23 novembro 2024, 21:59
Alentejanos voltam a ser 'tomba-gigantes'
Lusitano eliminou o primodivisionário Aves SAD, na quarta eliminatória da Taça de Portugal, depois de na anterior ter atirado o Estoril borda fora
Pedro Russiano, treinador do Lusitano de Évora, é tomba-gigantes desta Taça de Portugal, e procura agora mais um feito histórico no Minho
Aos 40 anos, Pedro Russiano é um treinador especial num clube especial, porque não é para qualquer um ser tomba-gigantes na Taça de Portugal e logo em dose tripla. O Lusitano de Évora, da Série D do Campeonato de Portugal, está nos oitavos de final depois de já ter eliminado o Académico de Viseu, Estoril e mais recentemente o Aves SAD. Segue-se o SC Braga e Pedro Russiano quer fazer ainda mais história para deixar o pai, António Russiano, antigo futebolista, ainda mais orgulhoso.
23 novembro 2024, 21:59
Lusitano eliminou o primodivisionário Aves SAD, na quarta eliminatória da Taça de Portugal, depois de na anterior ter atirado o Estoril borda fora
As emoções ainda estão à flor da pele?
Foi um feito. Não só é um grande orgulho para a nossa equipa, mas também para os nossos adeptos. O Lusitano teve 14 anos na primeira divisão e os adeptos estão habituados a ver o clube a jogar com equipas da Liga. É um grande motivo de orgulho não só para o clube, como para toda a cidade, porque há cerca de 60 anos que não ultrapassávamos uma eliminatória destas.
Já se sente um treinador especial?
Somos todos. O nosso presidente também tem feito um grande trabalho ao dar condições para trabalharmos. O clube está em grande desenvolvimento, com uma academia, dois relvados sintéticos e um relvado natural onde vai ser o nosso estádio. Este é o último ano do Campo Estrela [Estádio do Lusitano de Évora] e tem sido uma despedida em grande.
Como é que se viveu o mais recente triunfo frente ao Aves SAD?
Eu disse aos jogadores que era muito importante sermos determinantes na união dentro de campo e a nível estratégico os jogadores entenderam muito bem as fragilidades do Aves SAD e como poderíamos ferir o adversário. A nossa massa associativa foi fantástica ao longo do jogo e dominámos grande parte do encontro. Quando o Aves SAD fez o 2-1 antes do intervalo, ainda trememos um bocadinho e depois tivemos de sofrer. Com a expulsão e o 3-1, a equipa ficou mais estável. O 3-2 já chegou tarde, felizmente.
Tive um jogador, o Miguel Lopes, que me disse: 'mister, esteja descansado que hoje é nos 90 minutos'
Trouxe motivação por ser um jogo a seguir à primeira derrota da temporada, frente ao Moncarapachense?
Não temi que pudesse ter algum impacto. A Taça de Portugal é uma prova a eliminar e o campeonato é uma prova de resistência. Eu já previa que a motivação estivesse alta e até tem sido um dos grandes problemas, desligar o modo de Taça quando passamos para o campeonato. Tive um jogador, o Miguel Lopes, que me disse: 'mister, esteja descansado que hoje é nos 90 minutos'.
Dida, que é o melhor marcador da equipa, com cinco golos, bisou nesse jogo. Que palavras tem para ele?
O Dida é mais um daqueles jogadores que passaram um bocadinho ao lado de uma carreira de Primeira e Segunda Liga, mas acho que ainda poderá lá chegar. Tem uma boa capacidade técnica, é muito inteligente e define a pressão. Já lhe disse que para chegarmos ao topo temos de ter números e a resposta que tem dado é com golos. Ele não se esquece de me apontar os dedos quando marca.
23 novembro 2024, 22:19
Alentejanos bateram o Aves SAD e seguem para a próxima fase da Taça
Estoril ou Aves SAD? Quem me trouxe mais dificuldades foi o Académico de Viseu
Qual é foi a equipa que lhe trouxe mais dificuldades, Estoril ou Aves SAD?
