Tudo o que disse Sérgio Conceição após o Clássico
Técnico portista na sala de imprensa do Dragão
No rescaldo da goleada aplicada pelo FC Porto ao Benfica, este domingo (5-0), Sérgio Conceição falou na sala de imprensa do Estádio do Dragão.
Foi o jogo perfeito para o FC Porto?
«Foi um jogo com compromisso, com concentração e foco no que foi trabalhado e planeado. Tivemos pouco tempo para preparar este jogo, por isso é que hoje tivemos treino. Tivemos treino de uma hora, o que é sempre necessiário. Prepararámos algumas situações, inclusive as bolas paradas. Também gostei muito dos jogadores, que roçaram a perfeição. Dentro dos diferentes momentos do jogo, fizeram aquilo que tinham a fazer. Parabéns também ao público, tivemos aqui uma noite de entusiasmo, paixão e amor.»
Goleada soube a muito ou a pouco, tendo em conta a classificação?
«Eu já tive a oportunidade de falar sobre isso, mas fico obviamente muito satisfeito com a vitória. A diferença de qualidade não é tão grande. Isso tem a ver com a nossa culpa, a nossa falta de concentração competitiva. E não é fácil, porque é um grupo jovem, que está em evolução. Eu já tive a oportunidade de lhes dizer, em muitas conferências que tivemos, que este é o trabalho mais difícil de um treinador. Hoje tiveram uma noite muitíssimo boa, estão de parabéns. Nós continuamos a trabalhar na procura dessa mesma fluidez, dessa continuidade, que vai ser importante nas provas em que estamos inseridos, nas internas e na Liga dos Campeões.»
A diferença de mentalidade entre as duas equipas foi a chave do jogo?
«Não posso falar do Benfica, porque não sei a forma do seu treinador preparar o jogo. Percebemos onde é que podíamos pressionar o adversário, em que zona, em que momento é que podíamos fazê-lo. A partir destes momentos, percebemos que espaços é que iríamos explorar. No fundo, era perceber a dinâmica do adversário, com humildade, trabalhámos nesse sentido. Depois, com bola, explorar aquilo que eu acho que podíamos explorar. O Nico e o Pepê foram essenciais no momento da construção. Depois, as bolas paradas. É necessário trabalhar, porque cada jogo é diferente do outro. E isso desafia-nos e isso faz parte do nosso trabalho.»
Quatro dos cinco golos foram marcados por brasileiros
«O Galeno é português, tem passaporte português. Eu não olho muito para a nacionalidade, olho para aquilo que é o trabalho diário. O jogador brasileiro, não é uma novidade para ninguém, tem muitíssima qualidade. Aqueles que eu tenho à minha disposição, além de serem grandíssimos profissionais, são também excelentes pessoas, na personalidade, na habilidade de perceber o que é que têm de fazer para melhorar. Estamos a falar dos jogadores que, na minha opinião, têm potencial para chegar à seleção brasileira. Nós ficamos muito felizes. É bom ter à disposição jogadores de qualidade.»
A atenção ao detalhe fez a diferença no desfecho da partida
«Sim, acho que sim. Hoje em dia, todas as equipas profissionais trabalham muito e bem. Depois, é nos detalhes que essa diferença aparece. E depois, os jogadores estão comprometidos com aquilo que é a mensagem, com esse trabalho, com esse pormenor. Hoje houve uma outra situação, daí eu dizer que não fomos perfeitos. Roçámos a perfeição, mas houve uma outra situação em que não tivemos tão bem, como acontece em todos os jogos, dificilmente há um treinador que diz que tudo foi 100% de perfeição. Acho que não. Mas isso também tem a ver com o que é a qualidade do adversário e, por vezes, nós preparamos determinada estratégia e o adversário também se adapta ou ajusta e, no fundo, depois começa a haver outras situações mais difíceis de controlar. Nós fomos controlando, porque tivemos um intervalo para aplicar uma adaptação que, normalmente, fazemos. Mas hoje não foi necessário, porque estávamos muitíssimo bem na primeira parte. Continuámos na segunda, foi uma vitória completamente justa.»
Trabalho de Francisco Conceição frente a Morato
«Queríamos procurar situações em que os extremos estivessem no 1 para 1. Mesmo na segunda fase, mesmo na zona de criação, chegávamos aos corredores lá atrás, e eles podiam desequilibrar. São jogadores que são fortes nesse momento do jogo. Mas depois aparecia também o João Mário muito bem por dentro e por fora, aparecia o Pepê também, que dava essa solução. O Wendell também se envolveu muito no ataque, dando também diferentes soluções ao Galeno. O Nico, no interior, foi fantástico do lado do Galeno, para depois sair daquela zona e encontrarmos o espaço que queríamos encontrar. O espaço nessa situação de encontrar o Francisco em para um com o Morato? São situações trabalhadas que, no fundo, potenciam ou indicam a cada um deles o melhor que eles têm.»