Schmidt, fazer a vontade ao filho e ansiedade: tudo o que disse Amorim
Rúben Amorim (Sporting)

Schmidt, fazer a vontade ao filho e ansiedade: tudo o que disse Amorim

NACIONAL20.04.202413:15

Treinador do Sporting continua a pôr água na fervura no entusiasmo dos adeptos, reforçando que nada ainda está ganho

- O Sporting perdeu a última vez contra o V. Guimarães. Isso tem algum simbolismo extra ou perde todo o sentido porque o Sporting quer vencer?

- O Vitória foi a última equipa que nos ganhou, não a que nos tirou pontos, empatámos com o Rio Ave. Sabemos o que representa aquela equipa, juntou-se também um excelente treinador que retira muito da equipa, têm feito excelentes resultados. Estamos preparados. Se o Vitória tem objetivos, nós também temos. Jogamos em casa, vamos ter o público do nosso lado. Temos algumas dúvidas de como o Vitória se poderá apresentar. Estamos preparados. Sabemos que a ansiedade vai estar lá, mas vamos ter o estádio cheio e os jogadores vão entrar com vontade de vencer o jogo.

- Que impacto teve o apoio dos adeptos à chegada a Lisboa depois do último jogo? 

- Ficámos muito felizes. Era difícil explicar aos adeptos que ainda não acabou e que teremos tempo de fazer a festa quando a tivermos de fazer. Mas é difícil controlar. Os adeptos estão muito confiantes e quiseram mostrar esse carinho. Da última vez estávamos com o problema da Covid. É uma sensação diferente, mas eles também sabem que há muito para fazer. Quiseram mostrar o carinho e ficámos felizes por isso.

- Sente a ansiedade a crescer entre os jogadores?

- Ansiedade? Até sinto o grupo bastante calmo, tranquilo e focado no que tem de fazer. É uma ansiedade boa porque também é importante tê-la, se não houvesse essa ansiedade era sinal que estávamos a pensar muito mais à frente. Temos sabido controlar isso e temos conseguido manter a nossa qualidade de jogo. Estaremos preparados para mais um dia de ansiedade.

- Falemos do lado direito da defesa. Não tem Esgaio, castigado, e Geny vai estar em condições? Caso não esteja, há apenas Fresneda ou há mais alguém que pode fazer a posição? 

- Geny hoje já treinou e é opção para amanhã, temos o Fresneda também que tem estado a recuperar. Teríamos outras soluções, mas essas são as mais naturais.

- O último treinador a conseguir a dobradinha no Sporting foi Boloni, o último a ser bicampeão foi há muito tempo. Sente que está a um passo de fazer história? 

- Sinto que estamos todos perto de fazer algo especial num clube que não costumava ganhar tantos campeonatos, está perto mas ainda não está feito. O grupo, o staff e a estrutura têm de saber que estamos a tentar mudar um paradigma e que é importante no futuro que queremos para o clube. Diria que temos noção daquilo que estamos perto de fazer.

- Na passada terça-feira disse-nos que era importante 'matar' a esperança do adversário. Se fosse Roger Schmidt, sentia-se neste momento sem esperança?

- Schmidt? Isso depende das pessoas. O importante é que, pela minha experiência, quanto mais as semanas passam - e não é só o resultado, é a forma como a equipa joga -, mais podemos tirar a esperança ao adversário. Acho que isso torna tudo mais difícil para eles, digo isto porque já o vivi. Nada está feito, basta um pequeno percalço que tudo muda. Queremos ganhar o nosso jogo e ficarmos descansados.

- Disse que o seu filho lhe pediu o título e para não sair. Costuma fazer todas as vontades ao seu filho?

- Em relação aos pedidos do filho, nós, como pais, sabemos que mais importante do que dizer que sim aos filhos é dizer-lhes que não [risos]. Isto não tem nada a ver, mas acho que tem de haver um equilíbrio.

- Como estão Adán e Matheus Reis

- Matheus Reis e Adán não estão aptos para este jogo, embora já façam trabalho no relvado.

- Disse recentemente que a equipa acreditava que ainda podia perder o título. Quando deixam de acreditar nisso?

- Mudei o discurso e todos os dias digo aos jogadores que ainda podemos perder este campeonato. O trabalho do treinador é perceber o contexto e tentar direcionar para onde queremos que os jogadores pensem. Sempre acreditámos que podíamos ganhar, eu sempre acreditei, mas digo aos jogadores que podemos perder, para deixar sempre aquele nervosismo e percebermos que tudo é possível no futebol. Vamos ficar convencidos disso quando estivermos no último minuto do jogo, se calhar a precisar só de um empate. Até lá tudo pode acontecer.

- Pedro Gonçalves e Edwards estão em risco de suspensão, pode haver gestão para o Dragão? 

- Não vai haver gestão nenhuma, já temos na cabeça o número de pontos que precisamos para sermos campeões. O que tiver de ser relativamente aos amarelos, pensaremos depois.

- Jogar em Alvalade tem sido a fortaleza do Sporting, não perdeu pontos. Foi algo preparado? A equipa joga de forma diferente com o apoio? 

- O que foi preparado é tentarmos atingir os nossos objetivos e ganhar os jogos todos. Em todos os campeonatos é preciso ganhar em casa e fora, ter um grande número de pontos e perder poucos pontos para ganhar títulos. Acho que o nosso público ajudou-nos muito. Em momento muitos difíceis em outros anos era difícil lidar com golo sofrido, oportunidade do adversário. Foi assim no ano passado, também pelo contexto. Este ano nos momentos certos Alvalade foi muito forte e levou-nos para a vitória. Espero mais do mesmo. Não foi nada preparado mas acho que todo o contexto ajudou e vocês veem quando há um jogo em Alvalade o ambiente, o barulho, forma como nos apoiam, quando sofremos um golo, vamos buscar a bola e está toda a gente a bater palmas. Criou-se uma dinâmica muito positiva, que diria que foi o 12.º jogador e torna a vida muito mais difícil para os adversários.

- Os adeptos estão convocados até ao final da época? 

- É obrigatório, como o Neto [risos]. Não podem faltar.

- Fazendo a comparação entre o primeiro campeonato que conquistou no Sporting e o que pode conquistar este ano, qual é mais especial? 

- Não vou responder diretamente porque não me sinto confortável em falar de algo que ainda não está garantido. O que poderei dizer no fim é que, certamente, será diferente, mas acho que aí explicarei o sentimento e o que acho de cada um dos títulos. Claramente ainda podemos perder este campeonato e, para isso, temos de vencer o V. Guimarães amanhã.