ENTREVISTA EXCLUSIVA - Bernardo não poupa nos elogios a Rúben Dias, a quem perspetiva um futuro brilhante. Fala ainda de Matheus Nunes e de uns primeiros meses de adaptação e da relação em campo com Erling Haaland, que a equipa pretende ver mais envolvido no jogo.
- Rúben Dias diz que é o seu segurança. É mais dedicado do que De Paul com o Messi? - O Rúben Dias é o meu segurança, é. É um grande amigo que ganhei no futebol, que também é uma pessoa com quem gosto muito de partilhar balneário, porque além de ser um guerreiro, daqueles que é bom ter ao nosso lado nos momentos difíceis, também é muito bom falar com ele de futebol, porque é muito interessado e percebe muito, na minha opinião, do jogo. É muito inteligente na forma como aborda o jogo e sem dúvida que…
- Acha que ele vai ser treinador também?
- Eu espero que sim. Nós às vezes brincamos e dizemos que vamos ser o adjunto um do outro. Num ano é ele o principal e eu o adjunto, no outro seria eu o principal, mas acho que não. Acho que ele vai ser um grande treinador principal um dia. E espero que sim porque ele tem um entendimento do jogo muito bom.
ENTREVISTA EXCLUSIVA - O romance entre Bernardo Silva e Pep Guardiola está longe de chegar ao fim. O português reconhece a importância que o técnico espanhol tem na sua carreira e acredita que ainda não aprendeu tudo o que pode aprender.
- Matheus Nunes, que Guardiola chegou a considerar um dos melhores médios do mundo, parece estar numa fase de adaptação sobretudo. Como é que o vê agora e o que é que ele ainda pode trazer à equipa?
- É como disse, está numa fase de adaptação. Quando cheguei ao Manchester City, foram seis a oito meses em que quase não joguei. Adaptarmo-nos a este clube não é fácil, porque a forma de jogar é muito diferente, mas o Matheus tem todo o potencial e todas as qualidades para ter um futuro brilhante neste clube e na nossa equipa, pela forma de jogar, pela capacidade dele em manter a bola, a capacidade de tirar um, dois adversários da frente e arrancar, atacar o defesa central e tomar a última decisão. Tem tudo. Olho para o Matheus e, falando apenas de talento puro, tem tudo a nível físico e a nível técnico. Espero que melhore o seu entendimento do jogo para conseguir chegar ao nível que é esperado, porque ele tem capacidades incríveis.
ENTREVISTA EXCLUSIVA - Bernardo Silva não esconde a felicidade que o ano que agora acaba teve na sua vida; assume desejo e responsabilidade para os próximos meses com a camisola das quinas; e projeta o que serão os próximos tempos da carreira
- Tem-se notado uma química especial nos últimos jogos entre si e Haaland. Sente-se responsável por encurtar aqui a distância para ele, que é mais um finalizador enquanto o resto da equipa é mais de posse e de maior envolvência. Sente-se o responsável por ter de tornar esse caminho até ele mais curto?
- É tentar envolvê-lo o máximo que podemos no jogo, porque sei que ele é um jogador que não precisa de tocar muitas vezes na bola. Ele próprio o diz, que se tocar uma ou duas vezes e marcar um ou dois golos fica feliz. Mas, na realidade, quanto mais envolvido estiver maior a confiança para depois, nos momentos certos, meter a bola dentro da baliza. Portanto, fazer esta ligação, para lhe dar o maior número de bolas possível, é muito importante. Sem o De Bruyne para fazer o trabalho de último passe, às vezes ele toca menos vezes na bola e é mais difícil. Ele e o Álvarez agora, juntos, também combinam muito bem, mas tentar dar-lhe essa participação no jogo sem dúvida que é uma missão. Minha, cada vez mais, principalmente não estando o Kevin, para o ter envolvido no jogo e poder marcar o maior número de golos possível.
ENTREVISTA EXCLUSIVA - Compararam-no a James Milner por ser cada vez mais um jogador multifunções, ao mesmo que garantem que essa versatilidade e a capacidade de superação nos grandes jogos o transformaram num dos melhores, se não mesmo o melhor, da liga inglesa. Bernardo Silva rejeita a ideia, reforça que não há sequer um melhor jogador no City, porém olha para si mesmo com felicidade pelo caminho percorrido. Lamenta o peso que as estatísticas têm na conquista de galardões como a Bola de Ouro.
ENTREVISTA EXCLUSIVA - Os adeptos do Benfica podem estar a contar os dias para o regresso do filho pródigo, porém Bernardo Silva aponta para um final de um contrato, com o atual a expirar apenas em 2026, quando o internacional português tiver 32 anos. No entanto, o futuro vai para lá da Luz e o médio não esconde o mais provável é que acabe por ser treinador, embora de um perfil diferente dos compatriotas.
- Um homem humilde, como Guardiola o qualifica, num clube rico como o City. Nunca teve a tentação de fazer uma excentricidade?
ENTREVISTA EXCLUSIVA - Não é uma certeza absoluta, todavia Bernardo Silva parece ter hoje, ainda longe do final da carreira, uma ideia bastante marcada do que fará quando a data surgir.
- Alguma coisa de que não faça parte da sua natureza só porque está num clube como o Manchester City…
- Se falarmos a nível financeiro, o dinheiro que eu ganho, que é muito, o maior prazer que me dá é poder dar a segurança e a tranquilidade de uma boa vida às pessoas próximas de mim. Isso é a maior alegria. E depois o resto… Gosto de ter as minhas coisas, gosto de ir de férias, gosto de ir para bons hotéis, gosto de comer bem, gosto de fazer coisas boas com a minha mulher e com a minha família. A nível de extravagâncias, gosto de algumas coisas como toda a gente, gosto de coisas boas, mas acho que não tenha em excesso, não. Não sinto essa necessidade, sinceramente.