Ten Hag diz que herdou clube sem regras e aborda cisão com Ronaldo: «Dormi bem nessas noites»

Manchester United Ten Hag diz que herdou clube sem regras e aborda cisão com Ronaldo: «Dormi bem nessas noites»

INTERNACIONAL05.03.202311:15

Depois de um início agitado, Erik Ten Hag está finalmente a ambientar-se no Manchester United, como provam as recentes exibições e a conquista da Taça da Liga (vitória sobre o Newcastle por 2-0).

Voltando atrás, um dos momentos mais decisivos foi quando decidiu colocar Cristiano Ronaldo frente ao Liverpool na terceira jornada da Premier League, em agosto (também Maguire foi para o banco). O United venceu por 2-1 em Old Trafford e, já se sabe, seis meses depois o português saiu em conflito aberto com o treinador e o clube.

Prestes a defrontar novamente o Liverpool, este domingo em Anfield, o treinador neerlandês falou, em entrevista à Sky Sports, sobre esses tempos, e como tomou a difícil decisão de colocar de lado a estrela da equipa.

«Sim, penso muito quando tomo grandes decisões como essa. Tenho de pesar o impacto que têm, não só a curto, mas também a longo prazo. Temos sempre de pensar de forma estratégica e enfrentar as consequências. É o meu trabalho. Tive as minhas razões para escolher a equipa que escolhi para esse jogo com o Liverpool. Foram óbvias. E sei qual teria sido a reação se o resultado tivesse sido negativo», explica.

«Mas não me preocupei. Também durmo bem nessas noites, porque sei que as decisões têm de ser tomadas e tenho de as defender», acrescenta.

Terá sido aí que começou a cisão com Ronaldo, que já tinha chegado ao clube após a pré-época. Uma entrevista bombástica em dezembro, mesmo antes do Mundial, em que dizia que não respeitava o treinador, acabou por selar o divórcio. O certo é que o clube começou a melhorar, com Marcus Rashford, por exemplo, em grande forma, e a contratação de Casemiro a resultar em cheio.

Ten Hag confirma que encontrou uma equipa com pouca disciplina, marcada pela passagem de três treinadores na época anterior: Ole Gunnar Solskjaer, Michael Carrick e Ralf Rangnick.

«Herdei alguma falta de disciplina, sim, não vou mentir sobre isso. Os jogadores gostam de estrutura não só em campo, por isso tem de haver regras. Isso é válido para qualquer empresa, qualquer ambiente de trabalho», sublinha, referindo que isso se refletia no jogo da equipa. E aí Ten Hag volta a Casemiro:

«É um líder, é muito importante para nós. Não só no desempenho em campo, com ligação de jogo, passes e até golos, mas na sua organização mental, na cultura de vitória que projeta nos outros. Foi muito bom poder contratá-lo [por coincidência foi apresentado aos adeptos naquele jogo com o Liverpool]. Quanto selecionámos o perfil de contratação no verão queríamos jogadores com personalidade e carácter. Há muitos jogadores rápidos e com técnica, mas nós procurávamos resiliência e sentido de responsabilidade. Ao analisar a equipa, era disso que precisávamos. Assim posso estar no banco mais descansado, porque sei que há essas vozes em campo. Não é por acaso que ele ou o Varane têm tantos troféus.»