«Sonhar é possível, mas continua complicado»

Sporting «Sonhar é possível, mas continua complicado»

NACIONAL08.05.202300:19

O treinador do Sporting, Rúben Amorim, reforçou na noite deste domingo empenho máximo do leão em prol da «identidade de clube grande» nos jogos que faltam até final da época, em que, ‘por fora’, o Sporting ainda poderá ter uma palavra a dizer na luta pelo título entre FC Porto e Benfica (recebe o rival encarnado, em Alvalade, na 34.ª jornada) e também na luta pela manutenção, na qual, após ter ido golear (4-0) a P. Ferreira, vai receber o Marítimo, também a dar tudo pela permanência, tal como os ‘castores’… mas promete tudo para ainda chegar ao terceiro lugar da classificação, agora a quatro pontos de distância (SC Braga).

«Foi uma exibição mais completa do que ante o Famalicão, em que não tivemos posse de bola muito longa, e isso tirou-nos qualidade no jogo anterior: muitas transições permitidas e muitos passes falhados. Desta vez, começámos muito bem o jogo, criámos duas oportunidades logo no início, o Paços sofre um golo daqueles logo no princípio [autogolo de Marafona aos 7’, 0-1] e torna logo tudo ainda mais complicado. Mas também provocámos esse erro», afirmou o treinador do Sporting, na sala de imprensa do Estádio da Mata Real, em P. Ferreira, após o encontro da 31.ª jornada da Liga,

«Tirámos algumas referências do Paços, e isso viu-se na forma como o Hector [Bellerín] jogou diante deles, às vezes um pouco mais baixo no terreno. Vamos experimentando coisas que têm resultado», foi a observação deixada por Rúben Amorim aos jornalistas. Com um elogio às suas tropas.

«Os jogadores foram muito sérios. Estão a querer evoluir. E tudo o que fizemos de mal na semana anterior desta vez fizemos bem. E mantivemos as coisas que já tínhamos feito bem. Estivemos melhor nas decisões. O Marafona [guardião do P. Ferreira] fez algumas boas intervenções. Acabou por ser uma exibição completa da equipa e uma vitória justa», disse Rúben Amorim.

Quanto à explicação da goleada residir mais, eventualmente, na inspiração individual dos jogadores - analisando alguns dos golos em P. Ferreira - ou num compromisso coletivo da equipa, e a ter agora o SC Braga muito mais perto (a quatro pontos) e ser ainda possível sonhar com o terceiro lugar, a análise de Rúben Amorim foi positivista.

«Sonhar [com o terceiro lugar] é sempre possível, mas continua muito complicado. Mas nem pensamos nisso, não dependemos só de nós. É fazer o nosso trabalho e o foco é melhorar de semana para semana», recordou Amorim, pragmático.

«Acho que as coisas estão ligadas: quando há uma boa exibição coletiva a qualidade deles vem ao cimo. Olhamos para o Trincão e não parece o mesmo jogador de quando começou: a adaptação leva tempo, até chegar a este ponto. Todos jogarem bem e não se falharem muitos passes, ajuda. Aquela infelicidade do Paços sofrer o primeiro golo, tudo ajuda, ter essa qualidade coletiva… e depois o individual vem ao de cima», recordou o treinador do Sporting, agora com todos os avançados disponíveis.

«A equipa tem crescido. Tivemos dois empates que nos tiraram hipótese de estar mais perto e a lutar por outras coisas neste momento, mas temos tido um crescimento gradual de boas exibições. O que se viu é um continuar disso. Faltam três jornadas, estamos a quatro pontos de uma equipa que tem sido muito consistente, o SC Braga. É vencer os nossos jogos e depois, no fim, fazer as nossas contas. Se vamos pensar nisso, vamos perder aquele foco que temos tido. De semana para semana, o que fazemos mal vamos melhorando», foi a constatação que deixou.

«Neste momento [a luta pelo terceiro lugar], não me diz muito. Se pudermos encurtar de quatro para um ponto a desvantagem para o SC Braga, nem que seja na última jornada e já não haja hipótese de chegar lá [ao terceiro lugar], temos de o fazer, porque essa é a nossa identidade: somos um clube grande! Se vamos cair, há que cair com dignidade e fazer o máximo até ao fim», foi o brio que vincou Amorim, que gostaria que a Liga estivesse a começar agora.

«Claro que gostava! Mas o que transmito aos jogadores é que o próximo já está a começar… agora. Não começa na pré-época, começa agora: tudo o que aproveitarmos e melhorarmos agora, vamos ter frutos no próximo campeonato. Não estou a chorar por um tempo que nada mais podemos fazer, mas sim para fazermos algo pelo campeonato que vai começar na próxima época», foi ‘recado’ que deixou aos seus.

E quanto a receber o Benfica em Alvalade, na 33.ª (e penúltima) jornada, e o Sporting poder, de forma indireta, intrometer-se na luta entre águias e FC Porto pelo título de campeão, Rúben recordou o jogo que tinha acabado de terminar… e o próximo, a receção ao Marítimo  - também ‘aflito’ na tabela classificativa -, em Alvalade, para reforçar que o leão terá uma palavra a dizer em dois objetivos particulares que não são os seus nesta Liga, já.

«Na primeira volta, vínhamos de uma série de marcar muitos golos na Taça da Liga, e não sofrer golos há cinco jogos… e fomos à Madeira e perdemos [1-2, Marítimo]! Jogámos agora com o P. Ferreira e segue-se o Marítimo: vamos, também, dar o máximo ante eles, para sermos justos nessa luta. E depois vamos jogar com o Benfica», concordou Rúben, que se disse ‘nas tintas’ para quem será campeão.

«É-me indiferente quem ganha o campeonato. Eu vou desligar a televisão: daqui a duas semanas desligo-a, e não a ligo mais porque já sei como é que é. Estamos envolvidos, não diretamente, numa luta pela permanência e numa luta pelo campeonato [título]. O que pudermos fazer para ganhar esses jogos vamos fazer, porque é esse o papel que devemos fazer neste momento», foi tudo o que admitiu e quer do Sporting.

A última palavra foi para Tanlongo, que irá juntar-se à equipa sub-20 das ‘pampas’ que vai disputar o Mundial do escalão.

«Vamos dispensá-lo, fez um trabalho excelente connosco. Fisicamente cresceu bastante. É jogador em que acreditamos muito, mesmo se o treinador [ele próprio] não lhe dá muito tempo de jogo. Certamente vai dar muitos frutos no futuro. Vai jogar no Mundial sub-20 pela Argentina, vai ser importante para ele», concluiu Rúben Amorim.