Real Madrid Racismo: vale a pena ler estas palavras do SENHOR Ancelotti
Em conferência de Imprensa de antevisão ao próximo jogo do Real Madrid, diante do vizinho Rayo Vallecano, Carlo Ancelotti, técnico dos merengues abordou a questão do momento, ou seja, o abusivo ataque racista sofrido por Vinicius Junior em Valência, na jornada anterior. Aliás, este foi o tema de todo o evento.
«Por que normalizamos insultos no futebol? Disseram que gritavam 'tonto' e não 'macaco'. Mas isso já pode ser dito?», começou por declarar o conceituado técnico italiano, numa troca de nomes e interpretações a fazer recordar o recente caso protagonziado entre o internacional português Pepe, do FC Porto, e o médio argentino do Famalicão, Colombatto.
«É intolerável de qualquer maneira, tem de parar. Chamam-te filho da p***, 'bicha', dizem 'a tua mãe vai morrer'. Porquê? Temos aqui uma grande oportunidade para parar com tudo isto. E quero também dizer que Espanha não é racista, mas há racismo em Espanha, como em outros lugares. E isso tem de mudar», prosseguiu Carlo Ancelotti, acrescentando: «Estamos todos muito preocupados com o que aconteceu. Parece-me justo que se fale tanto sobre este tema. É uma grande oportunidade para melhorar as coisas.»
Segundo Carlo Ancelotti, «Vinicius está triste» e declarou: «Hoje, ele não treinou porque tem um pequeno incómodo no joelho e está suspenso para amanhã, o que abriria outro debate», lançou o italiano, recordando a expulsão no final do jogo com o Valência depois de ter sido afastado por Hugo Duro, jogador da equipa da casa, com recurso a uma gravata, reagindo com um golpe com a mão na garganta do espanhol.
Quanto ao futuro de Vinicius Junior e a possível saída do Real Madrid, notícia lançada ontem pela ESPN Brasil, o treinador afirmou: «Não, acho que não. Vinicius ama o futebol e o Real Madrid. O seu amor pelo Real Madrid é grande e ele quer fazer carreira neste clube.»
Para Carlo Ancelotti, o protocolo previsto para casos de racismo no futebol espanhol, em que o árbitro paralisa o jogo enquanto há insultos, tem de mudar: «Acho que está obsoleto [o protocolo]. Tinha que ser aplicado na hora em que se chega de autocarro. É ali que começam os insultos e caem os argumentos de que Vinicius é provocador. Não são casos isolados, como já dissemos há muito tempo. Não são 46 mil, mas também não são um ou dois. Duas horas antes já estavam a insultar.»
O italiano assinalou que ainda nada aconteceu: «Estou à espera para ver o que se sucede e estou atento à Federação e Liga. É bom condenar [verbalmente], mas não é suficiente. Quero que seja tomada uma ação. E isso ainda não foi feito.» O que, por si, não muda a fé do craque brasileiro, explicou: «Não perdeu a esperança. Vamos ver o castigo que ele terá [pela expulsão] e vamos avaliar, dando-lhe mais ou menos dias de descanso. Se perder [por castigo] os dois jogos, vou dar-lhe uma semana de férias, para estar pronto contra o Athletic de Bilbao. Se perder um jogo, jogará em Sevilla.»
Carlo Ancelotti rematou com mais uma consideração e pronunciou-se sobre um possível arrependimento de não ter mandado os seus jogadores recolher ao balneário: «[Divulgar os nomes dos culpados] é uma das medidas que podem ser tomadas. Em Valência, acho que não vão fazer isso. E se seguirmos essa linha, haverá muitos nomes e sobrenomes. Mas não pode ser a única medida. [Mandar os jogadores para o balneário] foi algo em que pensei, sim. Perguntei a Vinicius se queria continuar e o árbitro pediu-lhe para ele ficar em campo. A partir daí, acabou essa possibilidade [abandonar a partida], mas é claro que é uma hipótese. Espero nunca ter que fazer isso, porque não quero. Existe um juiz responsável por tomar essa decisão. Mas é uma possibilidade.»