25 julho 2024, 12:30
«Imagem de Yamal a estudar devia ser obrigatória em todo o lado»
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Estudo do Sindicato dos Jogadores mostra que futebolistas estão cada vez mais qualificados. Mulheres são as que mais contribuem para o aumento de níveis de aprendizagem desde 2016
A imagem deixou marca na história do Euro-2024: Lamine Yamal, então com 16 anos, a estudar para os exames do quarto ano do ESO (Ensino Secundário Obrigatório) no quarto do hotel onde a seleção de Espanha está a estagiar.
Nada que tenha afetado o jogador mais novo do torneio, antes pelo contrário. O atacante do Barcelona, que celebrou o 17.º aniversário na véspera da final do Europeu, acabaria por ser eleito o melhor jogador jovem da competição que a Alemanha organizou, ao mesmo tempo que se cobriu de glória com o título de campeão europeu, deixando na memória de todos o fantástico golo que apontou contra a França na meia-final.
Mente sã em corpo são. Ou, como escreveu o poeta romano Juvenal no século I, mens sana in corpore sano, certo? E quantas vezes ouvimos na nossa infância os pais dizerem «Se tirares boas notas, deixo-te jogar futebol»?
Vem esta introdução a propósito dos dados positivos que resultaram de um estudo realizado pelo Sindicato dos Jogadores sobre as qualificações dos futebolistas, homens e mulheres, em Portugal.
As respostas foram obtidas em junho de 2023 e o ponto de comparação definido foi o ano de 2016, no qual a Seleção Nacional se sagrou campeã europeia e no qual o sindicato presidido por Joaquim Evangelista lançou o programa e o departamento de Educação e Formação.
E, desde logo, salta à vista o facto de, entre 2016 e 2023, ter havido um crescimento de 12% nos jogadores com o 12.º ano completo e uma redução de 38 para 16% nos jogadores sem a escolaridade mínima obrigatória. Mas há muitos mais dados interessantes, aos quais já iremos…
«O que encontrámos em 2016 foi uma realidade marcada pelo abandono escolar e pelas dificuldades manifestadas pelos jogadores tendo em vista um plano B, a transição de carreira», começa por explicar Joaquim Evangelista, sublinhando, depois, os três pilares nos quais o Sindicato centrou a resposta a dar e destacando, também, o papel dos clubes «na evolução positiva» a que se assistia em 2023.
«Centrámo-nos na conclusão da escolaridade obrigatória, na formação à medida de cada um e no acesso ao ensino superior. E, sete anos depois, o que encontramos é uma evolução positiva e que é fruto não só do empenho dos futebolistas, mas também de uma alteração da visão dos clubes em relação à importância da qualificação para a valorização dos seus atletas», continua o sindicalista, referindo ainda «o esforço que as instituições do futebol, em particular a FPF, têm feito para a qualificação dos agentes desportivos».
25 julho 2024, 12:30
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RESULTADOS DO ESTUDO
Passemos, então, ao mais relevante: os resultados do estudo. E o que se verifica é um aumento generalizado do nível das qualificações quando comparado com os dados de 2016.
Com 64% dos inquiridos a afirmarem terem completado o 12.º ano, atualmente a escolaridade mínima obrigatória, verifica-se um aumento de 12 pontos percentuais relativamente ao estudo anterior (fig. 1).
No caso das qualificações de nível superior, o aumento é de 8 pontos percentuais (p.p.) no número de licenciados, de 7 para 15%, e de 3 p.p. no número de inquiridos que completaram o mestrado (de 2 para 5%).
No polo oposto, verifica-se uma redução no número de jogadores ou jogadoras com qualificações abaixo do 12.º ano, baixando significativamente o número de inquiridos só com o 9.º ano (de 36 para 14%).
No entanto, juntando-se a este número outros 2% que têm somente o 1.º ou 2.º ciclos do ensino básico (4.º ou 6.º anos), conclui-se que existe ainda uma população de 16% de futebolistas que não têm a escolaridade mínima obrigatória.
MUITO MAIS LICENCIADAS
Quando a comparação é entre as principais competições masculina e feminina, as diferenças tornam-se significativas. Já antes a liga feminina apresentava atletas mais qualificadas do que a masculina, mas essa distância acentuou-se ainda agora.
Tendo apenas 4,23% das jogadoras abaixo da qualificação mínima obrigatória, quando eram cerca de 35% no estudo anterior, a Liga BPI conseguiu ainda um aumento significativo das jogadoras com licenciatura e mestrado, que passaram de 16% e 5% para 36,62% e 11,27%, respetivamente. Quando na Liga masculina, a percentagem de licenciados é de 8,33% e pouco mais de 5% com mestrado.
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MENOS ATLETAS A ESTUDAR
Há um dado menos positivo nos resultados apresentados (fig. 2): em relação a 2016, há menos 5% de jogadores e jogadoras a estudar, embora os que se encontram na escola (26%) estejam na sua maioria a frequentar licenciaturas (55%), mestrados (16%) e pós-graduações (2%). (fig. 3).
Nota ainda para a elevada percentagem (62%) dos que, não estando a estudar neste momento, pretendem voltar à escola (fig. 4).
CONCLUSÕES FINAIS
— Aumento generalizado das qualificações de 2016 para 2023, embora com margem para melhoria ainda mais significativa;
— As mulheres continuam a ter mais qualificações;
— Aumento no número de jogadores(as) com Ensino Superior;
— Mais 12% com o 12.º ano completo;
— Quanto maior o nível competitivo, menor é a percentagem de futebolistas a estudar;
— 73% dos jogadores a estudar quer completar o Ensino Superior (em 2016, a maioria procurava terminar o 12.º ano);
— As mulheres apresentam maior interesse em cursos superiores;
— Aumentou o interesse em posições de liderança como Treinador ou Dirigente Desportivo.
OBJETIVOS DO ESTUDO
Com o estudo agora publicado, o Sindicato dos Jogadores procurou um diagnóstico das necessidades atuais, tendo como principais objetivos identificar preferências ao nível dos percursos de qualificação e profissionais pós-carreira de futebolista, caracterizar o perfil atual dos jogadores e das jogadoras quanto ao nível de qualificação e interesses formativos e, por fim, ajustar prioridades de atuação do departamento de Educação e Fomação.
AMOSTRA DO ESTUDO
O estudo teve como base um extenso questionário ao qual responderam 362 futebolistas da Liga principal, da Liga 2, Liga 3, Liga feminina e antigo Campeonato de Portugal. Destes, 222 são do sexo masculino e 140 do feminino, numa amostra que o Sindicato considera ser «abrangente o suficiente para ser representativa da realidade».
De referir, também, que foram várias as nacionalidades envolvidas no estudo, destacando-se a portuguesa (82%) e a brasileira (10%), sendo que foram questionados angolanos, cabo-verdianos, eslovenos, franceses, gregos, senegaleses, polacos e uruguaios, entre outros.
Também as diferentes idades foram tidas em consideração, sendo a média geral de 26,51 anos.
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