O MISTER DE A BOLA: Um Benfica sólido
Hugo Falcão analisa a vitória dos encarnados sobre o Gil Vicente
1. Benfica
A equipa do Benfica caracterizou-se pelos seguintes aspetos: a) construção para atrair o Gil Vicente a pressionar alto no terreno – GR+4+2+2 – Florentino e João Neves na estrutura proximal à bola, Rafa/DiMaria ou DiMaria/Aursnes na estrutura distal em corredor central, para desenvolver sequência em parede; b) desenvolvimento do processo ofensivo através do método posicional – as ligações intersetoriais com trocas posicionais constantes – recorrendo à criação de situações de superioridade numérica bem como à alteração intencional do ritmo e intensidade de jogo; c) em zonas de finalização – a qualidade técnica fez a diferença – com a participação de um grande número de jogadores. Individualmente, o destaque para João Neves no setor médio, a dupla Rafa/Arthur Cabral no setor ofensivo, e o regresso de Bah no setor defensivo – as suas valèncias são ofensivas, onde a profundidade e aproveitamento do corredor direito é a sua expressão máxima. Florentino teve oportunidade para mostrar rendimento, sem bola sempre muito disponível para fechar espaços, com bola evidenciou dificuldades quando não disponha de tempo para tomar decisões rápidas.
2-Gil Vicente
A equipa de Vítor Campelos sofreu muito cedo o golo inaugural e este acontecimento afetou a equipa em termos psicológicos – não teve uma única oportunidade de golo durante a primeira parte. O Gil Vicente foi pouco agressivo (não só em termos de faltas mas também em termos posicionais), possibilitou várias sequências ofensivas que salientaram confiança no adversário. Em termos de organização ofensiva, Dominguez e Felix Correia foram os jogadores com maior iniciativa ofensiva, numa base em 4x2x3x1 com Fujimoto muito sozinho a jogar entre linhas. No que toca à organização defensiva, a estrutura procurou ser compacta, mas sem argumentos nos duelos individuais. Durante a segunda parte, várias alterações foram executadas, mas nenhuma delas enriqueceu o jogo da equipa.
3.Síntese
O jogo expressou-se num sentido único, no qual a superioridade evidente do Benfica reduziu o seu adversário à sua organização defensiva e algumas situações de ataque rápido. A gestão de Roger Schmidt salientou apenas o refrescar da equipa, para esta manter os seus níveis competitivos – o que não foi o caso – o interesse diminuiu com o passar do tempo. O Gil Vicente não cumpriu os requisitos necessários para discutir o resultado (o remate mais perigoso foi aos 85 minutos).
4. Que futuro?
O Benfica terá condições para lutar pelo título nacional, se mantiver uma mentalidade de superação constante, algo que não foi visto no início da presente época. Os reforços que chegaram em Janeiro poderão aumentar a qualidade do plantel, no entanto, o Benfica terá que aumentar a eficácia das suas dinâmicas e explorar mais o corredor esquerdo em fase ofensiva, visto que a sua forma de jogar desencadeia um padrão evidente para o lado direito, este pressuposto para adversários com o mesmo nível competitivo será uma mais-valia na preparação tática do jogo