá voltar a passar a barreira dos 20 mil espectadores a uma noite de terça-feira (e dia do Pai), Pauleta transmitiu a sua esperançade voltar a sentir o apoio incondicional do público benfiquista. «É também uma grande oportunidade para o benfiquismo demonstrar o seu valor fora do campo, nas bancadas e cada benfiquista deve perceber que é quase a sua responsabilidade mostrar o que é o benfiquismo para a Europa», declarou, como desejo para a noite desta terça-feira.