Sporting: tudo o que disse Rúben Amorim

Na conferência de imprensa de antevisão do jogo da 2.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, esta terça-feira com o Benfica no Estádio da Luz, o treinador leonino falou do jogo mas também do interesse do Liverpool (e com alguma graça)

– O jogo da 1.ª mão, vitória por 2-1 em Alvalade, teve influência na preparação do encontro desta terça-feira

– Temos de saber lidar com a eliminatória. O jogo tem de ser preparado para vencer e nesse aspeto não terá influência.

– E podemos esperar alterações na equipa?

- Não vou abrir o jogo. A nossa forma de jogar é clara, as ideias também e o que dificulta mais a preparação são as características dos jogadores que vamos enfrentar. O Benfica tem trocado as características dos avançados, se joga o João Mário, o Rafa, o Neres… ou se depois joga o Florentino ou um médio mais de criação. Isso dificulta a preparação, mas sabemos da importância do encontro e queremos muito passar e estar na final.

- Nos últimos jogos com o Benfica o Sporting esteve sempre em vantagem mas não reagiu bem com a resposta do Benfica…

- No primeiro desses quatro jogos empatámos na Luz 2-2 quando estávamos em 4.º lugar e o Benfica estava lançado e melhor do que nós. Jogámos bem e não se sentiu nervosismo, simplesmente não conseguimos vencer. Depois houve o tal jogo onde se perdêssemos em casa o Benfica era campeão. Uma primeora parte muito boa, na segunda baixámos e o Benfica foi melhor. Depois, no jogo da Luz, a história foi diferente. Não trememos nada, simplesmente levámos dois golos nos descontos quando estivemos uma parte inteira a jogar com menos um jogador... Na Taça tivemos oportunidade de fazer mais golos, mas sofremos um num grande cruzamento do Di María. O Benfica não tomou conta do jogo, marcou um golo e na jogada a seguir marca outro [revertido pelo VAR]. Não tivemos tempo para sentir a pressão. Só ganhámos um mas também só perdemos um! O que revela muita igualdade. O que queremos é passar a eliminatória. Não acusámos a pressão porque jogámos sempre bem. Podíamos ter acusado pressão no jogo que podia dar o título ao Benfica mas aqui não. Estamos preparados para sermos melhores nesses pormenores.

- O Sporting entra com vantagem de um golo. Que Benfica espera?

- Temos um golo de vantagem numa eliminatória de dois jogos e permite-nos estar sempre dentro do jogo. Não quero que os jogadores pensem nisso mas no desenrolar da eliminatória é um ponto de vantagem. Espero um Benfica da mesma maneira. Os clubes nestes jogos têm sempre de ganhar e ir para cima do adversário. Estamos preparados e acho que podemos ser ainda melhores.

- Podemos esperar um Sporting com um ala mais ofensivo, Geny Catamo, na direita e outro menos na esquerda, como Matheus Reis?

- Não o vou dizer que vai jogar. Fizemos um 11 a pensar na forma como jogamos, no encaixe no adversário e em podermos tirar algumas referências. O foco foi na nossa equipa, nos jogadores que temos. Mas é uma possibilidade, mas há outras e terão de esperar por amanhã [terça-feira].

- Que jogadores estão indisponíveis?

- Coates já vai ser convocado, Adán continua de fora e parece-me que é tudo.

- E Pedro Gonçalves?

- Ah, sim, Pote também está de fora.

- Mas poderá estar apto para o dérbi de sábado, para a Liga?

- Vamos jogar com a máxima força. Faremos alterações de acordo com as características dos jogadores e de acordo com o que queremos para o jogo. Esta eliminatória já tem um jogo, depois há um de campeonato… Fazemos a gestão normal. Estando todos disponíveis, vamos jogar sempre na máxima força.

- E Pedro Gonçalves para a Liga?

- Têm de esperar, até para terem assunto para a próxima conferência de imprensa (risos). Acho que estará disponível, ele também acha que sim. Até achava que podia jogar este, mas não faz sentido nenhum. Quer muito jogar, mas não o vamos arriscar por um jogo porque temos outros jogadores.

- Tem se falado muito de arbitragem, como vê o facto de estes assuntos poderem ter influencia e decidirem um campeonato?

