«A vida é muito mais do que 15 anos de profissional de futebol»
Diogo Luís no Benfica, em 2000, e nos dias de hoje (fotos ASF)

FUTEBOLISTAS ESTUDANTES «A vida é muito mais do que 15 anos de profissional de futebol»

NACIONAL25.07.202413:29

Diogo Luís, antigo lateral do Benfica e licenciado em Economia, fala das dificuldades em conciliar o desporto de alto rendimento e os estudos

Formou-se como futebolista no Benfica e jogou na equipa principal entre 1999 e 2001, mas formou-se também como economista, na faculdade de Economia da Universidade Nova, com a plena «consciência de que a vida é muito mais do que 15 anos de profissional» de futebol.

«É fundamental ter um plano B e fazer com que os atletas tenham mais ferramentas úteis ao longo da vida, mas também no trajeto desportivo», disse em entrevista a A BOLA, recordando as dificuldades em conciliar alta competição e estudos: «É difícil estar presente nas aulas práticas ou teóricas. Muitas vezes, falando do meu caso já longínquo, tive de estudar sozinho, sem ter a oportunidade de poder tirar dúvidas diretamente com os professores.»

Diogo Luís (à dir.) em ação pelo Benfica, cuja equipa principal representou entre 1999 e 2001 (ASF)

E deixa um conselho aos jovens: «Ganhem competências, desenvolvam know how. O esforço que vão realizar para conciliar o sonho (futebol) com a racionalidade (plano B) vai ser compensado no futuro.»

A BOLA – Que opinião tem sobre o crescimento de futebolistas profissionais a estudar e no ensino superior?

DIOGO LUÍS – Encaro este facto com toda a naturalidade e muita satisfação. A consciência de que a vida é muito mais do que 15 anos de profissional de futebol é fundamental. Também é importante ter um plano B e, em simultâneo, fazer com que os atletas tenham mais ferramentas que são úteis ao longo da sua vida, mas também no trajeto desportivo. Para finalizar, este é um passo importante para que a sociedade tenha uma ideia diferente dos atletas e das competências que estes podem ‘oferecer’ ao mercado de trabalho.

Diogo Luís, licenciado em Economia pela Universidade Nova (ASF)

– Quais as maiores dificuldades de conciliar o futebol de alto nível e o estudo académico?

– A alta competição é muito exigente. O desgaste físico e emocional é elevado. Logo, um dos pontos mais difíceis para os atletas é poder estar presente nas aulas práticas ou teóricas. Muitas vezes, falando do meu caso já longínquo, tive de estudar sozinho as matérias, sem ter a oportunidade de poder tirar dúvidas diretamente com os professores. Acredito que hoje a dinâmica existente seja diferente, pela maior abertura por parte de instituições e de clubes.

– Que conselho daria, sobre o tema, às e aos jovens futebolistas?

O conselho que posso dar é que tenham paixão pelo que fazem, que se esforcem tanto dentro como fora do relvado. A carreira de futebol é de curta duração. Apenas 3,4 ou 5% conseguem juntar património suficiente para viver de rendimentos no final da carreira. Ganhem competências, desenvolvam know how, aproveitem o tempo. O esforço que vão realizar para conciliar o sonho ( futebol ) com a racionalidade ( plano B) vai ser compensado no futuro.