Renovação de Roger Schmidt fez mal ao Benfica
Roger Schmidt, Miguel Nunes/ASF

Renovação de Roger Schmidt fez mal ao Benfica

NACIONAL10.11.202308:00

Há uma equipa até final de março e outra de março para cá: exibições servem de barómetro, mas os números servem de prova, conheça-os

Não somos nós que o dizemos, são os números: o Benfica de Roger Schmidt mudou, e muito, após a renovação do treinador, oficializada a 31 de março de 2023.

PSG, então de Neymar e Messi, sofreu para sair da Luz com empate, Foto IMAGO/Maciej Rogowski

O clube da Luz reagia naquele momento ao futebol espetacular que praticava, à liderança isolada da Liga e à presença nos quartos de final da Liga dos Campeões.

Reagia também Rui Costa, presidente das águias, às constantes notícias que davam conta de interesse de equipas inglesas e alemãs, incluindo seleção, no treinador. Renovou, pois, até 2026. Três anos de contrato custam sensivelmente €24 M ao Benfica.

Roger Schmidt e Rui Costa, Foto SL BENFICA

A equipa de Schmidt entrou para a paragem da segunda quinzena de março com vitória saborosa sobre o V. Guimarães (5-1), na 25.ª jornada da Liga. Tinha 10 pontos (!) de avanço sobre o FC Porto, chegaria ao final da Liga com apenas 2.

O golo de Chiquinho em Barcelos, ao Gil Vicente, uma cabeçada bonita e difícil, já com a segunda parte bem adiantada, revelar-se-ia determinante para a conquista do título. Desbloqueou, Grimaldo fez o 2-0.

O Benfica de Schmidt, até à renovação, fez 44 partidas, 36 vitórias, 7 empates e uma derrota (0-3), em Braga, para a Liga, no final de 2022. Percentagem impressionante de vitórias (81,8 por cento) e derrotas (2,3 por cento). Empates valiam 15,9 por cento.

Embora ganhasse o primeiro jogo pós-renovação em Vila do Conde, ao Rio Ave, para a Liga (1-0), o treinador alemão lidou a seguir com 3 derrotas seguidas e os números começaram a ceder: quase permitia a recuperação total do FC Porto na Liga. 

FC Porto venceu na Luz (2-1) logo no início de Abril, Foto IMAGO / ZUMA Wire

Os 11 jogos pós-renovação da época passada e os 17 desta temporada, 28 no total, confirmam como o Benfica caiu: 17 triunfos, 3 empates, 8 derrotas.

Traduz-se, pois, em percentagem francamente penalizadora: apenas 60,7 por cento de vitórias, 10,7 por cento de empates e, aqui sim, um estrondo: 28,6 por cento de derrotas. Contraste absoluto. Após a renovação, Benfica passou a perder 1 jogo a 4 quatro disputados. Antes da renovação, perdeu um jogo (!) em 44.

Di María, extremo do Benfica, após a derrota (1-3) com a Real Sociedad. Foto: IMAGO/ZUMA Wire

As exibições são mais difíceis de contabilizar, de precisar, mas é praticamente unânime que o Benfica joga menos, segue também em segundo lugar na Liga e está afastado da próxima fase da Liga dos Campeões. Derrota com a Real Sociedad é o último (lamentável) episódio.

A saída de Enzo Fernández ajuda a explicar algumas coisas, a má abordagem ao mercado do último verão também, mas o efeito da renovação de Roger Schmidt ao fim de 9 meses na Luz parece evidente e também justificaria uma explicação, que só o Benfica poderá dar.

Este domingo joga-se na Luz o dérbi Benfica-Sporting, com as equipas separadas por 3 pontos, e só duas coisas poderão acontecer: desagravamento da crise e da posição do treinador do Benfica em caso de vitória das águias, ou agravamento da situação se o jogo terminar com empate ou derrota.