- Faz parte, os jogadores e os treinadores também não acertam sempre... Acontece a todos, todos os treinadores se queixam do mesmo e têm certos comportamentos. Não vou estar a fingir que sou melhor do que os outros, faz parte do jogo. Teríamos que ser melhores? Teríamos. Mas às vezes perdemos um bocado a noção. Se todos se zangam e andam à porrada fora dos estádios, imaginem nós que também vivemos as coisas de forma intensa. Quando se começam a desenrolar os campeonatos, sabemos como é... Queixamo-nos e refilamos. Fazemos todos o mesmo.

- Hjulmand ficou de fora com o E. Amadora e há Morita, Daniel Bragança esteve bem e foi capitão… Pode baralhar as contas no meio-campo?

- Dani teve um crescimento muito grande. Koba também é opção mas o Dani elevou o seu jogo para um rendimento próximo ao do Morita e do Morten [Hjulmand] toda a época. Tendo pé esquerdo, dá-nos mais opções... Mérito do Dani. Não vou dar nada sobre o que vamos apresentar, mas é uma opção. Posso dizer que dois dos três vão ser titulares.

- As notícias sobre o interesse do Liverpool pode ter alguma influência sobre o treinador?

- A única coisa que me chateia é que já tinham substituto para mim [foi noticiado em Inglaterra que os leões estavam de olho em Anthony Barry, adjunto do Bayern, mas os leões desmentiram], mas ainda hoje disse ao [Hugo] Viana para ter calma que não é bem assim. Foi a única coisa à qual tomei atenção.

- Como se sente ao ser apelidado 'Special One 2'?

- Não faz sentido e não tenho ilusões sobre isso. Temos que provar no dia a dia. Lembro-me de estar aqui no ano passado e toda a gente a especular se eu ia ficar ou sair… É viver isto no dia a dia e não há comparação entre o grande José Mourinho e o treinador do Sporting.

- Mas esses rumores sobre o futuro dão mais trabalho para gerir durante a semana, para não se perder o foco?

- Não, porque isso também faz parte da vida dos jogadores. Se os jogadores estiverem envolvidos com outros clubes, talvez, quando é o treinador não. O treinador é treinador do Sporting e eles sabem que querem ganhar títulos pelo Sporting, como eu.

- Polémica no Estoril-FC Porto, Pinto da Costa apareceu a criticar os árbitros… A atuação dos árbitros pode ser condicionada até final da época?

- Não comento arbitragem. São seres humanos, vivem também as coisas, têm famílias e pessoas a falarem do mesmo assunto. É seguir em frente.

- João Pinheiro árbitro e Hugo Miguel VAR, ambos mereceram já palavras dura de Frederico Varandas no passado…

- Tenho a certeza de que os jogadores não fazem ideia de quem é o árbitro. Se lhes for perguntar, tenho a certeza. Não lhes vou dizer nada. Foi o árbitro que escolhido e é seguir em frente, não será por isso que o resultado vai ser diferente.

- Como se prepara uma semana tão importante?

- Um jogo de cada vez, sabendo que o primeiro tem sempre influência no segundo. Não vale a pena pensar no segundo quando o primeiro tem tanta importância. Sendo jogos tão seguidos, o dia a seguir é muito importante na recuperação física e mental. O principal é não fazer nada de diferente, não há mais nem menos treino. É manter o máximo de normalidade. Na cabeça dos jogadores, dos adeptos e do treinador estão dois jogos muito importantes. Quando toda a gente sabe o que tem de fazer no jogo, isso descontrai a equipa.

- Por estar em vantagem na eliminatória, o Sporting pode dar mais iniciativa do jogo?

- Não somos equipa para dar mais iniciativa ao adversário, somos um clube grande, que tem de perceber o momento do jogo, não sabemos jogar de outra forma… Tivemos mais dificuldade em defender em bloco baixo este ano do que em pressão alta. Se deixarmos Di María, Rafa, João Mário ou Neres com tempo para pensar... Temos de estar longe da nossa baliza e deixar os jogadores do Benfica longe da baliza, preocupando-nos com a profundidade do Rafa. A grande mais-valia do Benfica é quando encosta os adversários. Temos que fazer o contrário, empurrando-os para trás e defendendo o mais alto possível, salvaguardando roturas de Neres e Rafa, que quanto a mim é um jogador determinante.