«Reviravolta, em memória de Eusébio», apela a filha Carla

Benfica «Reviravolta, em memória de Eusébio», apela a filha Carla

NACIONAL19.04.202318:59

Carla Ferreira, uma das filhas de Eusébio, deixou esta quarta-feira, em que o Benfica joga no Estádio Giuseppe Meazza, em Milão, diante do Inter de Milão, a segunda mão dos quartos de final da Champions (após 0-2 na Luz, no primeiro jogo) a certeza de que só o fecho das fronteiras de Itália impediu nos anos 60 do século XX o saudoso Pantera Negra de se transferir do Benfica para os ‘nerazzurri’, enquanto lançou um lancinante apelo aos jogadores do Benfica para darem a volta à eliminatória em nome do saudoso seu progenitor, Eusébio da Silva Ferreira.

«O meu pai chegou a vir a Milão, acertou tudo com [Angelo, pai de Massimo] Moratti [então dono e presidente do Inter de Milão, nos anos 60 do século XX]. Mas acabou por voltar atrás e deixar tudo porque as fronteiras fecharam», afirma Carla Ferreira, em entrevista publicada neste dia no diário desportivo italiano La Gazzetta dello Sport.

«Ele próprio [Eusébio] me confessou que chegou a vir a Milão ver de uma casa, pois o acordo com o [então] presidente [Angelo] Moratti [Inter de Milão] era total. Mas o encerramento das fronteiras de Itália fez gorar-se a transferência [do Benfica]», revelou Carla Ferreira, uma das duas filhas de Eusébio, ao diário desportivo da cidade de Milão.

«Durante a sua carreira, o meu pai esteve, também, muito próximo da Juventus. Teria adorado ter crescido num país lindo como é a Itália, mas tenho de admitir que sou muito feliz em Portugal. Agora, seria mais fácil se este Inter-Benfica terminasse de forma diferente do que sucedeu no passado. Ficaria feliz se conseguissem a reviravolta, em nome de Eusébio», foi o apelo de Carla a Roger Schmidt e aos jogadores encarnados nas horas que antecedem o encontro no Estádio Giuseppe Meazza, neste dia.

«É um jogo especial, um Benfica-Inter ou, neste caso, um Inter-Benfica: entra na história do futebol e da nossa família. Infelizmente, a minha equipa [Benfica] está em dificuldades [0-2, primeira mão, na Luz], mas sei que vão dar tudo para tentar eliminar o Inter. Claro que não considero o Benfica já afastado das meias-finais da Champions de antemão», acrescentou uma das herdeiras do Pantera Negra.

Carla aproveitou, também, para esclarecer quaisquer mal-entendidos ou equívocos sobre a propalada ‘maldição de Bela Guttmán’, que teria rogado uma ‘praga’ ao clube encarnado não mais ganharem na Europa após sair do comando técnico do Benfica.

«Isso não existe. É só uma lenda, um rumor. O Benfica não mais ganhou uma prova europeia desde 1962 porque os seus rivais, por uma ou outra razão, foram superiores a nós. Ou talvez, também, um pouco de azar. Já agora: o meu pai tinha uma admiração profunda por Guttmán: Foi o seu primeiro treinador no Benfica. E a primeira vez que viu o meu pai a treinar-se, mal chegou de Moçambique [a Lisboa], exclamou imediamente ‘isto é ouro!’», revelou Carla aos jornalistas italianos.

Da final da então assim denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1965, perdida (0-1) pelo Benfica diante do Inter de Milão no mesmo Estádio Giuseppe Meazza onde esta quarta-feira os encarnados tentam a reviravolta nos ‘quartos’ da (agora assim rebatizada, desde 1992) Champions e chegar às meias-finais da prova, Carla partilhou histórias do baú familiar que lhe foram passadas pelo próprio Eusébio, e que importava recordar.

«Essa derrota foi uma deceção imensa. Muitas vezes meu pai me confessou do seu desgosto e da tristeza do então guarda-redes do Benfica, Costa Pereira, que teve de sair devido a lesão [apresentou-se no aeroporto de Lisboa de cadeira de rodas, depois de todos lhe apontarem lapso no golo, um ‘frango’]! E lembrava, sempre, que o Germano teve de o ir substituir à baliza, pois não eram, à altura, permitidas substituições. [Eusébio] Reconheceu o mérito do rival, mas sempre me disse que se tivessem jogado sempre 11 para 11, o Benfica teria ganho», confessou Carla Ferreira.