Serie A: a liga mais imprevisível das ‘Big Five’?
Últimos quatro campeões da Serie A (Foto: X/Serie A_EN)

ANTEVISÃO Serie A: a liga mais imprevisível das ‘Big Five’?

INTERNACIONAL17.08.202407:30

Quatro campeões nos últimos cinco anos trazem uma imprevisibilidade ao campeonato italiano que é inigualada nas outras principais ligas da Europa. Os candidatos, as surpresas e os portugueses que poderão marcar a liga transalpina em 2024/25

Longe vão os tempos em que a Juventus dominava a Serie A a seu bel-prazer. A equipa já não é campeã desde 2020, marcando assim o início de uma era de raro equilíbrio na história da liga. Foram quatro campeões diferentes nos últimos cinco anos, com o Inter a ganhar dois títulos nesse período, sendo que Milan (em 2022) e Nápoles (em 2023) interromperam longos interregnos sem levantarem o Scudetto (respetivamente de 11 e de 34 anos).

Nenhuma das outras quatro principais ligas europeias teve este equilíbrio num passado recente, o que confere um grau de incerteza à Serie A na luta pelo 1.º lugar, mas que também se estenderá ao restante campeonato, com vários clubes a batalharem pelo acesso às competições europeias e um emblema recém-promovido que pode surpreender.

Favoritos ao título

O campeão atual é sempre um candidato a renovar essa conquista e o Inter quer fazer algo que não faz desde que era treinado por… José Mourinho: ser bicampeão. Na altura, o técnico português até levou o clube ao pentacampeonato, depois de um tri que a equipa conquistara com Roberto Mancini ao leme.

A frente de ataque dos nerazzurri foi reforçada com Mehdi Taremi (que, entretanto, se lesionou). O ex-FC Porto e Rio Ave deverá ser uma alternativa fiável ao duo perigosíssimo de Lautaro Martínez e Marcus Thuram. De resto, Simone Inzaghi tem a equipa bem montada num 3x4x3, com Barella e Çalhanoglu no meio e uma defesa composta por nomes como De Vrij, Pavard, Bastoni ou Dimarco. Se há uma equipa favorita a ser campeã, essa equipa é o Inter.

Paulo Fonseca é agora o homem responsável por levar o Milan ao topo do futebol italiano. O português foi escolhido para treinar a equipa e Zlatan Ibrahimovic, conselheiro do clube, tem sido um defensor acérrimo das qualidades do técnico.

Dentro de campo, Fonseca terá no compatriota Rafael Leão um dos principais jogadores, ele que já foi considerado como o melhor jogador da Serie A em 2021/22, quando levou o clube ao título. De resto, é certo que a equipa demorará a assimilar as ideias de Fonseca, mas já deu uma boa resposta na pré-época, com vitórias sobre Manchester City e Real Madrid, e um empate com o Barcelona (tendo ganho depois nos penáltis).

É sempre difícil descurar a Juventus da luta pelo 1.º lugar. É o maior campeão do país (36 vezes), mas está em construção há vários anos e as classificações dos últimos campeonatos demonstram isso mesmo: desde a última vez em que foi campeã, a equipa ficou em 4.º em dois anos seguidos, 7.º e 3.º.

Thiago Motta, que qualificou o Bolonha para a Liga dos Campeões pela primeira vez de sempre na época passada, é o novo homem do leme e, tal como Fonseca, algum tempo deverá passar até a sua filosofia ser posta em prática da melhor forma possível. Derrotas na pré-época com Nuremberga (0-2) e Atlético Madrid (0-2) e um empate com o Brest (2-2) demonstram isso.

Possíveis revelações

A Atalanta pode não ser propriamente uma revelação, uma vez que com Gian Piero Gasperini ao comando se tornou num adversário muito complicado para qualquer equipa. Mas agora, La Dea tem o estatuto de campeão europeu, com a conquista da Liga Europa na última época. As contratações de Zaniolo, Godfrey e De Ketelaere (a título definitivo) dão profundidade ao plantel. Mas a saída iminente de Koopmeiners e a lesão grave de Scamacca (Retegui já chegou para o substituir) privará a equipa de dois titulares indiscutíveis da última temporada.

