Tudo o que disse Schmidt antes de receber o Inter
Roger Schmidt, treinador do Benfica (Foto: Maciej Rogowski/IMAGO)
Foto: IMAGO

Tudo o que disse Schmidt antes de receber o Inter

NACIONAL28.11.202318:08

Treinador alemão do Benfica projetou o jogo frente ao Inter, para a Liga dos Campeões

Respostas mais longas e detalhadas que o habitual. Roger Schmidt não acredita num Inter mais fraco por causa da rotatividade, mostrou o desejo de alcançar a qualificação para a Liga Europa e sobre as muitas alterações que tem feito na equipa soltou um desabafo: «Seria mais fácil se tivesse a mesma equipa da época passada.»

O que espera de diferente neste jogo frente ao Inter relativamente aos outros três?

«Não sabemos qual será a equipa que o Inter irá apresentar. É verdade que eles já estão qualificados, mas há uma diferença grande entre ser primeiro ou segundo no grupo e por isso eles virão com muita ambição. Mas nós estamos focados em nós próprios. Não estamos felizes com o nosso desempenho na fase de grupos e amanhã [esta quarta-feira] temos hipóteses de vencer o Inter, embora sabendo que se trata de uma das melhores equipas da Europa. Já o era na época passada e nesta temporada também é e acredito que pode chegar longe na Champions. Para nós é a oportunidade de darmos sequência a dois bons jogos que fizemos, um com o Sporting, jogo de nível de topo, e a partida da Taça de Portugal. Por isso estamos confiantes.»

Rui Costa disse que a edição deste ano da Champions foi um falhanço. Consegue explicar o mau desempenho da equipa na prova?

«Já expliquei várias vezes: perdemos Grimaldo, Gonçalo Ramos e Enzo Fernández, é bom não esquecer Enzo. Quem veio para os substituir precisa de se integrar. Além disso, no primeiro jogo da Champions [Salzburgo, em casa] tivemos logo um cartão vermelho e um penálti. Depois, cada jogo é uma história. No futebol de alto nível os erros são decisivos. Numa competição com seis jogos não podemos ter uma situação assim, mas agora não devemos pensar nisso, devemos manter-nos focados para o jogo com o Inter e tentar ganhá-lo. Queremos qualificar-nos para a Liga Europa, isso é muito claro para nós, e por isso devemos deixar os quatro jogos realizados para trás.» 

Florentino e João Neves têm estado bem. Com o regresso de Kokçu o Benfica pode vir a jogar a ter um meio-campo com três jogadores?

«Florentino e João Neves estiveram muito bem, também gostei de Morato como lateral-esquerdo. Isto deu-nos estabilidade e nestes jogos difíceis que tivemos o comportamento tático da equipa foi muito fiável, a lembrar muitas das coisas que fizemos na época passada. Temos vários jogadores que ainda não estão em forma. Kokçu é um deles, ainda não está a 100 por cento, por isso teremos de ir analisando jogo a jogo, perceber a forma como os jogadores desenvolvem dinâmicas entre eles no campo, como eles se habituam uns aos outros. Queremos continuar com a nossa abordagem tática, queremos manter o nosso futebol mesmo contra equipas fortes como o Inter porque acreditamos em nós próprios.»

O que o Benfica deve fazer de diferente para vencer o Inter? 

«No jogo de Milão a primeira parte foi equilibrada e as melhores oportunidades foram nossas, mas no segundo tempo o Inter foi mais intenso e mudou a história do jogo. Tivemos lesões, Bah e Kokçu não estavam bem, mas é preciso realçar que o adversário mostrou muita qualidade jogando em casa, há que aceitá-lo, não devemos ter vergonha disso. Mas amanhã [esta quarta-feira] será um jogo diferente, no nosso estádio, teremos as nossas hipóteses. Jogámos várias vezes com eles e podemos aprender com os jogos e fazer melhor, embora seja é sempre muito difícil vencer o Inter, vão ver os outros resultados que eles conseguiram. É uma equipa muito compacta e disciplinada, com cinco jogadores atrás e três médios muito fortes. Além disso é uma equipa muito experiente, os jogadores estão sempre dispostos a vencer os duelos individuais. Para ganhar ao Inter é preciso lutar. Mas nós já fizemos jogos destes na época passada. Temos de melhorar nalgumas coisas, o fator defensivo é decisivo.

Casper [Tengstedt] esteve muito bem nas últimas semanas. Ele melhorou desde que chegou, em janeiro. Esteve muito envolvido com a equipa, estes são os melhores argumentos se um avançado quiser manter o seu lugar [no onze]

Jurásek é um problema? Custou €14 milhões, é uma aposta sua. Fica preocupado com as críticas dos adeptos?

«Ele teve um bom início, mas lesioniou-se, ficou de fora algumas semanas e quando voltou não veio na melhor forma. Isto passa-se normalmente com jogadores que vêm de ligas menores, precisam de adaptação. Isso aconteceu com Bah na época passada: ele de início também precisou de tempo mas no final da temporada foi um jogador muito importante. Espero o mesmo de David [Jurásek], tal como espero o mesmo de [Arthur] Cabral: temos de lhes dar tempo para se adaptarem. Isso decorre de cada treino, de cada minuto, para progredirem. Estou ao corrente do que se passa e dou-lhe o apoio que ele merece para se tornar um jogador de topo.»

Temos de encontrar a melhor forma de jogar o mesmo futebol com jogadores diferentes. Cada um tem de mostrar o que vale

Nos últimos três jogos mudou três vezes de ponta de lança. O que falta a Musa, Arthur Cabral e Tengstedt para se assumirem como titulares?

«É preciso o pacote completo. Cada um deles tem de pôr tudo o que têm em campo, têm de estar envolvidos na pressão alta, no gegpressing, de tentar ganhar todas as bolas. Porque esse é o nosso ideal: sermos ativos e proativos, agressivos sem bola e com bola temos de mostrar qualidade, com muitas combinações e estar presente na área. Cada um dos três tem espaço para melhorar e a todos têm disso dadas oportunidades para se desenvolverem. Tento analisar os desempenhos deles nos treinos e nos jogos. Casper [Tengstedt] esteve muito bem nas últimas semanas. Ele melhorou desde que chegou, em janeiro. Esteve muito envolvido com a equipa, estes são os melhores argumentos se um avançado quiser manter o seu lugar [no onze]. Todos têm possibilidades de serem consistentes, passo a passo todos podem fazê-lo.

Mas com tantas mudanças não se torna difícil para cada ponta de lança adquirir dinâmicas? 

«Gonçalo Ramos jogou quase sempre na época passada porque ele fazia tudo o que pedimos a um avançado, por isso é que uma equipa [PSG] pagou tanto por ele. Os outros avançados precisam de tempo para chegar ao mesmo nível, mas depende de cada um deles. Para mim, o mais importante é encontrar o melhor equilíbrio para a equipa. Seria mais fácil se tivesse a mesma equipa da época passada, mas temos de encontrar a melhor forma de jogar o mesmo futebol com jogadores diferentes. Cada um tem de mostrar o que vale.