Sporting: saiba tudo o que disse Rúben Amorim na sala de Imprensa
Treinador falou de Gyokeres, das substituições, dos golos sofridos e dos adeptos
- Gyokeres tornou-se numa máquina ofensiva, não só pelos golos que marca, como por tudo que faz e contribui para o Sporting marcar golos.
- Sem dúvida. Há jogadores que marcam as equipas e, portanto, já tivemos isso. Acho que tivemos isso também um bocadinho com o Pote na primeira época, de forma diferente, mas era muito regular a marcar e a assistir. E o Viktor [Gyokeres]dá-nos uma capacidade diferente de ir na profundidade uma equipa que nos queira pressionar. Nós temos uma característica diferente do que não tínhamos e, portanto, transforma a equipa porque é mais perigosa em todos os momentos do jogo e, depois tem uma capacidade física muito grande que se vai revelando, principalmente no fim do jogo, e isso chama muita atenção quando ele, no fim do jogo, ainda consegue ir no espaço e nós conseguimos meter a bola e acho que, às vezes, ele tem tanta fome de ir para a baliza que olhamos para a cara dos adversários e ele pode parar o jogo e jogar mais com a equipa. São pequenos pormenores que vamos melhorando. Agora eu acho que é notório a influência que ele teve na nossa forma de jogar e na forma como somos mais perigosos com o Viktor, mas acho que a equipa toda transforma a equipa e transforma também. O Viktor ajudou-nos a ser melhor equipa, mas, sim, respondendo diretamente à pergunta, tem um papel vital na nossa forma de atacar neste momento.
- Pode explicar um pouco a posição intermédia de Ricardo Esgaio, que apareceu a jogar por dentro e depois também aparecia numa linha de três?
- Porque o Matheus [Pereira] começou a ficar muito para trás porque defendia muito, mas se tirarmos a fotografia de cima e vocês olharem para o jogo parece que já não há uma linha de quatro, mas sim uma linha de três porque ele tem que ir buscar o Matheus mais acima, nem foi indicação, é simplesmente eles têm as referências deles e se o Esgaio vier para a linha de quatro ficava uma linha de quatro contra dois e nós temos que subir jogadores e o Esgaio é muito forte no entendimento do jogo e depois a troca com o Trincão dificulta muitas marcações. O Matheus às vezes não sabia quem marcar e daí criarmos novas dinâmicas porque o Geny [Catamo] não faz isso porque nós queremos sempre o Geny no um contra um fora e, portanto, tem a ver com as características. O Esgaio cada vez mais não é um jogador de ir no um contra um, não é muito de ir na profundidade, mas tem outras características que pode andar ali pelo meio a confundir as marcações e, portanto, foi essa a ideia, foi difícil.
- Porque é que substituiu o Hjulmand, que estava a ter bastante influência?
- Saiu, mas estava a fazer um excelente jogo. Por vezes até tiramos ao intervalo jogadores assim, mas ele estava com tanta influência na equipa que tínhamos de arriscar e depois com uma vantagem de dois golos, o Dani [Daniel Bragança] também é um excelente jogador a ter a bola e, acima de tudo, tendo o jogo controlado, qualquer má receção do Hjulmad, ele ter de ir mais à frente para ganhar uma bola pode pisar um jogador e sabemos que hoje em dia pisar vai ao VAR e é difícil. Não podíamos e não podemos ficar com dez jogadores, que já ficamos algumas vezes esta época.
- Falou da importância viral do Gyokeres para a dinâmica da equipa. Não tem receio que se venha a criar uma Gyokeresdependência?
- Não. Acho que já tivemos isso um bocadinho. Não de uma forma tão visível porque é um jogador que faz golos e não chama tanta atenção, mas lembro-me, a maior parte dos ataques era do Porro e o Porro saiu e adaptámo-nos. O Matheus Nunes era um jogador que nos levava a bola para a frente e nunca mais tivemos um jogador desses e mudámos também. Obviamente que os grandes jogadores que têm grande impacto na equipa são difíceis de substituir, mas acho que nenhuma equipa está dependente de um jogador. Agora, se olharmos para a equipa e ver com o Viktor e sem o Viktor, essa capacidade de ir à profundidade, só ele é que a tem. Não estou nada preocupado, sou mais aquele treinador que aproveita até a última. O Pote por tudo o que dá e não dá tanto nas vistas, diria que somos dependentes de todos os grandes jogadores, como o Marcus [Edwards], que agora baixou um bocadinho, porque teve doente.
- Já falou muito do aspeto ofensivo. Mas, defensivamente a equipa voltou a sofrer dois golos.
- Se formos ao aspeto técnico e tático, é a linha numa segunda bola. Tínhamos de sair da área e estar na linha, porque a bola estava fora da área e tínhamos uma capacidade de subir mais e meter a linha mais subida para que o Adán não levasse um crescimento em cima dele. O segundo lance tem a ver com as características físicas. O Seba [Coates] controlou bem a profundidade, o Quaresma não estava tão perto dele para fazer uma ajuda e o Essende, sendo forte e rápido, conseguiu ali ganhar o espaço. Obviamente que não podemos sofrer tantos golos com tão poucas oportunidades.
- É necessária alguma intervenção em especial?
- Mostrar a classificação a relembrarmos muito o último jogo do ano passado aqui, a forma como nós estávamos não contava para nada. Falhámos a Liga dos Campeões, viemos jogar aqui e mostrámos que em seis meses a vida muda e, portanto, daqui a cinco meses ou quatro meses, no fim do campeonato isto pode mudar, portanto, não é nada de novo. Estamos em primeiro lugar, mas há muito campeonato e os jogadores têm de se focar. Basta um empate e perdemos o primeiro lugar e tudo fica mais difícil. Portanto, não há muito a fazer, é focar no trabalho e jogo a jogo ir ganhando.
- Os adeptos têm sido grande apoio.
- Têm esgotado muito rapidamente todos os bilhetes acompanham-nos sempre. Tiveram uma época difícil do ano passado. O que posso dizer é que vamos dar sempre o máximo, mas ainda falta muito, portanto, vamos usufruir de cada jogo. Ganhando, seguimos em frente, falta muito. Agradecer o apoio deles, tem sido engraçado. Muito obrigado.