Rui Costa venceu eleições do Benfica há três anos: e como mudou

NACIONAL19:30

A 9 de outubro de 2021, presidente do Benfica derrotou Francisco Benitez nas urnas; de lá para cá, transformações profundas na SAD, no plantel, contratações e vendas milionárias e três novos treinadores

Dia 9 de outubro de 2021, primeiras eleições de Rui Costa no Benfica. O antigo jogador, antigo diretor desportivo, antigo vice-presidente e antigo administrador da SAD era já o presidente do clube, dado que em julho assumira as funções de Luís Filipe Vieira, após a detenção e demissão deste.

Rui Costa não era, no entanto, o presidente eleito e tinha pela frente o desafio de vencer a primeira eleição. Era o favorito, perante Francisco Benitez, um benfiquista que encabeçava o Movimento Servir o Benfica e que representava oposição.

Nas contas finais das eleições, Rui Costa saiu vencedor, com 84,48 por cento dos votos, contra os 12,24 por cento de Francisco Benitez. Mais do que a percentagem atribuída a cada candidato, as eleições significaram adesão: nunca um ato eleitoral do clube havia tido tantos votantes. Novo recorde registado, mais de 40 mil pessoas foram às urnas (40.085), contra as 38.102 de 2020. Este terá sido o último sufrágio com recurso a voto eletrónico, dado que essa questão está entre as alterações em curso nos estatutos do Benfica.

SAD muda de face(s)

Rui Costa tinha 49 anos quando foi eleito. Na Direção, a seu lado, tinha Luís Mendes — demitiu-se em junho —, Jaime Antunes, recentemente anunciado como administrador-executivo da SAD, Domingos Almeida Lima, Fernando Tavares, Sílvio Cervan e Manuel de Brito, também atualmente em funções como administrador-executivo da SAD. José Francisco Gandarez passou igualmente para a Comissão Executiva da SAD,  Rui do Passo continua a ser vice-presidente suplente.

Na Mesa da Assembleia Geral, Fernando Seara deixou a presidência, demitindo-se em plena reunião magna, em setembro, ocupando agora o cargo aquele que era o vice-presidente, José Pereira da Costa. No Conselho Fiscal, o presidente eleito, Fernando Fonseca Santos.

Oficial: a nova SAD do Benfica

5 setembro 2024, 15:37

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Comissão Executiva foi alargada a cinco elementos. Entram os administradores Eduardo Stock da Cunha, Nuno Catarino e Manuel Lopes da Costa e passa a haver só uma mulher

Na SAD, as mudanças são ainda mais profundas. Algumas já foram referidas, mas há mais: saíram Domingos Soares de Oliveira, Luís Mendes, Lourenço Pereira Coelho, que desempenha funções de diretor geral do futebol profissional, Gabriela Rodrigues Martins e Maria Rita Santos de Sampaio Nunes. Gustavo Silva, diretor jurídico, também se demitiu em 2024.

Para fazer frente à vaga de demissões, Rui Costa reforçou a SAD encarnada: Nuno Catarino assumiu a pasta financeira e acompanha o presidente e ainda Jaime Antunes, José Gandarez e Manuel de Brito na Comissão Executiva. Para a administração entraram ainda Eduardo Stock da Cunha e Manuel Lopes da Costa.

Quatro treinadores

Jorge Jesus era o treinador do Benfica quando Rui Costa venceu as eleições há precisamente 3 anos. A 28 de dezembro de 2021, o treinador português deixava o comando técnico, quando era novamente desejado pelo Flamengo e quando os resultados da equipa de futebol não correspondiam às expectativas. JJ havia sido escolhido por Luís Filipe Vieira, com quem mantinha relação pessoal próxima, e também sofreu o impacto da ausência do antigo presidente dos encarnados.

Para o lugar de Jesus entrou Nélson Veríssimo, que também tinha assumido a equipa em 2020, após a saída de Bruno Lage. O treinador português, atualmente na equipa B dos encarnados, faz 25 jogos à frente do Benfica, vence 12 partidas, chega a lançar a dúvida sobre o futuro treinador dos encarnados, mas sai mesmo no final da temporada, para dar lugar ao primeiro técnico escolhido e contratado na era Rui Costa.