Académico de Viseu. É curioso dizer isto, porque nessa fase o Académico vinha num momento fantástico e nestes jogos é preciso ter uma pontinha de sorte. O Académico de Viseu entrou logo com duas bolas nos ferros e eu, em tom de brincadeira, disse ao meu diretor desportivo: 'Pessoal, já ganhámos, está aqui a sorte'.
E agora segue-se o SC Braga, a 15 de janeiro, está pronto para dar uma lição ao seu professor, Carlos Carvalhal, que o chegou a treinar em 2007/08 no V. Setúbal?
É tentar imitar o mister Carvalhal quando foi à final com o Leixões e ganhou em Braga. Vamos tentar surpreender e sabemos que as condições são diferentes. Quase todos os nossos jogadores são amadores, mas vamos agarrar-nos à pequena percentagem de hipótese que temos.
E será um jogo fora, quando o mister já disse no passado que a grande força do Lusitano de Évora era jogar em casa. Obriga a equipa a transcender-se ainda mais?
Um jogo numa quarta-feira não irá levar tantos adeptos nossos a Braga. É um problema porque temos jogadores que também trabalham e temos de resolver essa situação. Ainda assim, o foco e a motivação estão lá.
Há muitos sócios que acreditam e dizem que temos de fazer os mínimos que é ganhar em Braga
O sonho do Jamor está bem presente?
Temos pensado eliminatória a eliminatória. Curiosamente, a primeira vez que o SC Braga nos abordou para alterarmos a data foi há duas semanas, ainda antes do jogo frente ao Aves SAD, e acho que as pessoas nem acreditavam muito nessa possibilidade. Eu na altura até disse, em tom de brincadeira: 'pessoal, só podemos decidir onde iremos jogar depois do jogo'. Há muitos sócios que acreditam e dizem que temos de fazer os mínimos que é ganhar em Braga.
E o sonho de ainda apanhar um grande, neste caso Benfica ou Sporting?
Acho que o SC Braga já é um grande do futebol português. O SC Braga dá tudo nestas competições e nós estamos felizes com este jogo.
Peço que venham em força ajudar-nos até à Pedreira
Quais são os objetivos gerais para o que resta da temporada?
O clube quer crescer e o nosso presidente Pedro Caldeira tem feito um trabalho fantástico, porque não é fácil para um clube do Alentejo. O grande passo este ano é subirmos à Liga 3. Temos uma equipa forte e jogadores motivados para dar essa alegria aos nossos adeptos.
Tem alguma mensagem para os adeptos do Lusitano de Évora?
Que sejam a grande força para a subida de divisão. Na Taça de Portugal, peço que venham em força ajudar-nos até à Pedreira. Os clubes só são grandes quando têm adeptos grandes e o nosso clube tem adeptos grandíssimos. São exigentes e muitas vezes ganhar 1-0 não chega.
Olhando apenas para si, começou como preparador físico e só se estreou como treinador no Amora em 2018/19. Como se deu esse processo?
Quando acabei a minha carreira como futebolista, queria continuar no futebol. Estudei, tirei o meu curso na Faculdade de Motricidade Humana. Depois, fui adjunto do mister Álvaro Magalhães, Silas e passei a treinador principal, onde comecei no Amora, passando para o Juventude de Évora e agora o Lusitano de Évora. Tem sido uma carreira sempre com os pés bem assentes na terra e com vontade de evoluir.
Foi difícil mudar do Juventude de Évora para o rival, Lusitano de Évora?
É uma mudança normal. São dois clubes muito competitivos dentro da cidade. O mais importante é que seja uma rivalidade saudável. Há sempre uma boca ou outra de adeptos, mas isso faz parte da nossa vida.
Primeira Liga? Se puder chegar lá com o Lusitano de Évora melhor ainda
A nível pessoal, já pensa em chegar à Primeira Liga?
O nosso objetivo é sempre chegar o mais acima possível. Não quero sempre passar por cima de ninguém e quando sentir que houver essa possibilidade irei agarrar com tudo. Estou feliz é no Lusitano de Évora e se puder lá chegar com o clube, melhor.