Há ainda um lote de equipas composto por Roma, Lazio e Nápoles que não vêm de épocas satisfatórias e darão tudo para se qualificarem para a Liga dos Campeões.

Os três promovidos

O Como é claramente o caso mais intrigante das equipas que subiram à Serie A. Com Cesc Fàbregas como treinador, a equipa fez um mercado de verão que teve tanto de surpreendente como de bem-sucedido. Raphael Varane, Andrea Belotti, Alberto Moreno, Emil Audero e até Pepe Reina vão jogar no pitoresco Estádio Giuseppe Sinigaglia.

Quem também está de volta é o histórico Parma, campeão da Serie B no ano passado. A equipa manteve a maior parte do plantel, tendo até agora só investido na contratação de um jogador – pagou 7,5 milhões de euros pelo guarda-redes Zion Suzuki, vindo dos belgas do Sint-Truiden. De resto, já foi eliminada da Taça de Itália pelo Palermo, da Serie B.

O Venezia só subiu de divisão por via do play-off e procura fazer algo inédito neste século: ficar duas temporadas seguidas na Serie A. Eusebio Di Francesco é o treinador da equipa, ele que saltou para a ribalta quando, ao comando da Roma, eliminou o Barcelona dos quartos de final da Liga dos Campeões em 2017/18. Tal como o Parma, o investimento é parco até ao momento e, a continuar assim, a equipa terá de fazer muito com poucos recursos – tem o segundo plantel com menor valor de mercado do campeonato (60 milhões de euros), apenas atrás do Empoli (56 milhões).

Principais contratações

Douglas Luiz é o reforço mais caro do campeonato até ao momento, com a vecchia signora a investir 51 milhões de euros na sua contratação. A equipa de Turim também contratou Khephren Thuram ao Nice por 20 milhões.

A Roma pode ter conseguido o maior achado deste defeso, já que foi buscar o Artem Dovbyk, melhor marcador da última edição da La Liga, ao Girona por 30,5 milhões de euros. As chegadas de Matías Soulé (25 milhões) e Enzo Le Fée (23 milhões) mostram que a formação treinada por De Rossi quer claramente ficar acima do 6.º lugar da última época.

Já o campeão, para além de Taremi, acrescentou qualidade do meio-campo com a chegada de Zielinski (a custo zero). O rival citadino também esteve ativo e contratou Morata (13 milhões de euros) para o ataque, Emerson Royal (15 milhões) para a ala e Pavlovic (18 milhões de euros) para o centro da defesa.

Para além destas, a Fiorentina destacou-se com a contratação de David De Gea, guarda-redes que ficou 12 anos no Manchester United e que acaba de vir de um ano sabático.

Portugueses em ação

Rafael Leão é a maior figura portuguesa da Serie A, mas ainda há outros 13 jogadores lusos no campeonato, começando por Vitinha, que o Génova contratou ao Marselha por 16 milhões de euros. Continuando no ataque, Dany Mota vai para a sexta época consecutiva no Monza e o internacional luso sub-19 João Costa vai tentar afirmar-se na Roma.

Mário Rui está de saída do Nápoles, mas o futuro permanece incerto e, por enquanto, continua nos napolitanos, situação semelhante à de Tiago Djaló na Juventus. Nuno Tavares (Lazioa), Leonardo Buta, Gonçalo Esteves (ambos na Udineses) e Pedro Pereira (Monza) são os outros defesas lusos no campeonato.

Por fim, ainda há quatro internacionais por Portugal nas camadas jovens: Domingos Quina e Vivaldo Semedo, também na Udinese, o médio Dani Silva no Hellas Verona e o avançado Herculano Nabian no Empoli.

Destaques da 1.ª jornada

O campeonato abre com a receção do Génova, de Vitinha, ao campeão Inter e a visita da Fiorentina à casa do recém-promovido Parma. Esta jornada não tem nenhum encontro entre as maiores equipas do país, assim, o jogo mais intrigante poderá ser entre Juventus e Como, na próxima segunda-feira, para se ver como a equipa de Fàbregas se vai sair em casa da equipa mais bem-sucedida do país.