Chega então Roger Schmidt, alemão, ex-PSV, em 2022/23, e com ele um novo futebol e um título de campeão nacional. O Benfica faz uma fase de grupos da Liga dos Campeões brilhante, mas cai com alguma frustração nos quartos de final, perante o Inter, quando muitos benfiquistas já acreditavam na final. Schmidt ganharia a Supertaça no arranque da temporada 2023/24, mas o futebol já não foi o mesmo e a classificação também não, mas os encarnados têm a sorte de uma conjugação de fatores permitir entrada direta na nova Liga dos Campeões.

Que Roger Schmidt já não tem a possibilidade de conhecer. Ao quarto jogo de 2024/25 e após uma derrota, um empate e dois triunfos na Liga, é despedido, deixando ao Benfica a obrigação de pagar uma indemnização milionária, superior a €10 milhões, depois de ter renovado o contrato em 2023, subindo o valor do salário para €4 milhões líquidos/ano, o que representava €8 milhões/época para o Benfica.

Depois de Schmidt, Bruno Lage, que regressa ao clube no início de setembro. Estava desempregado, não reunia o consenso dos adeptos, muito divididos em relação a escolhas para treinador (de Leonardo Jardim e Marco Silva, ao aparentemente favorito Sérgio Conceição), mas acabaria por ser uma escolha em cheio. Imediatamente regressaram os triunfos, imediatamente voltou o bom futebol, entrada em grande na Liga dos Campeões com dois triunfos, Estrela Vermelha, em Belgrado (2-1), e Atlético de Madrid, na Luz (4-0). Lage devolveu a tranquilidade ao Benfica quando Rui Costa mais precisava, entre assembleias gerais quentes e de muita contestação.

De Enzo Fernández a Kokçu  

Rui Costa fez a compra mais cara de sempre do Benfica, e do futebol português, com a contratação de Orkun Kokçu ao Feyenoord, por €25 milhões. O médio turco chegou no verão de 2023, não confirmou em toda a linha a sua qualidade na primeira temporada, enfrentou a ira de Roger Schmidt e do clube após entrevista crítica ao futebol do Benfica, mas está atualmente a justificar o investimento.

Outras contratações, menos dispendiosas, terão sido tão ou mais importantes, como as de Fredrik Aursnes ou Di María, regressado em glória ao clube, mas também em termos de saídas há muito para contar: Darwin Núñez, Gonçalo Ramos, João Neves. E Enzo Fernández. Rui Costa fez de tudo para mantê-lo uma temporada inteira na Luz, mas o argentino sairia a meio, em janeiro de 2023, depois de ser campeão do Mundo, para o Chelsea, em negócio de €121 milhões.

Outros negócios chorudos aconteceram, como de Marcos Leonardo, que se transferiu para a Arábia Saudita por €40 milhões, mas nem por isso as contas do Benfica têm andado no verde. Críticas têm caído nas costas de Rui Costa por causa dos resultados financeiros e o passivo anunciado pelo Benfica, €483,4 M, é o mais elevado de sempre.

Plantel irreconhecível

Nomes como Pizzi, André Almeida e Rafa deixaram de fazer parte do quotidiano do Benfica e do plantel de 2021/22 para cá apenas restam quatro jogadores: Samuel Soares, Otamendi, Tomás Araújo e Tiago Gouveia. Grimaldo deixou a Luz a custo zero e foi um dos processos mais delicados da era Rui Costa e praticamente tudo foi renovado na era Roger Schmidt, deixando o grupo de trabalho irreconhecível em relação a outubro de 2021.

Todas as explicações de Rui Costa sobre o mercado

5 setembro 2023, 20:19

Todas as explicações de Rui Costa sobre o mercado

O presidente do Benfica esclareceu, em entrevista à BTV, os adeptos sobre todas as movimentações do Benfica no defeso. O empréstimo (com clásula de compra obrigatória) de Gonçalo Ramos para o PSG, a saída de Vlachodimos para o Nottingham Forest ou as contratações de Di María e Orkan Kokçu foram alguns dos 'temas quentes', mas também a arbitragem no arranque do campeonato foi analisada por Rui Costa. Confira tudo o que foi dito.

Houve claramente uma intenção de rotura com o passado, tendo o Benfica virado atenções para o mercado argentino como há muito não acontecia na Luz, tendo neste momento Di María, Otamendi, Prestianni e Rollheiser em ação de águia ao peito. Rui Costa prometeu durante a campanha eleitoral explicar o mercado encarnado a cada janela e tem cumprido, com argumentos em relação a cada decisão e revelação de números envolvidos.